Informação como prevenção de deficiências encerra seminário da Feapaes
Encerrou na tarde desta terça-feira (24) o 5º Seminário Saúde e Prevenção de Deficiências, promovido pela Federação Catarinense das Associações de Pais e Amigos dos Excepcionais (Feapaes) em parceria com a Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência da Assembleia Legislativa. O evento reuniu profissionais da área da saúde e das Apaes de todo o estado para debater a importância da prevenção contra qualquer tipo de deficiência.
De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 70% das deficiências poderiam ser evitadas antes da gestação. “A prevenção começa quando a gente nasce e vai até o final da nossa vida”, afirma a coordenadora estadual de Prevenção da Feapaes, Maria Goreti Ehlke.
Segundo a professora, que também é presidente da Apae de São Bento do Sul, desde 2011 as Apaes vêm trabalhando não somente com pessoas que têm deficiência, mas também levando informações de prevenção a toda comunidade. “Partimos do pressuposto que as deficiências podem ser evitadas com medidas simples e baratas, mas também, e principalmente, com informação. O conhecimento é a nossa principal ferramenta de prevenção.”
Um exemplo de prevenção, segundo a coordenadora, é a ingestão de ácido fólico antes e durante o planejamento de uma gestação. A substância é uma vitamina hidrossolúvel que auxilia na formação de proteínas estruturais e hemoglobina. “O ácido fólico antes da gestação não tem contra-indicação. Claro, tem a dosagem correta, tanto para o homem, quanto para a mulher , já que o material genético vem dos dois”, explica.
Esse tipo de orientação faz parte das ações que as Apaes desenvolvem pelo estado, além de outras recomendações como os perigos acerca da ingestão de álcool durante a gravidez, a importância do acompanhamento médico e exames preventivos. “A mulher precisa saber que está bem de saúde para poder gestar. Então a informação é o principal mecanismo de prevenção, porque ninguém de nós está livre de se tornar uma pessoa com deficiência”, explica a coordenadora.
Microcefalia
Mãe do Guilherme, de 2 anos de idade e portador da síndrome de Guillain-Barré e microcefalia, Germana Soares foi uma das palestrantes do seminário. Ela é a presidente da União de Mães de Anjos (UMA) do estado de Pernambuco, que atualmente acolhe 399 crianças afetadas pelo zika vírus. Para Germana, 100% dos 468 casos de microcefalia poderiam ter sido evitados no Brasil. “Falta informação, falta apoio, existe negligência, existe omissão, vivemos em um país que fecha os olhos para o seu filho com deficiência. Eu não precisaria estar aqui representando essas famílias se tivesse existido prevenção, se o vetor tivesse sido controlado”.
Germana denuncia ainda que muitos direitos, previstos em leis e voltados às pessoas com deficiência, não são colocados em prática: “Então o que a gente faz [na Uma] é escavar essas leis e trazer pra essas famílias. Antes de qualquer coisa, essas crianças são pessoas cobertas de direitos que devem ser assegurados. Que essas mães não se escondam, não se omitam, que não tenham vergonha das suas dificuldades, que ultrapassem barreiras e enfrentem essa sociedade hipócrita e preconceituosa”.
Com a colaboração de Carolina Lopes/Agência AL