Evento trata do enfrentamento da violência contra as mulheres negras
FOTO: Bruno Collaço / AGÊNCIA AL
O Plenarinho da Assembleia Legislativa de Santa Catarina foi palco, na noite desta segunda-feira (9), de um evento que integra a campanha 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres. Organizado pela Bancada Feminina da Alesc, o encontro tratou da situação das mulheres negras.
“Além da questão de gênero que é visível, a questão de ser negra faz com que essa violência se duplique para as mulheres negras. É algo que envolve o gênero, a raça e a renda”, comentou a arte-educadora e escritora Giselle Marques, que foi a mediadora da mesa de abertura do evento.
A violência contra as mulheres não foi o único tema abordado. A participação feminina na política foi enfocado pela estagiária do Programa Antonieta de Barros (PAB) Delza da Hora Souza. Ao contar a trajetória a primeira e única mulher negra a ser eleita deputada em Santa Catarina, ela propôs uma reflexão sobre o que é feito para incentivar e possibilitar a participação das mulheres negras na política.
A professora e doutoranda em Educação Cíntia Cardoso trouxe o tema da questão racial na infância, abordado no curta-metragem “O Baile”, que foi exibido durante o evento. “Desde a mais tenra idade, as meninas já são submetidas a trabalho infantil, a uma infância que não privilegia a brincadeira”, comentou Cíntia.
As protagonistas do curta, Emilly de Jesus e Adélia Garcia, participaram do evento desta noite, junto a diretora do filme, Cíntia Bittar. A obra conta a história de uma menina de 8 anos, interpretada por Emily, que cuida da bisavó, vivida por Adélia, que sofre de mal de Alzheimer.
Exposições
Além de apresentações musicais e performances artísticas, o evento da Bancada Feminina contou com exposição “A Arte pela Vida” e com uma mostra fotográfica com imagens de estudantes do Morro do Horácio, em Florianópolis, e seus familiares. A professora Janete Elenice Jorge, que produziu as fotos, comentou que o objetivo foi dar visibilidade à beleza negra.
“Muitas dessas crianças não se reconheciam como negras, estavam ligadas aos estereótipos de beleza que vemos na televisão, na sociedade. Essas fotos buscam desconstruir esses estereótipos e permitir que essas crianças se percebam como negras, em toda a sua beleza”, explicou Janete.
A deputada Marlene Fengler (PSD) participou do evento. Além de trazer uma mensagem da deputada Ana de Luca (MDB), coordenadora da Bancada Feminina, a parlamentar conclamou as mulheres a participarem da política e a ocuparem seus espaços dentro nos ambientes de decisão e poder, como o parlamento, apesar desses ambientes serem dominados pelos homens.
“Qualquer tipo de evento que chame a atenção para esse tipo de problema é extremamente importante”, comentou Marlene. “Mais importante ainda é as mulheres participarem do processo político e ocuparem os espaços, ainda que o preço a pagar por isso pareça alto.”
Agência AL