Fiesc alerta para os problemas da infraestrutura logística em Santa Catarina
FOTO: Solon Soares/Agência AL
A Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc) apresentou na tarde desta terça-feira (13), durante reunião da Comissão de Transportes e Desenvolvimento Urbano da Assembleia Legislativa, um diagnóstico sobre a situação do transporte de cargas no estado e fez um alerta para as consquências negativas que a falta de investimentos imediatos no setor poderá causar na economia estadual. O trabalho, denonimado Agenda Estratégica da Indústria para Infraestrutura e Logística Catarinense, foi feita pelo 1º vice-presidente da entidade e presidente da Câmara de Transporte e Logística da entidade, Mario Cezar de Aguiar.
A agenda é dividida em quatro partes: planejamento, investimentos, política e gestão e logística empresarial. Nela, a Fiesc chama a atenção para a excessiva dependência do modal rodoviário para o escoamento da produção catarinense e do esgotamento das principais rodovias do estado, principalmente a BR-101. "São necessários investimentos urgentes na rodovia, sob o risco dela entrar em colapso", disse Aguair. O estudo aponta que a 101 Norte precisa de R$ 2,7 bilhões de investimentos.
O dirigente também destacou a necessidade de Santa Catarina incentivar a intermodalidade, ou seja, o uso dos diferentes tipos de meios de transporte (rodoviário, ferroviário, aeroviário, aquaviário) para o escoamento da produção. Para isso, no entanto, é necessário concluir os projetos de ferrovias importantes, como a Ferrovia do Frango e a Litorânea, além de aumentar a capacidade de tráfego da rodovias como BR-280, BR-470, entre outras.
Um ponto preocupante da exposição da federação é a situação do Porto de Itajaí, o maior do estado. Conforme Aguiar, o complexo vem perdendo espaço para Paranaguá, no Paraná, ano a ano. "A BMW exporta 10 mil carros por mês e usa o porto de Paranaguá, ao invés de Itajaí", disse. O local necessita de R$ 65 milhões de investimentos em obras de dragagem. Os demais portos catarinenses também necessitam de ampliação, sob o risco de perderem competitividade em virtude do aumento no tamanho das embarcações.
Poucos recursos
O estudo da Fiesc apontou que 58,5% das obras de transporte e logística previstas para Santa Catarina estão atrasadas. São vários os motivos para a demora na conclusão, desde burocráticos até a falta de recursos. Para contornar esse problema, a federação defende as concessões à iniciativa privada e a realização de Parcerias Público-Privadas (PPPs).
Como comparação, entre 2006 e 2016, o governo federal previa investimentos de R$ 12,5 bilhões em Santa Catarina no setor, mas apenas 45% desse montante (R$ 5,7 bilhões) foram aplicados. Para o Plano Plurianual (PPA) da União entre 2016-2019, o governo prevê R$ 5,9 bilhões de recursos, apenas para obras rodoviárias. Mas, para a Fiesc, o estado precisa de quase R$ 15 bilhões para obras em todos os modais.
"Todo esse cenário compromete a competitividade da indústria catarinense", destacou o dirigente da Fiesc. "O empresário já sofre com a legislação trabalhista arcaica, burocracia, carga tributária elevada, e ainda convive com uma infraestrutura que é uma das piores."
O deputado Milton Hobus (PSD) demonstrou preocupação com a situação do estado. Para ele, se não houver uma união do poder público e da iniciativa privada para pressionar a União a encaminhar mais recursos para Santa Catarina, o modelo econômico catarinense, considerado modelo para todo o país, vai falir. "Nós vamos realizar uma audiência no dia 5 de outubro para tratar dessa questão. É urgente uma solução", disse.
O presidente da Comissão de Transportes e Desenvolvimento Urbano, deputado João Amin (PP), colocou a comissão à disposição da Fiesc para qualquer ação em prol da infraestrutura logística do estado. "Nós estamos trazendo entidades, como a Fiesc, para as reuniões da comissão, justamente para unir esforços visando a resolução desses problemas", destacou.
O deputado Manoel Mota (PMDB) também participou da reunião, além de representantes de diversas entidades, como a Facisc e a Suderf.
Agência AL