Evento aborda participação da mulher na política
O Encontro Estadual do Fórum da Mulher Parlamentar terminou na manhã desta sexta-feira (24), na Assembleia Legislativa, com uma conversa sobre as mulheres no poder, com a participação de parlamentares federais e estaduais, e duas palestras. Uma abordou as ações do Poder Judiciário no enfrentamento da violência doméstica e familiar, e a outra, as eleições de 2018 e os reflexos para 2020, com o fim das coligações e das candidaturas laranjas. O evento foi promovido pela União dos Vereadores do Estado de Santa Catarina (Uvesc).
Para a deputada federal Carmen Zanotto (PPS/SC), as mulheres têm menos oportunidades do que os homens na política, e eventos como esse são importantes para despertar e incentivar as mulheres para esse campo. “Todas as mulheres podem e devem ocupar todos os espaços de poder. O lugar da mulher é onde ela desejar, onde ela quiser, onde ela se sinta bem.”
O senador Jorginho Mello (PL/SC) disse ser um histórico incentivador das mulheres na política para realmente disputar os cargos, não apenas preencher a cota obrigatória de 30%. “Sempre tratei a mulher, na participação política, igualzinho aos homens. Em todas as eleições, todas as mulheres que a gente coloca pra disputar, convida, são competitivas, não tem brincadeira.”
De acordo com o senador, o fim das coligações nas chapas proporcionais deve refletir na composição das nominatas. “Essa confusão que deu lá em Minas Gerais, de mulher laranja, se prestando a receber dinheiro e pagar candidaturas de homens, isso tudo acabou. E com o fim das coligações nas proporcionais, acabou de vez.”
Jorginho Mello elogiou a iniciativa da Uvesc em promover o evento para estimular a mulher a entrar para a política. “A participação da mulher é muito importante. A mulher enxerga diferente, a mulher faz diferente. Eu nunca abri mão. No partido, eu vou ter um encontro agora em Lages, no dia 15, de mulheres de todo o Estado, e fomentando já para preparar as nominatas para as eleições de prefeito e vereador.”
O deputado Marcius Machado (PL) recorreu a uma citação para exemplificar sua visão sobre o assunto. “Quando homem entra na política, a política muda o homem; quando a mulher entra na política, a mulher muda a política”, disse o parlamentar. “A gente precisa ter esse entendimento, esse colorido, esse bonito da mulher. Ela é importante na política e tomara que mais mulheres façam parte para transformá-la.”
Violência doméstica e familiar
O juiz de Direito do Juizado da Violência da Comarca da Capital, Marcelo Volpato de Souza, falou sobre as ações do Poder Judiciário no enfrentamento à violência doméstica e familiar. Souza apresentou ações, projetos e programas que têm esse objetivo e trouxe a experiência de outras instituições que fazem parte da rede de proteção à mulher. “A partir da demonstração desse trabalho, a ideia é que cada uma possa avaliar quais são as melhores ideias, as melhores boas práticas e aplicar em seus municípios.”
Para o magistrado, a participação feminina na política contribui muito para o sucesso das políticas de combate à violência. “O olhar feminino é fundamental. As mulheres que sempre foram historicamente vítimas de uma violência muitas vezes silenciosa, que ocorria dentro de casa e que às vezes as impedia de acessar cargos públicos, de acessar cargos parlamentares, faz com que consiga se enriquecer cada vez mais o tema e traz uma nova abordagem, um novo olhar sobre isso.”
O advogado Antônio Augusto Mayer dos Santos, especialista em direito eleitoral, abordou as diferenças entre as eleições de 2018 e 2020, com ênfase no combate às candidaturas laranjas de mulheres para preencher as cotas obrigatórias. Para o advogado, os problemas detectados pela Justiça Eleitoral em 2018 devem acirrar a fiscalização sobre a distribuição de recursos para candidaturas femininas no ano que vem. “Tenho certeza de que isso vai ser objeto de uma guinada em termos de fiscalização, porque do jeito como se encontra, criou fragilidades”, avaliou o especialista. (Leia aqui entrevista exclusiva com o advogado).