IBGE apresenta dados preliminares referentes ao Censo Agropecuário de 2017
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou na manhã desta quinta-feira (26) os dados preliminares referentes ao Censo Agropecuário de 2017. A apresentação aconteceu na sede da Secretaria de Estado da Educação, localizada no Centro de Florianópolis.
Esta é a 11ª edição do relatório, cuja coleta de informações aconteceu entre 1º de outubro de 2017 e 28 de fevereiro de 2018, nos 295 municípios catarinenses. Ao todo, foram visitados 183.065 estabelecimentos, em uma área total de 6.446.155 hectares, nos quais foram aplicados questionários com 565 perguntas.
Os questionamentos versaram sobre as características do produtor agropecuário (idade, sexo, escolaridade e, pela primeira vez, cor ou raça); dos estabelecimentos (área, utilização das terras, acesso a telefone, à internet, uso de irrigação, uso de adubos e agrotóxicos, assistência técnica); condição legal das terras e do produtor; pessoal ocupado; infraestrutura dos estabelecimentos (unidades armazenadoras, tanques de resfriamento de leite, tratores, máquinas e veículos); características da pecuária e da produção vegetal (efetivos e produtos da silvicultura, horticultura, floricultura, extração vegetal, lavouras permanente e temporária), entre outros temas.
Conforme divulgado, a intenção do IBGE em apresentar os dados, ainda que não conclusivos (o relatório final somente será finalizado em julho de 2019), é possibilitar o aperfeiçoamento do estudo. “Estamos abrindo para a sociedade, especialmente para as lideranças, esses resultados preliminares para que possam existir outros olhares especializados sobre essas informações e que eventuais dúvidas e esclarecimentos ainda possam ser buscados, pois ainda temos muito tempo pela frente até a divulgação final do Censo”, destacou o chefe da unidade estadual do IBGE, Alceu José Vanzella.
Resultados
Segundo as informações constantes no Censo Agro 2017, apesar da área média dos estabelecimentos agrícolas ter aumentado em relação a 2006 - ano do último levantamento - ainda há uma larga predominância, 69,8% (127.793), de pequenas e médias propriedades, entre 5 até 50 hectares.
A silvicultura (cultivo de florestas) contou com um incremento de área de 47,73%, alcançando 918.137 hectares. Já a área de matas naturais cresceu 18,01%, chegando a 1.904.516 hectares.
O Censo mostrou que a força de trabalho humana vendo sendo substituída pela das máquinas. O número de tratores cresceu 55,08%, totalizando 108.374 unidades, enquanto as pessoas ocupadas em estabelecimentos agropecuários caiu 12,89%, ficando em 497.825.
O perfil da população rural também sofreu alterações. Em comparação ao Censo de 2006, houve diminuição de 40,71% dos produtores com menos de 45 anos (44.141) e aumento de 26,63% nos com mais de 55 anos (83.225). Este ponto foi considerado preocupante pelo coordenador técnico do levantamento, Jair Aguilar Quaresma. Pare ele, o poder público deveria investir em mais iniciativas voltadas à permanência dos jovens no campo. “Lembro que há cerca de 10 anos houve políticas públicas de incentivo ao crédito para compra de propriedades rurais para casais jovens. Acho que ações como estas deveriam ser mais intensificadas porque é muito evidente que está ocorrendo um envelhecimento no campo aqui no estado, assim como no Brasil.”
Um dado positivo é o crescimento das comunicações nas regiões rurais catarinenses.
Em 2006, o total de estabelecimentos agropecuários com acesso à internet era de 7 mil, número que chegou a 91.978 em 2017, ou seja, um aumento de 1.313,9%. Este índice, conforme o IBGE, coloca o meio rural catarinense entre os cinco mais conectados entre os estados brasileiros. Destaca-se ainda a existência de telefone em 154.335 estabelecimentos ou 84,3% do total.
Outro tópico evidenciado é o aumento de 22,92% no total de áreas irrigadas, que chegaram a 167.473 hectares. O número de propriedades que fazem uso de irrigação também aumentou (16,53%), totalizando 16.261 unidades.
Já o uso de agrotóxicos teve uma elevação de 4,1% nos últimos 11 anos, com 129.362 produtores tendo revelado utilizá-lo nas lavouras durante o período de referência do levantamento. O incremento, entretanto, ainda está bem distante da média nacional verificada no mesmo período, conforme apontou Quaresma. “Ficamos bem distantes do aumento verificado no Brasil, de 20,4%, o que acredito seja uma coisa muito positiva para Santa Catarina. Os agrotóxicos são muito importantes para a agricultura, mas temos que fazer um uso racional deles.”
Por fim, foi destacada a ascensão do cultivo no estado de duas frutas. O maracujá , cuja produção passou de 2.592 toneladas, em 2006, para 27.699, em 2017 (principais produtores: Sombrio, São João do Sul e Araranguá); e a pitaia, cuja oferta comercial era considerada existente 11 anos atrás e no ano passado somou 328 toneladas (principais produtores:Turvo, Sombrio e Jacinto Machado).
Agência AL