Exposição exalta obra de Claro Gustavo Jansson, o fotógrafo do Contestado
O Espaço Lindolf Bell, no Centro Integrado de Cultura (CIC), em Florianópolis, recebe até o dia 26 de setembro a exposição “Claro Gustavo Jansson: o fotógrafo do Contestado”. A mostra é resultado de um trabalho de pesquisa da historiadora Rosa Maria Tesser sobre a vida do imigrante sueco radicado no Brasil que retratou episódios marcantes da história do país, com destaque para a Guerra do Contestado, conflito ocorrido entre os anos de 1912 e 1916.
A exposição reúne 146 fotos divididas em 11 temas. Elas foram selecionadas a partir de um acervo de 2,5 mil imagens cedidas pela filha do fotógrafo, Doroty Jansson, com exclusividade, à pesquisadora. “Ele deixou um grande legado. Fico muito feliz por colocar em evidência o trabalho desse homem que estava esquecido no anonimato. No centenário do acordo da Guerra do Contestado, cabe a nós, catarinenses e brasileiros, prestarmos uma justa homenagem a essa figura ímpar da nossa história”, disse Rosa.
De acordo com a historiadora, Jansson foi contratado para fotografar a rotina da empresa norte-americana Lumber, instalada no município de Três Barras, uma madeireira e colonizadora, subsidiária da construtora da ferrovia São Paulo – Rio Grande. “Assim, acabou registrando imagens da Guerra do Contestado. Foi o único que, na época, acompanhou os dois lados do conflito. Vivia no acampamento das tropas e nos redutos dos caboclos. Se não fosse ele, nossa memória visual desse conflito seria muito pequena.”
Uma das fotografias mais famosas de Jansson, segundo Rosa, é a do Coronel Gualberto de Sá Filho, junto com a força pública do Paraná, rumo aos campos de Irani, onde morreria em combate. “Essa tem uma repercussão muito grande. Foi a última foto do coronel vivo.”
Os temas abordados pela mostra são: O Contestado: o fotógrafo no front; A Grande Empresa Lumber no Brasil; Lumber em Sengés estado do Paraná; Construção da Estrada de Ferro São Paulo - Rio Grande do Sul; História da Construção da Estrada de Ferro Paranaguá - Curitiba; História da Linha de São Francisco do Sul; A Revolução de 1924; A Revolução de 1930; A Revolução de 1932; União da Vitória x Porto União; e Erva-mate: uma árvore de tradição.
A visitação é aberta ao público, de terça-feira a domingo, das 10 às 21 horas, com entrada gratuita. “Precisamos passar a história de Santa Catarina para as atuais e futuras gerações. Ela está muito escondida, apagada”, frisou Rosa.
Livro
A historiadora também lançou um livro sobre a trajetória de Claro Gustavo Jansson com o mesmo nome da exposição. “O que mais me fascina em relação ao fotógrafo é a persistência, a dedicação, todo o cuidado em escolher os melhores ângulos, o que na época não foi fácil. E a fotografia entrou na vida dele por acaso. No fim, se tornou um apaixonado pela causa de fotografar.”
Nascida em Irani, município do Meio-Oeste catarinense chamado de “berço do Contestado”, Rosa é autora de três livros relacionados ao conflito. As obras da pedagoga são voltadas a estudantes do ensino fundamental e médio: “O Espírito Catarinense do Homem do Contestado”, “O Contestado - A história que o Brasil não conhece” e “A Guerra do Contestado - Um século de vidas e histórias”. “Sempre fui fã das fotografias de Claro. Em 2012, quando escrevi um outro livro sobre o conflito, eu usei uma foto dele na última capa.”
Resgate histórico
A exposição e o livro dedicados a Jansson contam com o apoio da Fundação Catarinense de Cultura (FCC), órgão vinculado à Secretaria de Estado de Turismo, Cultura e Esporte (SOL). “Representam o resgate de uma história que marcou Santa Catarina e o Paraná. É um trabalho de uma importância imensurável”, destacou a presidente da FCC, Maria Teresinha Debatin.
A intenção é que a exposição se torne itinerante, passando por diferentes regiões do estado. “Minha vontade é levá-la para os locais onde aconteceram os conflitos, como Curitibanos, São Cristóvão do Sul, Canoinhas, Três Barras, Caçador, Joaçaba, Lebon Régis, Timbó Grande”, disse Rosa.
De acordo com a FCC, 500 exemplares do livro “Claro Gustavo Jansson: o fotógrafo do Contestado” serão distribuídos a bibliotecas públicas municipais de todo o estado.
Memorial do Contestado
A historiadora revelou que o seu maior sonho é a construção de um Memorial do Contestado em Santa Catarina. “Vou continuar lapidando essas fotos, mas gostaria de doar esse acervo a um memorial. Que o governo do Estado tenha essa sensibilidade, porque é a nossa história. Se não fosse o acordo da Guerra do Contestado, seríamos um estado diminuto.”
Serviço
O quê: Exposição fotográfica Claro Gustavo Jansson: o fotógrafo do Contestado
Onde: Espaço Lindolf Bell - Localizado no Centro Integrado de Cultura (CIC)
Av. Governador Irineu Bornhausen, 5600 - Agronômica - Florianópolis (SC)
Visitação: de 7 a 26 de setembro de 2016
Horário: de terça-feira a domingo, das 10h às 21h
Entrada gratuita
(Com informações da Assessoria de Comunicação da FCC)
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