Greve dos caminhoneiros continua a repercutir na Assembleia Legislativa
A greve dos caminhoneiros, finalizada na última semana após dez dias de mobilização, continua a repercutir na tribuna da Assembleia Legislativa. A temática foi novamente levada à tribuna durante a sessão plenária da manhã desta terça-feira (5), com diversos parlamentares levantando motivações sociais e políticas para o movimento.
Conforme Darci de Matos (PSD), a greve, que inicialmente foi deflagrada visando à redução do preço do óleo diesel, se tornou mais abrangente e ganhou maior dimensão com a adesão outros segmentos da sociedade, muitos deles descontentes com a atual conjuntura socioeconômica do país e que passaram a defender a redução da máquina pública.
Para o parlamentar, a reivindicação é compreensível, tendo em vista que as diferentes gestões que se sucederam nas últimas décadas tornaram o Estado brasileiro "pesado, ineficiente e corrupto". “É importante que se mudem os agentes públicos, mas também é fundamental que se promova uma mudança na estrutura do Estado, da organização do ente público, tanto na esfera federal, quanto na estadual e na municipal."
Dirceu Dresch (PT) observou que houve uma tentativa de uso político do movimento. “Uma das coisas que mais me chamaram a atenção foi que alguns grandes empresários se aproveitaram de um movimento justo para ir contra a lei e pedir a volta do regime militar.”
Ainda segundo Dresch, a greve evidenciou o erro de planejamento dos últimos governos em diminuir os recursos destinados à construção e manutenção de ferrovias, apostando unicamente nas rodovias como modal de transporte. Ele também imputou o aumento nos preços dos combustíveis a uma política oficial de reduzir os investimentos em refinarias no país e liberar as compras de combustíveis no exterior, mesmo diante da alta do petróleo e do dólar.
Já para Mauricio Eskudlark (PR), a paralisação dos serviços de transportes de cargas soube transmitir de forma eficiente uma mensagem da insatisfação da categoria, mas se estendeu além do necessário, trazendo prejuízos a população e a economia do país. “A greve foi um alerta e foi importante, pois não era possível conviver com aqueles aumentos diários dos combustíveis. De um momento em diante, entretanto, começou a trazer problemas para as pessoas, pois passou a faltar o gás, o leite, os alimentos, e não podemos parar o país por um problema localizado.”
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Dando sequência a sessão, Eskudlark afirmou que o Brasil enfrenta um clima de pessimismo, na qual apenas os fatos negativos estariam ganhando destaque nos meios políticos e de comunicação.
Na visão do deputado, seria importante que o governo e setores da sociedade civil encampassem um movimento para divulgar também as coisas boas que acontecem no país, tais como a redução do desmatamento em Santa Catarina e o aumento das exportações de vinhos e espumantes. “As pessoas têm exemplos positivos a mostrar, só que estamos vivendo momento de terra arrasada, com a divulgação só de casos de criminalidade, de corrupção e coisas ruins. Acho que os governos, as escolas, as empresas de mídia e de comunicação deveriam olhar para o outro lado. Mas entendo que isso não dá Ibope, não chama a atenção, pois parece que atualmente o povo só gosta de ver tristeza.”
Reivindicações
Patricio Destro (PSB) foi à tribuna para apresentar três reivindicações. A primeira delas, por mais informações do governo do Estado quanto a continuidade do atendimento prestado pelo helicóptero Águia na região Norte. Segundo o parlamentar, informações desencontradas apontariam que o veículo estaria parado por falta de combustível, problemas técnicos ou mesmo na licitação do serviço. “A Secretaria de Estado da Segurança Pública precisa dar uma explicação mais convincente para a população da região, pois este equipamento é fundamental para a preservação da vida e o salvamento rápido.”
O segundo pleito foi voltado ao governo federal e diz respeito à política de preços de combustíveis. “Amanhecemos ontem com um aumento de mais de 10% no gás de cozinha. O governo ainda não conseguiu atender o que a população disse com relação aos aumentos repentinos e continua errando sobre a falta de transparência nos repasses ao consumidor, prejudicando também a economia do país.”
Por fim, ele pediu apoio dos colegas e do Poder Executivo para a aprovação de projeto de lei de sua autoria que regulamenta a piscicultura no estado. A matéria, segundo disse, estaria parada na Comissão de Constituição e Justiça. “Gostaria de pedir uma atenção especial dos deputados e também do governo para que esse projeto pudesse andar, já que temos hoje 30 mil famílias em Santa Catarina que não conseguem legalizar seus tanques de produção pela complexidade da legislação e as altas taxas cobradas, travando o desenvolvimento deste setor.”
Agência AL