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14/08/2017 - 16h10min

Exposição fotográfica exalta beleza e altivez do povo haitiano após terremoto

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Radilson Gomes, fotógrafo

A Galeria de Arte Ernesto Meyer Filho da Assembleia Legislativa recebe até o dia 25 de agosto a exposição “Haiti Bombagai”, do fotógrafo Radilson Gomes. A mostra reúne 39 fotografias produzidas em 2011, um ano após o terremoto que atingiu mais de 3 milhões de pessoas e deixou pelo menos 100 mil mortos.

As imagens foram captadas durante uma missão humanitária ao Haiti, a convite da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Organização das Nações Unidas (ONU). Com mais de 10 anos de experiência retratando projetos exitosos do Sistema Único de Saúde (SUS) pelo interior do Brasil, Radilson integrou uma equipe multidisciplinar do Ministério da Saúde e do Itamaraty que participou de um acordo de cooperação técnico-científico.

O objetivo da missão era colaborar para a redução dos índices de violência contra a mulher no Haiti. “A finalidade era contribuir com ações e mecanismos de enfrentamento à violência contra a mulher. Após o terremoto, foram criados vários acampamentos para acolher as pessoas. Nessa situação, as mulheres ficam mais fragilizadas, vulneráveis. Então a violência aumentou muito”, contou o fotógrafo e servidor do Ministério da Saúde.

A tarefa de Radilson era realizar uma oficina de fotografia para capacitação de profissionais de saúde com o propósito de facilitar os registros dos casos de violência contra a mulher que chegavam às unidades de saúde todos os dias.

Do período de 15 dias em que ficou no Haiti, dois deles foram dedicados a registrar o cotidiano do povo haitiano. Segundo Radilson, a oportunidade surgiu ao acaso. “Assim que cheguei, tivemos uma reunião em que ficou decidido que o curso seria adiado em dois dias. Foi aí que recebi o convite de Martin Wartchow, um engenheiro sanitarista que conheci dois anos antes na Amazônia e atuava como voluntário no Haiti desde 2010, logo após o terremoto. Então acompanhei o trabalho dele durante dois dias e registrei tudo o que observava.”

O diferencial das fotos de Radilson é o foco nas pessoas e não na tragédia, com destaque para os retratos. “Todo o contato que tive com o povo brasileiro ao longo de uma década fotografando o lado positivo da saúde pública contribuiu para que eu tivesse um olhar diferenciado. Foi como o encerramento de um processo. Em vez de me voltar para a tragédia, os escombros, a destruição, a miséria, a precariedade, me voltei para a beleza da gente haitiana”, falou. 

O que mais surpreendeu o fotógrafo foi a altivez do povo haitiano e o cuidado prestado às crianças. “Isso expressa a vontade de reerguer o país, apesar de todas as dificuldades. Os franceses chamavam o Haiti de ‘pérola das Antilhas’, especialmente pelas belezas naturais. Para mim, as verdadeiras pérolas são as pessoas.”

As mais de 800 fotografias produzidas ficaram guardadas por quatro anos até parte desse material ser apresentado ao público. Em 2015, o projeto “Haiti Bombagai” foi selecionado por um edital da Fundação Cultural Badesc e exposto pela primeira vez no espaço Fernando Beck.

Por uma iniciativa do Circuito Sesc de Artes Visuais, as fotos de Radilson percorrem Santa Catarina desde o ano passado. A mostra fotográfica Já passou pelas cidades de Lages, Chapecó, Rio do Sul e Brusque. Atualmente, está em São Miguel do Oeste. Depois, segue para São Bento do Sul e Joaçaba. “Por onde passa, emociona muitos haitianos que visitam a exposição. Eles reconhecem lugares, pessoas, se sentem representados. Em Rio do Sul, por exemplo, um garoto de 17 anos, que estava no terremoto com 13, se emocionou muito quando viu as imagens, principalmente a das crianças na escola.”

Segundo Radilson, o nome da exposição é uma forma de agradecimento ao povo haitiano. “Bombagai é uma expressão usada por eles que quer dizer sangue bom, gente boa, coisa boa. O critério de seleção das imagens foi as que me tocavam nesse sentido, passavam essa ideia. Também é uma maneira de agradecer a presença deles aqui no Brasil.”

A intenção do fotógrafo é usar as imagens para sensibilizar o público e provocar reflexões. “Minha missão é tentar usar esse material para acolher os haitianos aqui. Que os brasileiros consigam entendê-los, compreender a realidade deles lá.”

O novo projeto de Radilson é buscar retratar os haitianos que vivem no Brasil. “Gostaria de mostrar agora o cotidiano deles aqui, nessa nova fase em um outro território.”

 

Serviço
O quê: Exposição Haiti Bombagai, de Radilson Gomes
Quando: de 14 a 25 de agosto, de segunda a sexta-feira, das 7h às 19h
Onde: Galeria de Arte Ernesto Meyer Filho, no hall do Palácio Barriga Verde
Quanto: entrada gratuita

Ludmilla Gadotti
Rádio AL

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