21/05/2010 - 12h54min
Jairo Bouer fala sobre sexualidade do jovem brasileiro
Precocidade, gravidez na adolescência, prevenção e uso de drogas foram alguns dos temas abordados pelo médico especialista em comportamento, Jairo Bouer, na segunda palestra do programa Brasil em Debate 2010, realizada quinta-feira (20), no auditório da Associação Comercial e Industrial de Joinville (ACIJ). Na platéia atenta, pais, filhos e um número significativo de professores acompanharam a apresentação descontraída de Bouer que já conquistou o público em mais de 20 anos de atuação na mídia nacional, sempre falando sobre a sexualidade dos jovens.
Bouer é formado em Medicina pela Universidade de São Paulo. Mas, foi depois de participar do Projeto Sexualidade do Hospital das Clínicas da USP (Prosex) que focou a sua atuação na juventude. Em um clima informal e com muito embasamento científico, o especialista despontou em programas veiculados na televisão em rede nacional. Passou pela TV Cultura e MTV Brasil, faz quadros para o “Fantástico”, da Rede Globo, e para o Canal Futura, da Fundação Roberto Marinho. Está na programação da Rádio Atlântida, onde garante a interatividade com o público, atendendo a dúvidas também pela internet, por intermédio de blogs. Com toda essa popularidade, é considerado referência absoluta no Brasil quando o assunto é saúde e comportamento jovem.
Com base nessa experiência, ele conduziu, em Joinville, a palestra cujo título é uma indagação: “Como anda a vida sexual do jovem brasileiro?”. Segundo Bouer, “muito bem obrigado”. Pesquisas do Ministério da Saúde mostram que garotos e garotas começam a praticar sexo por volta dos 15 anos de idade. E que, depois da iniciação, tendem a manter a frequência. O único problema é a falta de prevenção.
Embora as estatísticas sejam similares entre os sexos quando se trata de quantidade, as diferenças se manifestam em relação às expectativas. “Quando se pergunta a uma menina por que ainda não fez sexo, ela em geral responde que está esperando o parceiro ideal. Já os meninos não praticaram por falta de oportunidade”, explicou o médico.
O mesmo acontece quando se trata de interpretar as relações amorosas. “As moças acreditam mais cedo na estabilidade da relação, e acabam deixando os preservativos de lado. Os homens demoram mais a encarar o relacionamento como duradouro e se protegem para evitar laços mais fortes, como uma gravidez”.
Apesar de muitos não se protegerem como os médicos gostariam, Bouer lembrou que em 1986, apenas 9% dos jovens usavam camisinha na primeira experiência sexual. Em 2005, esse número subiu para 65% na faixa dos 16 aos 19 anos e 32,7% dos 20 aos 24 anos. Em compensação, as doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) que eram mais comuns no gênero masculino há 20 anos, agora se apresentam da mesma forma entre os sexos. Nos anos 80, a AIDS aparecia na proporção de 20 a 30 homens infectados para uma mulher. Atualmente a proporção é de 1,5 homem soropositivo para 1 mulher.
A gravidez precoce, de acordo com Bouer, é outro ponto fraco. Apesar de ter diminuído na última década, o Brasil sustenta o índice de 10% de adolescentes grávidas enquanto este número cai para cerca de 1% na Holanda e na França. A solução para melhorar todos esses índices vem do mesmo lugar: a escola. Meninas com segundo grau completo tendem a iniciar sua vida sexual um ano e meio depois daquelas afastadas dos estudos, as chamadas “analfabetas funcionais”, relatou o especialista.
“São justamente aquelas garotas com menos perspectivas, sem estudo, sem chance de conseguir um bom emprego, e provenientes de lares desestruturados, que engravidam antes. Elas querem formar uma família e de certo modo conquistar um status social”, explicou o pesquisador. A desagregação do núcleo familiar é o pior fator no histórico de baixa prevenção, superando inclusive a timidez exagerada, a ansiedade excessiva e o uso de bebidas e drogas.
Principais cidades recebem o programa
O deputado Darci de Matos (DEM) se pronunciou na abertura do evento no auditório da ACIJ, lembrando também os demais deputados da região Nordeste de Santa Catarina, Kennedy Nunes (PP) e Nilson Gonçalves (PSDB). Na ocasião, Matos exaltou a iniciativa do presidente da Assembleia Legislativa, deputado Gelson Merisio (DEM), de levar as palestras para as principais cidades do Estado. O programa Brasil em Debate foi realizado nos anos de 2007 e 2008, no Palácio Barriga Verde, em Florianópolis. Nesse período, o Legislativo recebeu 15 palestrantes de renome, entre os quais a atriz Fernanda Montenegro, o treinador Bernardinho, o médico Malcom Montgomery e o jornalista Caco Barcellos.
Em 2009, o programa foi interrompido e retomado em 2010, com uma novidade, a interiorização das palestras. O técnico de vôlei, José Roberto Guimarães foi o primeiro convidado do ano. A cidade escolhida foi Tubarão, no Sul do estado. Devido ao calendário eleitoral, depois de Joinville, apenas mais dois encontros poderão ser realizados: em Chapecó, região Oeste, e em Florianópolis.
O presidente da Associação Catarinense de Imprensa (ACI), jornalista Ademir Arnon, representou a instituição, parceira da Assembleia Legislativa na realização do programa Brasil em Debate. A iniciativa, realizada por intermédio da Escola do Legislativo, conta ainda com apoio institucional do Sindicato dos Jornalistas de Santa Catarina. (Rossana Espezin/Divulgação Alesc)