Exposição conta história do cinema brasileiro por meio de revistas da década de 30
Uma longa aventura, cheia de drama e pontilhada com alegrias e alguns sustos, assim pode ser contada a história do cinema brasileiro desde suas primeiras décadas até os dias atuais. Está é a visão dos organizadores da exposição Revistas de Cinema, exposta no Museu da Imagem e do Som de Santa Catarina (MIS/SC) até o dia 28 de agosto. Com quase 60 itens expostos, a mostra é um convite ao diálogo entre diferentes gerações de artistas e público.
Fruto de uma parceria do curso de Cinema da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) com a Fundação Catarinense de Cultura, a partir do MIS, a exposição, segundo a coordenadora do museu, Ana Ligia Becker, conta a história do cinema por meio de revistas brasileiras dedicadas à sétima arte. Para o público que deseja conhecer a exposição, Ana Ligia destaca que estão expostos exemplares de publicações desde a década de 30 até meados dos anos 1970, com compilações anuais dos periódicos. "Com capas estampadas por atrizes famosas nas mais variadas poses, gestos e figurinos, tais publicações evidenciam todo glamour lançado sobre a produção cinematográfica da época", revela.
Ana Ligia explica que a exposição apresentada é um recorte das publicações mais relevantes do material selecionado do acervo. Segundo ela, os recortes foram efetuados com foco em discutir algumas questões relevantes nas linhas editoriais da época de uma forma geral. "Mostramos desde o material editorial das revistas aos atrativos que elas ofereciam, como a oportunidade do leitor descobrir atores e atrizes famosos; jogar palavras cruzadas; o espaço do clube dos fãs, que permitia a troca de endereços para debaterem sobre os filmes; as trilhas sonoras; além da publicidade e moda que era enfatizada na época."
À frente do projeto, o professor de cinema da UFSC Rodrigo Garcez avalia a exposição como um desafio, de sair do espaço acadêmico para um trabalho fora da grade curricular. "Neste imprevisto de fazer algo diferente, os alunos que participaram desta curadoria tiveram o prazer de concluir um trabalho muito positivo."
Durante este período da exposição, os visitantes terão a oportunidade de descobrir o que era falado sobre o cinema brasileiro nas revistas da época em contraponto com a grande maioria dos artigos e matérias que visassem sobre o cinema hollywoodiano. De acordo com o professor, alguns recortes apresentados na exposição falam sobre as questões de gênero envolvendo a representatividade da imagem da mulher ditada e disseminada no cinema, a partir das revistas. "Cada matéria é um mar de peculiaridades e detalhes que vão desde a forma escrita de cada época às transformações que a nossa língua escrita passou ao longo do tempo."
Ao manifestar sua experiência em participar da organização da exposição, o estudante de cinema Rafael Minardi revelou que as linhas editoriais das publicações exploram histórias e personagens da ficção e os misturam à vida privada dos astros e estrelas, modelo que até hoje pode ser encontrado nas bancas de revistas. Para o estudante, a publicidade veiculada dita moda, constroe e dissemina imagens, mensagens, padrões e comportamentos dedicados principalmente ao público feminino, sendo impossível não relacioná-las à discussão sobre gênero. Responsável pela "caixa de ideias", um espaço dentro da exposição, Rafael explica que a proposta é trazer um pouco do cinema de resistência, a crítica cinematográfica, segundo ele esquecida no material impresso. "Na caixa de ideias o público pode aproveitar as palavras de resistência apresentadas para lançar um debate", explicou.
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