Estimulada pela solidariedade, Chapecoense retoma atividades
Após passar pela semana mais triste de seus 43 anos, a Chapecoense retoma suas atividades nesta semana, visando à recomposição da diretoria, comissão técnica e elenco de jogadores. O time ainda teria mais um jogo pelo Campeonato Brasileiro, contra o Atlético-MG, no próximo domingo (11), em Chapecó, mas o time de Belo Horizonte já informou que não virá para a disputa da partida, em respeito ao momento vivido pelo clube catarinense. Prefere perder por W.O.
O elenco atual da Chapecoense ficou reduzido a 11 atletas. Praticamente toda a comissão técnica e a diretoria morreram no acidente aéreo. Da direção, restaram três pessoas. No dia 14, estava marcada a eleição para a presidência do clube, na qual Sandro Pallaoro, morto no desastre, deveria ser reconduzido. Agora, em meio a um sentimento de tristeza, mas incentivados pela solidariedade, os poucos membros da atual diretoria tentam definir a nova data da eleição.
Durante as homenagens aos mortos, na semana passada, dirigentes e autoridades foram unânimes ao afirmar que, mesmo diante de tantas perdas e dificuldades, o time será reconstruído. Ressaltaram que a sequência do trabalho é a melhor homenagem que as vítimas do acidente aéreo poderiam receber.
“A melhor homenagem é, já a partir do Campeonato Catarinense 2017, montar um time forte e competitivo, que orgulhe aqueles que vêm ao campo”, disse o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Gelson Merisio (PSD). “Para jogar na Chapecoense a partir de agora, não basta apenas ser um bom jogador: tem que ter a alma de cada um daqueles que partiram, incorporada ao trabalho. Com isso, tenho certeza que teremos grandes conquistas.”
No velório coletivo, realizado sábado (3) na Arena Condá, o prefeito de Chapecó, Luciano Buligon (PSB), conclamou todos a se unirem pela reconstrução. “Vamos todos unidos começar a nova conquista desta equipe que não é mais de Chapecó, é do mundo, é de todos nós”, disse. “A Chapecoense foi com um sonho para Colômbia e voltou como lenda. Lendas não morrem, e nós não vamos deixar a Chapecoense morrer.”
A deputada Luciane Carminatti (PT), que é integrante do Conselho Consultivo do clube, disse que a Chapecoense é muito mais que um time que representa Chapecó e Santa Catarina no futebol nacional e mundial. “É um time que representa um sonho, esperança, conquista, mostrou para o mundo que é possível os pequenos crescerem e vencerem”, afirmou. “Quero me dedicar mais do que já me dediquei para reconstruir tudo isso em memória de todos que se foram.”
Presidente em exercício do clube, Ivan Tozzo ressaltou que a Chapecoense precisa, mais do que nunca, de seus torcedores. “Nosso sonho não acabou. Ele renascerá com a força de cada um de nós, de cada criança, cada família, de cada torcedor, pois esse time nos mostrou que o impossível pode se tornar possível.”
O presidente do Conselho Deliberativo, Plínio De Nes Filho, deveria estar no avião que levava a delegação. Entendeu a não ida à Colômbia como uma mensagem importante. “Se nós ficamos, é porque temos uma missão de continuar a obra tão corajosamente construída pelos nossos amigos que se foram. A Chape será sempre o orgulho de todos nós”, declarou.
Mesmo ainda em meio à tristeza e à saudade, a semana começou com uma notícia boa para a Chapecoense. Nesta segunda-feira, a Conmebol, entidade que organiza a Copa Sul-americana, declarou a equipe de Chapecó campeã do torneio continental, conforme pedido do adversário, o Atlético Nacional da Colômbia. Pela conquista, garantiu vaga na Recopa Sul-americana e na Taça Libertadores da América de 2017, além de uma premiação de quase 4,8 milhões de dólares (o equivalente a mais de R$ 15 milhões) pelo título continental e pelas vagas nas competições do ano que vem.
Agência AL