Histórias de sucesso e projetos são apresentados no encontro de Bal.Camboriú
O grande sonho de assumir a prefeitura de Camboriu foi um dos cases de sucesso apresentado pela atual prefeita do município, Luzia Coppi (PSDB), na manhã desta quinta-feira (16), durante o 6º Encontro de Mulheres Parlamentares de Santa Catarina, em Balneário Camboriú.
Após ter perdido por diversas vezes as eleições, Luzia declara que sua realização, tanto pessoal quanto profissional, foi questão de persistência. “Passei por muitas dificuldades, vim de uma família humilde, estudei em escola pública, consegui entrar na faculdade de Direito, engravidei durante a graduação, tive dois filhos, pessoas próximas morreram, mas sempre trabalhei de forma árdua, incansável e nunca desisti dos meus objetivos. Desse modo cheguei onde sempre quis chegar.”
Em relação à posição da mulher no meio político, a prefeita revelou a grande dificuldade ainda imposta em razão da questão de gênero e refletiu sobre a forma pessoal como as mulheres são atacadas neste meio, referindo-se aos recentes xingamentos proferidos à presidenta Dilma Rousseff. “A oposição deve ser feita de forma respeitosa ao governo, não à pessoa.”
Luiza Coppi revelou que ser prefeita de Camboriú, com um orçamento de R$ 200 milhões em um território de mais de 200 quilômetros, com bolsões de pobreza, não é fácil. Ela fez uma comparação com Balneário Camboriú, cidade vizinha, que com 50 quilômetros e sem pobreza, conta com um orçamento de mais de R$700 milhões.
A vereadora de Balneário Camboriú, Marisa Zanoni, confirmou os números. Única mulher a ocupar uma cadeira na câmara, Marisa revelou ao público o quanto o Legislativo municipal é machista e como um evento como este incentiva a mulher a ocupar seu espaço. “É um momento muito rico para que possamos nos constituir a partir das experiências de outras mulheres. Dessa forma, abrimos portas, abrimos reflexões e isso nos fortalece e nos dá coragem para enfrentarmos as inúmeras mazelas que ainda encontramos nas nossas cidades.”
Reforma Política
A deputada Luciane Carminatti (PT), membro da Bancada Feminina da Assembleia Legislativa, participou da abertura do segundo dia do 6º Encontro de Mulheres Parlamentares de Santa Catarina e debateu a necessidade da reforma política. “A política tem que ser limpa. Quando envolve financiamento de políticos, vem a conta. Ninguém faz nada de graça e essa conta é cobrada da sociedade. O maior enfrentamento que temos que fazer em relação à reforma política é proibir o financiamento empresarial. Pode haver um financiamento pessoal.”
Segundo a parlamentar, a origem da desonestidade na política está relacionada ao financiamento privado de campanha. “Pesquisas apontam que os empresários preferem investir nos homens. Discutir o lugar da mulher na política é fundamental, também neste ponto.”
De acordo com o advogado e professor de Direito Eleitoral, Mauro Prezotto, outra idéia que deverá ser discutida no Congresso Nacional é exigir a metade das cadeiras nas casas legislativas para as mulheres. “Temos dois projetos em tramitação, um deles se refere à ocupação igualitária dos cargos eletivos, e o outro, mais impactante, trata da reserva de vagas no Congresso garantindo, também, a paridade de gênero.”
Bancada Feminina
A presidente da Bancada Feminina da Assembleia Legislativa deputada Dirce Heiderscheidt (PMDB), relatou sua trajetória de vida pública e particular, as dificuldades pelas quais passou na vida política e alegou que é preciso ter coragem. “Com o encorajamento vamos construir uma nova realidade, propor mudanças e alcançar mais espaço no cenário político”.
Já Ana Paula Lima (PT), membro da bancada, apresentou alguns dos principais projetos protocolados por ela na Assembleia Legislativa que buscam garantir os direitos das mulheres. A parlamentar destacou o projeto de lei que cria o Observatório da Violência Contra a Mulher em Santa Catarina, aprovado pela Casa, mas vetado pelo governador. “A proposta é relevante e vamos continuar essa discussão. Temos cinco municípios no estado que estão entre os 100 mais violentos para mulheres no Brasil”.
Oficina de comunicação
O segundo dia do encontro contou com uma oficina de comunicação oferecida pelo jornalista da Diretoria de Comunicação da Assembleia legislativa, Diego Vieira. Segundo ele, na maioria dos municípios catarinenses, as redes sociais são as formas mais efetivas de comunicação e informação. “As redes sociais são ferramentas poderosas na disseminação de informação e idéias. As mulheres devem utilizar essas ferramentas a seu favor”, ponderou Diego.
Agência AL