Escritor português fala sobre “holocausto do século 21”
O escritor português radicado em Florianópolis Afonso Rocha utilizou a tribuna da Assembleia Legislativa, nesta quinta-feira (14), para falar sobre o tema do livro de sua autoria, “Pecador não confesso”, que denuncia o que ele chama de “o holocausto do século 21”. Abuso e violência sexual, preconceito com Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros (LGBTs), intolerância com imigrantes, racismo e tráfico de pessoas são alguns dos crimes que caracterizam o novo holocausto denunciado pelo escritor.
Rocha, que se apresenta como cidadão livre, sem preconceitos, sem vínculos políticos e ideológicos, disse que como escritor “se acha no dever de se levantar contra as injustiças” e lamentou o aumento da ignorância, da indiferença e da passividade dos cidadãos.
O escritor revelou números que mostram o flagelo da violência sexual no país, mas afirmou que esse não é um problema exclusivamente brasileiro. Segundo ele, a cada 7 minutos há uma denúncia de assédio ou violência sexual no Brasil. Em 2018, houve mais de 1,2 milhão de processos de mulheres vítimas de violência; 30% das mulheres brasileiras tiveram uma primeira experiência sexual forçada por alguém que vivia próximo delas; houve 190 mil notificações de estupro em 2018, mas somente 35% dos abusos são notificados.
“Este flagelo não é só brasileiro, nem português, nem argentino, nem africano, nem dos países mais pobres e menos desenvolvidos. Predadores sexuais existem e atacam por todo lado. Na lista dos dez países onde a violência mais avança encontram-se África do Sul, Suécia, Estados Unidos, Reino Unido, Índia, Nova Zelândia, Canadá, Austrália, Zimbábue e Finlândia”, disse Afonso Rocha.
O escritor acrescentou que Santa Catarina é o segundo estado do país em casos de estupro – em 2018 foram notificados 2.219 casos. E o feminicídio aumenta exponencialmente – a cada quatro horas uma mulher é assassinada no estado. “Só nos dez primeiros meses deste ano, foram assassinadas 50 mulheres em Santa Catarina. Diariamente são presos 14 homens por violência doméstica no estado.”
Esse quadro, que o escritor considera aterrador, em nível nacional e internacional, é abordado no livro “Pecador não confesso”. “É um alerta para o que todos podemos fazer em prol da sociedade. Que o nosso amanhã comece aqui e agora”, finalizou.
Agência AL