Importação de médicos gera polêmica na Assembleia Legislativa

Sessão ordinária desta quarta-feira (23) - FOTO: Solon Soares/Agência AL

A intenção do governo federal de atrair médicos, principalmente cubanos, para exercer a profissão no interior do país gerou controvérsia na sessão ordinária desta quarta-feira (22). Antonio Aguiar (PMDB) criticou a intenção e propôs uma moção, à presidente Dilma Rousseff, que foi retirada de pauta, apelando “para que a intenção seja reanalisada de forma emergencial, por se tratar de ato lamentável à medicina brasileira”.

Aguiar lembrou que dos mais de 800 médicos formados no exterior que tentaram revalidar o diploma em 2012, apenas 77 médicos foram aprovados pelo Conselho Federal de Medicina.

O deputado Sargento Amauri Soares (PDT) reagiu à argumentação do colega. “Me admira um deputado vir aqui se posicionar contrário à tese de médicos estrangeiros para atender lá no sertão. Os médicos brasileiros preferem ficar no litoral, nas cidades maiores. Os contratados em Portugal, Espanha e Cuba não iriam trabalhar em Florianópolis, talvez nem em Santa Catarina, mas no sertão nordestino e na Amazônia profunda, para onde os médicos brasileiros não querem ir”, ponderou Soares.

Em aparte, Dirceu Dresch (PT) concordou com Soares e informou que os municípios de Galvão e Irati, no Extremo Oeste, estão oferecendo até R$ 26 mil por mês, mas não conseguem contratar. Entretanto, de acordo com Aguiar, o médico não aceita ir para o interior “porque não tem raio-x, não tem laboratório”, ponderou. “Como querem que o médico atenda a população senão dão condições de atender no interior?”, questionou.

Serafim Venzon (PSDB) também criticou a contratação de médicos “sem passar pelo sistema de revalidação” do diploma e afirmou que o profissional de saúde “não está no interior não porque é mercenário”, mas por causa “do SUS, que no papel é algo excelente e na prática não”. Para Venzon, há como corrigir os erros, como voltar a pagar diretamente o médico, uma vez que atualmente o SUS transfere os valores para o hospital e este paga o médico.

Venzon ainda criticou o sistema de credenciamento dos hospitais, que faz com que Rio do Sul, por exemplo, não tenha credenciamento para realizar cirurgia urológica e gastrointestinal, sendo que “há competência” para realizar esses procedimentos no município. “Os pacientes são transferidos para Florianópolis, Lages, Blumenau”, informou.  Venzon apelou à presidente Dilma para reavalie a matéria, “para que a senhora não tenha na campanha política a classe médica contra”. 

Novo Horizonte discriminado
Dirceu Dresch (PT) declarou que está havendo discriminação partidária na partilha dos recursos derivados de empréstimos do BNDES. “Queremos respeito, não vamos admitir que se faça jogo partidário, não queremos discriminação e Novo Horizonte foi discriminado”, denunciou.
 
Dresch observou que esses recursos foram viabilizados com o apoio da ministra Ideli Salvatti e do deputado Décio Lima. “Nós queremos ver de fato se tem critério, os prefeitos do PT estão apavorados, vão participar? Vão receber recursos? Não pode ser um troca-troca, acertando voto para as convenções que vêm pela frente. Por enquanto estamos alertando, queremos ajudar, não queremos quanto pior melhor, R$ 9 bi não é pouca coisa”, frisou Dresch.

Privatizações
Sargento Amauri Soares (PDT) criticou as privatizações das telecomunicações, do sistema elétrico e das ferrovias. “As operadoras sequer se dignam responder os pedidos de informação da Assembleia, um desrespeito total. O sistema elétrico tem crescido com financiamento público do BNDES, os monopólios têm vindo para cá para levar o lucro líquido para outros países. E com as ferrovias, a iniciativa provada foi incompetente até para manter a rede ferroviária funcionando”, criticou.

Aguiar, em aparte, concordou com o colega e afirmou que a “ALL não só não fez funcionar a rede, como a vilipendiou”.

Lei dos Portos
Darci de Matos (PSD) elogiou a aprovação, pelo Congresso Nacional, da chamada Lei dos Portos, que permitirá à iniciativa privada investir recursos na área. Segundo Darci, são os gargalos, como a ineficiência dos portos, que impedem que o PIB do país cresça mais de 5%.

Boa nova
Ana Paula Lima (PT) comemorou a escolha, pela revista Forbes, da presidente Dilma Rousseff como a segunda mulher mais poderosa do mundo, atrás apenas da chanceler alemã, Angela Merkel. “Dilma era terceira, mas a grande eficiência do seu governo, exemplo para todo mundo, levou-a ao segundo lugar”.

Abuso sexual de crianças e adolescentes
Ana Paula divulgou dados revelados pelo Programa Sentinela, que registra cerca de 500 casos de abusos sexuais de crianças e adolescentes por mês, cerca de 16 abusos por dia. “E não representa 10% dos casos, 80 a 90% dos crimes não são denunciados, há a cultura do silêncio e do medo, a maioria dos abusos acontece dentro de casa, nem os animais fazem isso. A maioria são parentes, pessoas próximas, a vítima silencia, pensa que é normal”, lamentou.

Ana Paula pediu atenção dos pais e principalmente das mães. “Devem ficar atentos, a mudança cultural quer depende de todos nós, se você viu, denuncie”, afirmou.

Inspeção na Penitenciária de São Pedro de Alcântara
Angela Albino (PCdoB) anunciou que integrantes da Frente Parlamentar Mista de Combate à Violência em Santa Catarina, integrada por deputados estaduais e vereadores de Florianópolis, São Bento do Sul, Campos Novos e Concórdia, decidiram realizar uma inspeção na penitenciária de São Pedro de Alcântara nesta quinta-feira (23), às 14 horas. “Os presos acharam um canal vitorioso para falar com o mundo exterior, queimando ônibus, temos de impedir”, declarou Angela, que convidou os parlamentares a acompanharem a visita.

Angela sugeriu ao governador que crie o Conselho Estadual dos Direitos Humanos. “É uma estrutura de baixo impacto orçamentário. Nós poderíamos ter o Conselho para fazer esse diálogo”, avaliou. “Pense com muito carinho governador, dá acesso a verbas federais de combate à violência”, justificou.

Dia da Família
Ismael dos Santos (PSD) lembrou a passagem, em 15 de maio, do Dia Internacional da Família. “Aposto na família, com laços afetivos, respeito, proteção, diálogo, num mundo que muita gente ridiculariza a família, eu continuo apostando nas famílias equilibradas, concordo com o papa João Paulo II, o futuro do mundo passa pela família”, declarou.

Oktoberfest com cerveja sem álcool
Ismael parabenizou os organizadores da Oktoberfest pela decisão de realizar o concurso de consumo de chope em metro com bebida sem álcool. “Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura. Quando a maior festa de cerveja propõe que a bebida não terá álcool, para tentar incentivar o consumo consciente, merece o nosso aplauso”, comemorou Ismael.