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27/05/2014 - 13h46min

Referência mundial, experiência alemã orienta novo modelo de gestão dos resíduos urbanos

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O prefeito da Capital, César Souza Júnior, lembrou que em Santa Catarina não há mais lixões. FOTO: Solon Soares/Agência AL

O prefeito de Florianópolis, Cesar Souza Júnior, abriu na manhã desta terça-feira (26) o 2º Congresso Técnico Brasil Alemanha Gestão Sustentável de Resíduos Sólidos Urbanos que reúne cerca de 500 pessoas no Auditório Antonieta de Barros, na Assembleia Legislativa de Santa Catarina. Destacou as fortes relações que o Estado mantém com a Alemanha e a chance de cooperação tecnológica com o país europeu que hoje já consegue reciclar 63% da sua produção de resíduos com sistemas de coleta seletiva. Na Capital, esse percentual é hoje de 6%.

“Santa Catarina está na frente em relação a maior parte do Brasil, porque aqui não há mais lixões. Todos os municípios encaminham seus resíduos para aterros legalizados, mas está na hora do passo seguinte, de gerar subprodutos aproveitáveis e energia”, apontou o prefeito. Segundo ele, é preciso definir um novo modelo de gestão dos resíduos na região metropolitana, onde vivem 1,1 milhão de pessoas, e essa solução necessariamente terá de ser conjunta.

Além de aperfeiçoar o destino final dos resíduos com a recuperação energética, observou o prefeito, é preciso humanizar e modernizar a coleta dos resíduos. Hoje ainda há muito contato direto do trabalhador com os resíduos. Também é preciso estimular o reuso e o reaproveitamento dos materiais. “Ainda é espantoso o que se joga no lixo no Brasil, coisas que poderiam ser reaproveitadas ainda nas residências”, lembrou. Em Florianópolis, a Comcap recolhe em média mais de um quilo de resíduo por habitante/dia.

O diretor de Operações da Comcap, Marius Bagnati, disse que a aproximação do meio acadêmico às organizações públicas e privadas na Alemanha permitiu grandes avanços lá. A coleta seletiva na Alemanha foi implantada nos anos 80, mesmo período em que passou a ser feita em Florianópolis, por exemplo, mas hoje a diferença em termos de recuperação e reciclagem dos materiais é “abissal”. O momento, indicou, é de planejar o futuro. Nas próximas semanas, serão licitados o plano de gestão de resíduos sólidos para os 22 municípios do entorno de Florianópolis e a prefeitura da Capital já contratou o seu em abril.

O 2º Congresso Técnico Brasil-Alemanha, que ocorre até esta quarta-feira (dia 28), aponta para tecnologias e práticas que permitirão consolidar as metas da Política Nacional de Resíduos Sólidos. O evento conta com 10 palestrantes alemães e 20 de renome nacional, abrange de catadores a financiadores, passando por experiências municipais, organizações alemãs de alta tecnologia e órgãos licenciadores brasileiros.

Metas ousadas e prazos curtos

As metas nacionais são ousadas e os prazos curtos, por isso é preciso aplicar tecnologias que permitam a recuperação de até 84% dos resíduos sólidos hoje aterrados. Em Florianópolis, por exemplo, onde a coleta seletiva de materiais recicláveis conta mais de duas décadas, são recolhidos de forma separada na porta dos domicílios 6,5% do total de resíduos coletados. A meta da Prefeitura de Florianópolis é chegar a 10% este ano e a 20% em 2015.

A Alemanha, compara Christiane Pereira, coordenadora da Universidade Técnica de Braunschweig e do Instituto CREED no Brasil, parceiros da Comcap e da Prefeitura de Florianópolis na organização do evento, recupera mais de 60% dos resíduos e, em alguns segmentos como o de papel e de metal, a coleta nem precisa mais da intervenção dos municípios. A coleta e reciclagem desses materiais já se tornaram atividades sustentáveis para operadores privados, desonerando os custos públicos com logística e recolhimento.

Hoje, inclusive, em razão da dependência dos preços de energia, o valor dos reciclados tem aumentado bastante na Europa, conforme o professor Klaus Fricke. O palestrante é autoridade mundial em reciclagem, responsável pela implantação da coleta seletiva na Alemanha em 1983 e de outras 100 plantas de tratamento de resíduos. É consultor de três ministérios alemães e também atua no Brasil.

Fração de orgânicos deve começar a ser reciclada

No Brasil, é preciso reparar que as tecnologias já estão disponíveis e acessíveis, observa Marius Bagnati. Daí a relevância do congresso, cuja primeira edição ocorreu em Jundiaí, São Paulo. Neste segundo evento em cooperação com a Alemanha, a recuperação de resíduos orgânicos é o gancho central dos debates. “Hoje, metade do lixo aterrado no Brasil é composta por resíduos orgânicos. Está na hora de essa fração úmida passar a ser tratada como reciclável, assim como a fração seca composta de metais, papéis, vidros e plásticos”, propõe Bagnati.

Não há nenhuma capital brasileira que tenha a coleta diferenciada e a reciclagem de orgânicos prevista como política pública, apenas pequenas experiências de compostagem em geral em parceria com organizações civis.

Palestras

Terça- feira - Klaus Fricke  

Formado em Geologia, doutor em Engenharia, professor catedrático e pesquisador da TUBS (Universidade Técnica de Braunschweig), diretor de Departamento de Resíduos Sólidos e Recursos naturais, presidente do CREED, vice-presidente da RETECH, editor da revista técnica MUELL und ABFALL, atua há mais de 30 anos em gestão de resíduos na Alemanha e em outros continentes, foi responsável pela implantação, em 1983, da coleta seletiva e compostagem de orgânicos na Alemanha.

Autor de diversas publicações técnicas, tem participação como assessor técnico do Governo Alemão pelos Ministérios de Educação e Pesquisa, de Cooperação e de Meio Ambiente. Trabalhou no Brasil como consultor em projetos da ANEEL e Caixa Econômica Federal, para prefeituras. Coordena o curso de mestrado em Engenharia Urbana ministrado pela cooperação PUC e TUBS.

Quarta-feira - Silvano Silvério

Engenheiro Civil pela FUMEC, Mestre em Tecnologia Ambiental e Recursos hídricos pela UnB, especialista em infraestrutura do Governo Federal. Presidente da Autoridade Municipal de Limpeza Urbana. Foi secretário nacional de recursos hídricos e ambiente urbano do Ministério do Meio Ambiente. Diretor de ambiente urbano da Secretaria de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano do Ministério do Meio Ambiente. Possui artigos em livros e revistas sobre saneamento básico.

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