07/10/2009 - 19h19min
Ex-conselheiro e principal acionista da Celesc responde questões relacionadas à empresa
Lírio Parisotto, ex-conselheiro e principal acionista das Centrais Elétricas de Santa Catarina (Celesc), esteve na tarde de hoje (7) na Assembleia Legislativa, atendendo convite da Bancada do PP, para esclarecer uma série de questões por ele levantadas sobre a empresa. Entre os assuntos abordados estiveram as indicações políticas para os cargos de direção e a falta de investimento na geração de energia. Estavam presentes 20 deputados estaduais, a maioria das bancadas do PP e PMDB. “A situação da Celesc está preocupando a todos nós. Queremos esclarecimentos sobre a real situação da empresa”, disse o líder da bancada do PP, deputado Silvio Dreveck.
Em abril de 2009, em carta, o ex-conselheiro afirmou que a qualificação da Diretoria Executiva é nula e que há falta de foco nas questões efetivamente relevantes de cada diretoria. “O controle mensal da evolução das suas obrigações resultou em números insatisfatórios em todas as áreas. A gestão da companhia é medíocre e isso acontece porque todos os que estão lá têm ‘dono’. A empresa deveria dar um lucro de R$ 600 milhões por ano, mas isso não acontece,” denunciou.
A má gestão também foi citada por Lírio Parisotto quando a empresa realizou o Programa de Demissão Voluntária (PDV), em 2002, onde 1.801 empregados foram demitidos. Segundo ele, foram gastos mais de R$ 600 milhões com o PDV, dos quais ainda faltam para pagar R$ 216 milhões. “Depois disso, em 2006, foi realizado um concurso público que contratou 1.802 pessoas. Eu não entendo. Isso demonstra a irresponsabilidade, falta de um bom planejamento e a falta de compromisso da administração com a eficiência da companhia.”
O excesso de funcionários, de chefias e de horas-extras também foi criticado por Lírio, que defende que os acionistas deveriam indicar o presidente da estatal e que o mesmo deveria escolher seus diretores. A proposta gerou questionamento do líder do governo, deputado Elizeu Mattos (PMDB), que questionou o ex-conselheiro sobre sua opinião quanto à possível privatização da empresa. “Acredito que o senhor é a favor da privatização porque, como acionista, seus lucros irão triplicar. Acho que o senhor está agindo em causa própria. Mas o nosso interesse é que a empresa continue pública. A Celesc é dos catarinenses”, exclamou Elizeu. O líder do governo também perguntou por que o acionista continua comprando ações, se a empresa não gera lucro. Em sua defesa, Lírio declarou que não é contra e nem a favor da privatização. “Sou a favor de uma empresa melhor e não me importa de que jeito é. E sobre as ações, eu compro porque é um voto de confiança nesse estado”, finalizou
Também presente no encontro, o deputado Joares Ponticelli (PP) questionou o ex-conselheiro sobre a inadimplência, já que dos R$ 500 milhões devidos pelo setor industrial, R$ 300 milhões são das indústrias têxteis. “A inadimplência que a empresa apresenta é superior à regulatória estabelecida pela Aneel, que é 0,6% da receita bruta com o fornecimento de energia. Mas isso está mudando. Pelo menos, uma boa notícia”, comemorou.
Já em relação aos investimentos em geração de energia, Lírio disse que a empresa não tem dinheiro para este fim. “Atualmente, as 12 PCHs espalhadas pelo estado produzem 80,9 MW de energia. Se houvesse incremento por parte da Celesc, elas produziriam perto de 185 MW. Isso seria altamente rentável”, completou. As propostas do ex-conselheiro são implementar um plano de melhoria de performance na Celesc, profissionalizar a gestão e investir na geração de energia. (Graziela May Pereira/Divulgação Alesc)