Estado se planejou para enfrentar pandemia, garante secretário
Questionado sobre os temas que pautaram o debate na Comissão de Saúde, o secretário André Motta Ribeiro afirmou que o governo catarinense sempre teve planejamento para enfrentar a pandemia. O gestor detalhou as ações que vêm sendo colocadas em prática e destacou o repasse de cerca de R$ 1,5 bilhão para combater a crise.
De acordo com ele, o valor foi destinado, dentro da Política Hospitalar Catarinense, para habilitações e prorrogações de funcionamento de UTIs e pagamentos administrativos de leitos utilizados. A verba também foi empregada em respiradores, além de convênios com municípios. O dinheiro também teria atendido a rede filantrópica, para compra de insumos. “Garantimos o teto máximo até outubro de 2021 e os quase R$ 200 milhões em emendas da Alesc foram todos repassados. Estamos antecipando valores de abril e iniciando de maio para que a rede hospitalar possa fazer oferta de atendimento de alta complexidade”, citou o secretário.
“A logística de medicamentos, insumos e equipamentos é problema mundial, mas desde o início temos um planejamento que possibilitou até agora trazer segurança e saúde às pessoas com acesso à alta complexidade”, garantiu Ribeiro. Sobre o cronograma para compra de remédios e equipamentos, o secretário disse não ter como informar, pois o mercado “está em momento extremamente difícil e comprometido com o governo federal”. O governo catarinense, porém, afirmou o gestor, já manifestou “há muitos meses” o interesse em comprar “vacinas diversas”.
Ribeiro enfatizou que dos 61 hospitais de Santa Catarina, só 11 são administrados pelo governo. “Para esses temos obrigação de planejar estoques e estamos preparados desde o início da pandemia. Estamos pagando o teto máximo para o custeio para compra de insumos, medicamentos, gases medicinais. E ainda fizemos mais de 220% no aumento de UTIs, com quase mil leitos ativos.”
De acordo com ele, o estado também garantiu 1.051 ventiladores e 863 monitores cardíacos. “E foram enviados equipamentos também para hospitais de pequeno porte, além de fornecermos kits de entubação para municípios e hospitais de outras redes, que deveriam ter os estoques próprios.”
Sobre a questão do oxigênio hospitalar, o secretário disse que os fornecedores garantem o produto, mas o problema é a falta de cilindros. Em relação aos medicamentos, disse Ribeiro, a secretaria vinha alertando os hospitais desde o último mês de agosto que haveria escassez. “A indústria não é capaz de produzir a demanda mundial.”
A deputada Ada de Luca (MDB) citou o caso de outros estados onde não houve planejamento de UTIs com médicos intensivistas contratados. Ribeiro explicou que o treinamento de pessoal vem sendo feito em parcerias com a ACM e outros órgãos. “UTIS do Brasil todo têm necessidade de 30% de intensivistas. Nesse momento é mais complicado ainda ter qualidade ótima de serviço, mas estamos ofertando treinamento para ter qualidade mínima de atendimentos.”
Co-autora do requerimento que proporcionou o debate, a deputada Luciane Carminatti (PT) indagou se os hospitais que não estão sob responsabilidade do Estado também estão recebendo suporte. “Desde março de 2020 estamos distribuindo recursos e equipamentos para toda a rede hospitalar”, respondeu Ribeiro.
Presidente da Federação das Santas Casas, Hospitais e Entidades Filantrópicas do Estado de Santa Catarina (Fehosc), a Irmã Neusa Lucio Luiz comentou que a rede hospitalar filantrópica enfrenta a grande dificuldade de desabastecimento. “Temos planejamento para aquisição de medicação, mas não estava prevista a quantidade de pacientes graves que chegariam à rede.” A entidade está em busca de uma compra por meio de uma empresa importadora, mas surgiu um problema com uma limitação definida pela Anvisa. “Nos sentimos de mãos atadas. A preocupação é grande e há um grito geral de pedido de socorro diante da gravidade de pacientes e não termos garantia e segurança de medicação.”
Outros setores
A Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc) também participou da reunião. O presidente da entidade, Mario Cezar de Aguiar, relatou que, desde o início da pandemia, houve envolvimento no auxílio à população e ao governo. Segundo ele, houve o fornecimento e recuperação de respiradores, a criação de um fundo para compra de insumos e uma plataforma de dados para o monitoramento de mais de 120 mil colaboradores. “Estamos em campanha para angariar cilindros para suprir falta de oxigênio, estamos nos concentrando na aquisição de vacinas, além de termos iniciado a aplicação de 300 mil vacinas da H1N1.”
Presidente do Sistema Fecomércio Sesc/Senac, Bruno Breithaupt, contou que a entidade também colabora nas ações de monitoramento dos colaboradores. “Estamos à disposição também sobre protocolos de sanidade e segurança, que sempre discutimos e colocamos aos nossos filiados que mantenham o uso rígido.”
O promotor Douglas Roberto Martins, por sua vez, contou que o Ministério Público vem atuando na fiscalização das ações tanto do governo estadual quanto de prefeituras, além do setor empresarial. “Sobre a disponiblidade dos gases medicinais, a Promotoria da Capital oficiou as empresas que têm maior oferta de serviços ao Estado. Duas delas garantem que podem ampliar o suprimento de gás. Na questão da vacinação, estamos acompanhando o procedimento em todas as comarcas. A preocupação é quantidade reduzida de doses recebidas, apesar dos esforços dos municípios e do estado.”