Imigrantes terão aulas gratuitas de português na UFSC
Os imigrantes que residem da Grande Florianópolis com visto humanitário ou de refugiado poderão aprender português na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). “Estamos oferecendo um curso de extensão para formar professores de português para imigrantes. A segunda parte do curso é prática e os alunos darão aulas para imigrantes em situação de vulnerabilidade”, explicou a estudante Bruna Inácio, que representou a UFSC na reunião do Grupo de Trabalho de Imigrantes, da Comissão de Direitos Humanos (CDH) da Assembleia Legislativa, que aconteceu na tarde desta segunda-feira (11).
O curso tem 25 alunos e as aulas começaram dia 9 de abril e vão até 16 de julho, sempre aos sábados, das 10 ao meio-dia. “O curso é gratuito e o objetivo é que depois estes professores atuem como voluntários em projetos desenvolvidos pelo Grupo de Apoio a Imigrantes e Refugiados em Florianópolis (GAIRF)”, afirmou Bruna Inácio.
Além disso, a representante da UFSC contou que a coordenação do curso solicitou à reitoria o acesso gratuito ao restaurante universitário para os imigrantes almoçarem nos dias de aula.
Yaha Zakaria Alnablsi, da Jordânia, ponderou que os imigrantes geralmente trabalham no sábado de manhã e terão dificuldades para frequentar o curso. Além disso, Yaha lembrou o custo do transporte para frequentar as aulas. “São cerca de R$ 14 por semana, esse valor faz diferença para quem ganha menos de R$ 1 mil”, justificou Yaha.
Atendimento no SUS
Yaha também pediu a atenção da Comissão de Direitos Humanos para os problemas que estão ocorrendo durante o atendimento médico, principalmente das migrantes grávidas. “A religião mulçumana manda que se tiver o médico do mesmo sexo a mulher deve ser atendida por mulher, em situação de urgência pode ser atendida por homem, mas ela pode dizer ‘eu não quero’”, esclareceu Yaha Zakaria.
A antropóloga Tamajara da Silva, que atua junto à Pastoral do Migrante da Igreja Católica, revelou que servidores dos postos de saúde do Morro da Cruz e da Agronômica, na Capital, relataram problemas de comunicação entre médicos, enfermeiras e pacientes. “Falta intérprete e entendimento dos exames”, informou Tamajara.
Para o representante do Ministério Público Federal (MPF), Daniel Ricken, não é possível mudar o sistema de saúde. “Temos que ver qual a melhor forma, pensar em um protocolo de atendimento para a rede pública direcionado aos mulçumanos”, declarou o procurador. Bruna Kadletz, que acompanha os imigrantes sírios, sugeriu estruturar as aulas de português para facilitar a comunicação com os profissionais de saúde. “A maior dificuldade é das mulheres”, garantiu Kadletz.
Agência AL