Falta de recursos compromete implementação de políticas públicas para idosos
A insuficiência de recursos para atender à demanda da área social é apontada como um dos principais entraves para a implementação de políticas públicas direcionadas à terceira idade em Santa Catarina. A conclusão foi destacada em audiência pública realizada pela Assembleia Legislativa na tarde de segunda-feira (8), no auditório da Fundação Pró-Família, em Blumenau.
Segundo a coordenadora do Fórum Parlamentar em Defesa da Pessoa Idosa, deputada Dirce Heiderscheidt (PMDB), o orçamento do Estado destinado à assistência social corresponde a 0,76% do total. “Temos que lutar para mudar essa situação com urgência. Os recursos são insuficientes para viabilizar programas em favor dos idosos”, afirmou.
O evento faz parte de um ciclo de audiências públicas regionais promovido pelo Fórum Parlamentar com o objetivo de elaborar um diagnóstico sobre a realidade do idoso em Santa Catarina. A última etapa será realizada em Florianópolis, no dia 16 de setembro. Todas as informações, incluindo as reivindicações dos participantes das seis audiências, serão reunidas em um documento que será encaminhado aos governos estadual e federal. “A proposta desse relatório é subsidiar a construção de políticas públicas que atendam de fato às necessidades da população idosa, que aumenta constantemente", ressaltou Dirce. Conforme a parlamentar, a estimativa é que, em 2020, 32 milhões de brasileiros terão mais de 60 anos, o equivalente a 15% da população do país.
A deputada Ana Paula Lima (PT) salientou que o objetivo do debate relacionado a políticas públicas voltadas à terceira idade é assegurar um envelhecimento digno e saudável. “Nossos idosos precisam de mais atenção do Poder Público e de um olhar mais carinhoso da nossa sociedade. Precisamos garantir qualidade de vida à pessoa idosa, sem preconceitos, sem violência”.
Na opinião da presidente da Associação Casa São Simeão de Blumenau, Maria Cecília de Souza, de 76 anos, são necessárias ações específicas direcionadas à conscientização. “O idoso precisa de amor, carinho, aconchego. Ele precisa se sentir amado, querido e respeitado. Está na hora de reeducar nossas crianças, conscientizando as pessoas de forma geral. Só assim teremos realmente um envelhecimento digno”, falou.
A representante do Conselho Municipal do Idoso de Blumenau, Vanessa Maria Sens Reckelberg, relatou que o órgão tem recebido muitas queixas de maus-tratos e lamentou a ausência do Ministério Público no debate. “O conselho ainda se sente muito engessado. Não sabemos o que fazer, a quem recorrer. Temos pouca resposta efetiva em relação às denúncias. Era de suma importância que estivesse presente algum representante do Poder Judiciário. Precisamos criar uma rede de proteção mais eficaz por essas pessoas que clamam por nossa ajuda. Recebemos denúncias de casos que se assemelham a um campo de concentração”, disse, emocionada.
Entre as principais sugestões elencadas durante a audiência estão a criação de programas educacionais para o fortalecimento de laços familiares, a elaboração de uma campanha estadual de conscientização sobre o respeito ao idoso, a continuidade das ações e atividades com foco na qualidade de vida da terceira idade, a oferta de cursos para qualificação de cuidadores e o pedido para que o governo estadual cobre dos gestores municipais a implementação dos Conselhos Municipais do Idoso e dos Fundos Municipais do Idoso.
Rádio AL