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09/05/2014 - 01h32min

Importação de banana do Equador ameaça produção catarinense

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Assunto foi discutido em audiência pública da Comissão de Agricultura, em Guaramirim. FOTOS: Solon Soares/Agência AL

O auditório do câmpus da Uniasselvi em Guaramirim, no norte de Santa Catarina, ficou pequeno para as dezenas de bananicultores que participaram, na noite desta quinta-feira (8), da audiência pública realizada pela Comissão de Agricultura e Política Rural da Assembleia Legislativa para tratar da importação de bananas do Equador, autorizada pelo governo federal em março. O encontro foi promovido por solicitação do deputado Darci de Matos (PSD), devido à revolta dos produtores catarinenses com a liberação das importações. Eles consideram que a concorrência com a banana equatoriana, produzida por multinacionais norte-americanas com subsídios do governo local, é desleal.

Segundo dados da Epagri, Santa Catarina é o terceiro maior produtor de banana do país, com uma produção anual de 665 mil toneladas, em pouco mais de 30 mil hectares de área cultivada. A produção, que se concentra principalmente em pequenas propriedades rurais familiares no norte do estado, em municípios como Corupá, Guaramirim, Garuva, Massaranduba e Schoreder, abastece o mercado catarinense, é vendida em outros estados, como São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul, e, ainda, exportada para países do Mercosul.

De acordo com a diretora-executiva  da Associação de Bananicultores de Corupá (Asbanco), Eliane Müeller, a importação poderá causar três problemas: desemprego, inadimplência dos produtores, além de ameaças à sanidade dos bananais. "No Brasil, são 500 mil famílias envolvidas na produção, gerando 2 milhões de empregos que estão ameaçados", afirma. "Nós produzimos com poucos defensivos agrícolas e sabemos que há pragas que atacam a fruta no Equador que ainda não existem no Brasil. Com essa importação, essas pragas virão junto, ameaçando as plantações", completou.

A questão sanitária também é uma preocupação do pesquisador da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta), Wilson Moares. Segundo ele, desde 2005 os bananicultores tentam barrar as importações do Equador, justamente pelas ameaças à fitossanidade. "A decisão do governo nos pegou de surpresa. Agora, precisamos criar barreiras sanitárias para reverter isso, mas precisamos de muita ajuda política", disse.

Caos
Produtor de banana há 25 anos e presidente da Asbanco, Marcos Martini era um dos mais preocupados durante a audiência. Ele prevê o caos na agricultura familiar do norte de Santa Catarina com a entrada do produto equatoriano. "Praticamente todos os produtores estão envidividados e concorrência com a banana importada vai reduzir o ganho, que já não é grande. Isso vai nos atrapalhar muito".

Valmor de Farias é presidente da Coopertativa da Agricultura Familiar de Rio Novo, entidade que conta com 61 associados de 21 famílias de produtores rurais. Para ele, a importação de bananas do Equador causará um excesso do produto no mercado, uma vez que a produção local é suficiente para atender a demanda interna. "Nós vendemos para outros estados e ainda exportamos para o Mercosul", informou.

Para o deputado Darci de Matos (PSD), que acompanhou a audiência, faltou sensibilidade ao governo federal ao liberar a importação da fruta. "Vamos demonstrar ao governo que não se equilibra a balança comercial às custas da banana e da agricultura familiar".

Outro deputado presente ao encontro em Guaramirim, Nilson Gonçalves (PSDB) não poupou críticas ao governo federal. "Se a intenção do governo é baixar o preço do produto com a importação, que o governo faça a sua parte, abaixando os impostos e não reduzindo ainda mais o ganho dos produtores", declarou.

Providências
Responsável pela condução da audiência, o deputado Carlos Chiodini propôs a elaboração de um dossiê, com base nas informações colhidas durante o encontro, que será levado a Brasília e entregue às autoridades competentes."Os produtores manifestaram seu descontentamento e demonstraram que a importação é indevida. Vamos formalizar esse descontentamento e ir até Brasília para buscar a proibição da importação, que é a solução para o momento", disse.

Chiodini também propôs envolver a bancada catarinense na Câmara dos Deputados e os senadores do estado na discussão. O deputado tentará, ainda, uma audiência com o vice-presidente da República, Michel Temer, para tratar do assunto.

Além dos produtores, prefeitos e vereadores da região e especialistas na área agrícola participaram da audiência em Guaramirim. O deputado federal Marco Tebaldi (PSDB-SC) também compareceu ao encontro.

Marcelo Espinoza
Agência AL

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