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20/05/2014 - 10h41min

História dos movimentos sociais e sindicais no oeste é retratada em sessão solene

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Homenagem foi realizada na noite desta segunda-feira (19), em Chapecó. FOTO: Solon Soares/Agência AL

Os precursores dos movimentos sociais e sindicais do Grande Oeste Catarinense receberam homenagem da Assembleia Legislativa em Sessão Solene, na noite desta segunda-feira (19), em Chapecó. O deputado Padre Pedro Baldissera (PT), proponente da sessão, conduziu os trabalhos e a entrega de homenagens. De acordo com o parlamentar, "o reconhecimento ao trabalho dedicado e comprometido com a construção da luta histórica e libertadora foi o mote desta iniciativa. Os relevantes serviços prestados em favor da democracia, a partir da mobilização social e sindical por justiça, igualdade e cidadania nos fazem crer na força destes homens e mulheres e no seu valor social".
 
A história de Santa Catarina foi marcada por movimentos rurais e sociais, entre as décadas de 60 e 70, iniciados no Oeste do estado, que serviram de exemplo para as outras regiões. A partir desta organização, veio o reconhecimento aos trabalhadores rurais. Nesta época, o papel da Igreja foi fundamental para o processo de mobilização e transformação dos trabalhadores. Dom Jose Gomes, bispo de Chapeco à época, foi lembrado como um dos alicerces para a organização dos movimentos sociais no Oeste. Ele ajudou a implantar a Pastoral da Terra na região.
 
O conflito pela posse de terras entre povos indígenas e agricultores também marcou este período. O respeito à preservação da cultura e de terras indígenas deu sinais de vigor, o Movimento dos Sem-Terra (MST) iniciou sua busca pela legitimidade de um lugar para viver e produzir alimentos e "os precursores dos movimentos sociais e sindicais iniciaram sua luta pela vida plena", conforme Padre Pedro.
 
"Muitas pessoas juntas construíram o princípio de uma caminhada, vivido a cada decisão e a cada passo que damos na nossa história. Meu maior orgulho foi o de ser agricultor, estabelecer esta relação profunda com a terra. É ela que me dá respaldo na luta do dia-a-dia no meu trabalho. O basta à injustiça é uma parte do que nos movimenta, mas muito do que alcançamos foi conseguido na luta palmo a palmo", revelou o parlamentar.
 
Segundo Baldissera, são milhares as pessoas que pavimentaram este caminho. Ele incluiu todos os que não foram homenageados a se sentirem como tais e pediu um minuto de silêncio para homenagear a todos que, segundo ele, "tombaram durante a busca pelo princípio do compromisso com a classe trabalhadora em defesa da vida". Neste momento, o deputado lembrou de Marcelino Chiarello, professor e vereador de Chapecó, morto em novembro de 2011.
 
Comissão Pastoral da Terra
A Comissão Pastoral da Terra nasceu em junho de 1975, durante o encontro da Pastoral da Amazônia, convocado pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e realizado em Goiânia (GO). Inicialmente a CPT desenvolveu junto aos trabalhadores e trabalhadoras da terra um serviço pastoral. Fundada em pela ditadura militar, como resposta à grave situação dos trabalhadores rurais, posseiros e peões, a CPT teve um importante papel na luta dos trabalhadores rurais em todo o país.
 
Dom Manoel Joao Francisco representou a CPT e recebeu homenagem das mãos do proponente da sessão, Padre Pedro, que recitou uma poesia, de autoria do padre Ivo Oro, descrevendo o movimento e o dia-a-dia dos trabalhadores da terra.
 
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST)
"Quem vive só do passado não tem futuro, mas quem não lembra do passado também não tem futuro", discursou Irma Maria Bruneto, homenageada, representante do MST. Recordar a trajetória do MST nestes 30 anos é, segundo a líder, gratificante e uma forma de fortalecer esta luta.

"Cada período histórico é respondido de uma forma, pelo povo. Não podemos nos esquecer dos povos originários e da sua luta pela sobrevivência, da luta das ligas camponesas, do Contestado e, mais recentemente, não podemos negar o grande trabalho da Diocese de Chapeco. A Igreja ajudou decisivamente na criação da nossa consciência".
 
Considerado um dos mais importantes movimentos sociais do mundo, o Movimento Sem-terra tem mais de 30 anos de história relativa à luta pela reforma agrária e pelas transformações sociais. Sua fundação reuniu posseiros atingidos por barragens, migrantes, meeiros, parceiros, pequenos agricultores, trabalhadores desprovidos do seu direito de produzir alimentos. Hoje, muitas das experiências de sucesso da reforma agraria tem a marca dos trabalhadores e trabalhadoras do MST.
 
Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil
Os pastores Nilo Koling, representante da igreja, e o pastor Gunter Wolff receberam homenagem pela atuação da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, integrante da Federação Luterana Mundial. Originária da imigração de alemães protestantes luteranos, em Santa Catarina estabeleceram-se inicialmente em Blumenau, em 1824. Em muitos momentos esteve ao lado do povo camponês e auxiliou na organização de diversas comunidade no Oeste de Santa Catarina.
 
Conselho Indigenista Missionário
Vinculado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil que, em sua atuação missionária conferiu um novo sentido ao trabalho da Igreja Católica junto aos povos indígenas, o conselho recebeu homenagem em nome de Jacson Antonio Lopes Santana.
 
Criado em 1972, quando o Estado brasileiro assumia abertamente a integração dos povos indígenas à sociedade majoritária como única perspectiva, o CIMI procurou favorecer a articulação entre aldeias e povos, promovendo as grandes assembleias indígenas, onde se desenharam os primeiros contornos da luta pela garantia do direito à diversidade cultural.
 
Movimento dos Atingidos por Barragens
Elemar José Malmann recebeu a homenagem como representante do Movimento dos Atingidos por Barragens, movimento nacional autônomo, popular, reivindicatório e político que luta não só pelos direitos das famílias atingidas por barragens, mas pelo respeito às populações e à natureza, bem como por um sistema energético que esteja a serviço da população.
 
Movimento de Mulheres Camponesas
Representando o Movimento das Mulheres Camponesas, recebeu homenagem Justina Cima, uma das líderes do movimento que completou 30 anos em 2013 e tem como objetivo a luta contra o modelo capitalista e patriarcal da agricultura e pela construção de uma sociedade com igualdade de direitos. Sua principal bandeira é o projeto de agricultura camponesa ecológico, com uma prática feminista, fundamentado na defesa da vida, na mudança das relações humanas e sociais e na conquista de direitos.
 
Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Caxambu do Sul e Planalto Alegre
Os Sindicatos dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais foram os núcleos onde os agricultores familiares e camponeses, organizados, passaram a lutar de forma concentrada por direitos renegados e contra injustiças sistemáticas. Entre os sindicatos da região, o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Caxambu do Sul foi o primeiro em que os trabalhadores, por meio de eleição, conseguiram coordenar o trabalho e direcioná-lo às lutas das famílias da agricultura familiar.

Osvaldo Hunthemann, integrante do sindicato, recebeu homenagem das mãos do Padre Pedro.
 
Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal de Chapecó e Região
Também homenageado, o sindicato fundado em 21 de outubro de 1988 foi representado por Vânia Medianeira de Lima. Com a promulgação da Constituição Federal, em 5 de outubro de 1988, os servidores públicos passaram a ter o direito de organização por meio de sindicatos. Em Chapecó já havia um grupo organizado por uma comissão pró-sindicato e sua fundação foi consumada com a assembleia no Ginásio de Esportes Ivo Silveira. Foi o primeiro sindicato de servidores municipais de Santa Catarina e o segundo do Brasil.
 
Associação dos Pequenos Agricultores do Oeste Catarinense
Fundada em 20 de novembro de 1989, com sede em Chapecó, a associação tem como objetivo estimular e assessorar o desenvolvimento da agricultura de grupo, na região oeste de Santa Catarina. É formada e dirigida por agricultores familiares que desenvolvem atividades de forma cooperada. A associação contou com o apoio decisivo do movimento sindical, popular e da Igreja para implementar um novo modelo de desenvolvimento, baseado na solidariedade e sustentabilidade. Fundamenta-se na agroecologia e na agroindústria familiar associativa de pequeno porte.

Michelle Dias
Agência AL

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