Escolas compartilham projetos bem sucedidos desenvolvidos com os estudantes
A reunião da Comissão de Educação desta quarta-feira (27) abriu espaço para a apresentação de experiências positivas de quatro instituições de ensino do Grande Oeste do Estado, em projetos que envolvem a educação sobre a democracia, formação do jovem do campo e conscientização sobre dependência tecnológica.
Projeto Eleições na Escola
A primeira instituição a se manifestar foi a Escola Municipal Francisco Corá, do município de Guatambu. Ali, estudantes do 5º ano do ensino fundamental exercitam a democracia na rotina de atividades, por meio do projeto “Eleições na Escola”.
A professora Emanuela Costa Argente Bandeira explicou a dinâmica do projeto, que propõe a eleição semestral de lideranças na escola. Todo o processo é organizado pelos alunos, sob a supervisão dos professores.
“Eles montam as chapas, com a indicação do líder, vice-líder e fiscal, definem os mesários, confeccionam os títulos de eleitor e comprovantes de voto, treinam a oralidade, produzem material de divulgação para a campanha e depois participam da apuração dos votos, com a definição da chapa vencedora”.
A aluna Rafaela é uma demonstração de que a experiência deu certo. “Minha vivência como líder foi muito legal. Aprendi a ser responsável e tive uma base sobre democracia”, vibrou.
“Com esta iniciativa, proporcionamos o debate e conscientizamos nossos alunos sobre a importância das suas escolhas dentro do processo democrático e também sobre a necessidade da participação coletiva na construção de uma sociedade mais livre e democrática”, destaca o professor Fabrício Lima Ribeiro.
Escola do Campo em Tempo Integral
No município de Itaberaba, a Escola do Campo Municipal Bela Vista, promove a educação em tempo integral de estudantes da educação infantil até os anos iniciais. Desde que a instituição implementou esta metodologia de ensino, o número de alunos matriculados mais que dobrou.
A coordenadora pedagógica, Juliana Bianchi Gilioli, explicou que a escola não tem perspectiva de turno e contraturno e os alunos desenvolvem atividades interdisciplinares. “As crianças cuidam do jardim, fazem mudas e plantam, aprendem sobre tecnologia e comunicação, têm aulas de TaeKwondo, violão, ballet, futsal e isso as deixam muito motivadas”.
A cidade, que viu uma das escolas de campo fechar, agora vibra pela crescente participação dos estudantes. “Antes, por causa do currículo unificado e descontextualizado a rotatividade de profissionais era alta e só tínhamos 42 alunos matriculados. Hoje este número saltou para 120 estudantes, sendo que 63 deles vêm da cidade”.
Projeto Desconexe - Turn Off
Os alunos da Escola de Educação Básica Gomes Carneiro, de Xaxim, fizeram um alerta sobre a dependência tecnológica entre os jovens. Em 2023 eles começaram a desenvolver o projeto “Desconexe - Turn Off” para conscientizar a população local sobre o tema.
“Reconhecemos as vantagens e facilidades da tecnologia, mas identificamos que o uso excessivo das telas e a toxicidade das redes sociais trazem transtornos e problemas como a ansiedade, depressão e isolamento. Por isso, decidimos fazer esta intervenção junto a nossa comunidade”, destaca a aluna Tarsila Navarro Lins.
A estudante Gabriela Mayte da Silva falou que o projeto incluiu a criação de uma logomarca com desenho e cores que remetem à temática. “A cor roxa representa restauração, o cinza, à cor dos equipamentos tecnológicos, o preto ao vazio existencial”.
A professora Silvana da Silva Pereira comemorou a aprovação de uma lei no município que institui o mês Abril Roxo, de conscientização sobre a dependência tecnológica. “A data reforça nosso trabalho de sensibilização não somente de adolescentes, mas das crianças, adultos e idosos, pois há casos comprovados do uso excessivo das tecnologias também nestes públicos”.
CRF em Ação
A Escola Casa Familiar Rural Esperança de Iporã do Oeste é uma das 11 casas familiares que funcionam neste modelo de ensino em Santa Catarina. A diretora da instituição, Itamara Bagatini, falou sobre a pedagogia da alternância, metodologia implementada pela escola que propõe a união entre o conhecimento científico e os saberes populares.
“Este modelo surgiu na França, chegou ao Brasil em 1969 e em Santa Catarina, no ano de 1991. Por meio dele, a escola e a comunidade atuam de forma integrada, sendo consideradas indissociáveis. Os estudantes alternam dias na escola e em casa. Nosso laboratório é vivo, são as propriedades dos educandos. Com esta pedagogia incentivamos a sucessão familiar e formamos jovens agricultores e lideranças”, destacou.
A escola abrange 7 municípios do extremo-oeste, atende 106 famílias e já formou 294 estudantes do ensino médio.
Durante a apresentação da instituição, dezenas de estudantes seguravam cartazes se manifestando contrários à possibilidade de fechamento das escolas deste modelo no estado.
“Depois da notícia de fechamento de quatro casas familiares rurais e de não haver rematrícula para o primeiro ano do ensino médio no próximo ano letivo, nós encaminhamos a aprovação de uma moção apelando ao governo do Estado para que suspenda esta decisão”, declarou a presidente da Comissão de Educação, deputada Luciane Carminatti (PT).
A parlamentar também adiantou que as Comissões de Educação e de Agricultura realizarão uma audiência pública com a Secretaria de Estado da Educação para tratar deste assunto.
Agência AL