Aleitamento: especialistas recomendam visão sistêmica e colaboração familiar
Especialistas que participaram do 4º Congresso Catarinense de Aleitamento Materno, que prossegue nesta quinta-feira (11) na Assembleia legislativa, recomendaram aos profissionais de saúde visão sistêmica e a colaboração da família na amamentação.
“Atendi uma mãe que estava com o psicólogo e veio para colocar o bebê no seio. Só na caminhada vi ‘aí tem coisa’. Cheguei perto, a mãe dela estava com cara de choro e ela tremia. Pensei ‘o que vou fazer?’ Conversei, falei ‘como você está, vim aqui te ajudar a colocar no peito’. Mas ela não conseguia falar. Disse ‘encosta tua cabeça, respira, respira, tenta lembrar de alguém que você queria que estivesse contigo’. Vi que as lágrimas vieram, o bebê acordou, peguei ele no colo, coloquei no seio e ele mamou”, contou a doutora Luciana Ferreira Cardoso Assuiti.
Após o bebê mamar, a mãe, a avó e o psicólogo agradeceram a intervenção de Luciana e explicaram o motivo do choro da mãe.
“O namorado tinha sido assassinado na Bahia, na frente dela, naquele momento ela trouxe ele para aquela sala, ela se acalmou e amamentou. Todas as técnicas não têm e menor importância se vocês não jogarem no time dos bebês, vamos estudar as questões sistêmicas e assim vamos poder ajudar”, incentivou a servidora da UTI Neonatal da Maternidade do Hospital Universitário (HU/ UFSC).
Já Soninha da Silva, enfermeira e consultora de aleitamento materno, enfatizou a importância do engajamento familiar, principalmente dos pais e dos avós.
“É muito importante preparar para a chegada do bebê, não só a mãe, como o pai. Faz a diferença, a gente preza pela presença dos familiares em oficinas e cursos”, afirmou Soninha.
A consultora citou o exemplo da mãe que está de licença maternidade e não tem ou recusa o auxílio do marido ou de membro da família.
“Está de licença, mas está trabalhando em casa e dá plantão à noite porque o pai trabalhou durante o dia. Daí vem o esgotamento de leite e a mãe poupando esse pai. Chama o pai, coloca ele para colaborar 50% x 50%. Chama todo mundo da família, a sogra. Tem de conscientizar a mãe de que se ela quiser continuar a se cuidar como mulher, precisa de apoio e estrutura para amamentar”, destacou Soninha da Silva.
Alterações orofaciais
Marynes Terezinha Reibnitz, dentista da Secretaria Municipal de Saúde da Capital, abordou as alterações na boca e na face (orofaciais) mais comuns, como a anquiloglossia, fissura lábio palatal e hábitos adquiridos pelo uso de chupetas, mamadeiras e afins.
“Anquiloglossia é língua presa, a língua do bebê tem um fio muito grande e fibroso, muito inserido na pontinha, podendo dificultar a apreensão do mamilo para o aleitamento. Faz o teste da linguinha e se necessário acaba cortando o freio. A criança chora, mas a gente diz, ‘põe no peito’. Vai começar a mamar e o próprio leite vai ajudar”, ensinou a dentista.
No caso de fissura lábio palatal, Marynes insistiu que a criança pode e deve mamar.
“A recuperação do bebê, o pós-operatório, tudo será tão melhor, quanto melhor estiver a musculatura lábio facial, estimulada pela amamentação”, pontuou a especialista.
Por outro lado, a dentista alertou que se o uso das chupetas, fraldas, dedos e mamadeiras não for interrompido no tempo certo, causa importantes alterações nos dentes, boca e rosto e também podem afetar o “lado psicológico” das crianças e dos futuros adultos.
Agência AL