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31/07/2018 - 13h07min

Especialista apresenta projeto para monitoramento em áreas de conservação

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De acordo com o pesquisador, o sistema também pode se revelar útil para o controle das unidades de conservação existentes em SC

PhD em Ecologia e Conservação da Vida Silvestre e coordenador de Monitoramento do Instituto Mamirauá - unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações - Emiliano Ramalho é um dos palestrantes mais aguardados do 9º Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação (CBUC), que ocorre em entre terça e quinta-feira, dias 31/07 e 02/08, em Florianópolis. Ele lidera o Providence, tido como um dos projetos mais inovadores em termos de monitoramento de espécies em todo o mundo.

Fruto de uma colaboração entre instituições brasileiras, australianas e espanholas, o Providence vai além dos atuais aparelhos normalmente utilizados para o monitoramento da biodiversidade de uma região, tais como armadilhas fotográficas disparadas por sensores de movimento. O equipamento utiliza placas de energia solar, o que permite a sua utilização em campo sem a necessidade de trocas periódicas de baterias.

Também incorpora tecnologias que permitem a captação de áudio, expandindo a área monitorada em 500 metros além do visual, o que aumenta as chances de identificação de espécies. Como funciona embaixo d’água, o sistema já tornou possível o acompanhamento até mesmo de exemplares de botos endêmicos dos rios amazônica, conforme destacou o pesquisador.

Um dos aspectos mais vantajosos do Providence, entretanto, é o fato de transmitir instantaneamente os dados captados, sem a necessidade de intervenção dos pesquisadores. “Por meio dele, podemos saber o que está acontecendo com a biodiversidade de uma região, se os animais estão voltando para uma determinada área de onde tinham desaparecido, tudo em tempo real. E poderemos mostrar isso de forma automática, na internet, aproximando as pessoas da causa da conservação ambiental.”

Todos os dados obtidos, tais como índices de incidência de uma determinada espécie e mapas das localidades analisadas, também são disponibilizados diretamente para um site na internet, dispensando os pesquisadores da tarefa de tabular os dados. 

Ainda de acordo com o pesquisador, mesmo estando em seus estágios iniciais (foi implantando no início de abril), o Providence já se mostrou uma ferramenta eficiente para o monitoramento da fauna, tornando possível a identificação de 27 espécies na reserva amazônica Mamirauá, entre aves, mamíferos e répteis.     

Para ele, o sistema também pode se revelar extremamente útil para o controle das unidades de conservação existentes em Santa Catarina, ou mesmo de áreas que estejam passando por um processo de recuperação ambiental. “Criamos essa tecnologia e a estamos testando lá [na Amazônia] por ser um dos ambientes mais desafiadores, mas não há nenhuma dificuldade em trazer o equipamento e colocá-lo numa reserva em Santa Catarina para monitorar o que está acontecendo ou até para acompanhar ações de conservação. Então, por exemplo, se estiverem restaurando uma área e quiserem saber se os animais estão voltando e que a sociedade acompanhe em primeira mão, tudo isso poderá ser viabilizado pela internet.”

Onça-pintada

Além de líder do projeto Providence, Ramalho também se destaca pela sua atuação no maior e mais antigo programa de pesquisa e conservação da onça-pintada (Panthera onça) na Amazônia brasileira.

Durante os mais de dez anos em que estuda o felino, o pesquisador especializou-se no acompanhamento de ambientes de várzea, trechos de floresta que permanecem alagados em determinados períodos do ano. Segundo ele, até as primeiras pesquisas serem realizadas, o conhecimento científico que se tinha era de que os animais evitavam tais localidades, nos quais a água chega a subir 10 metros além do nível dos rios. “O que descobrimos é que estas áreas são super importantes para onça-pintada, apresentando as maiores densidades do animal na Amazônia. Nelas, as onças também apresentam um comportamento muito peculiar, permanecendo em cima das árvores durante três a quatro meses do ano, onde elas caçam, se reproduzem, criam seus filhotes. Esta é uma descoberta bastante  interessante e acrescenta ao conhecimento que a espécie tem uma ecologia bastante flexível.”

Alexandre Back
Agência AL

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