Esclerose múltipla é tema de manifestação na tribuna
Celebrado em 30 de agosto, o Dia Estadual de Prevenção e Informação sobre Esclerose Múltipla tem como objetivo conscientizar a população catarinense sobre os males provocados pela doença e as formas de tratamento. A data foi instituída pela Lei 16.494/2014, de autoria do deputado José Nei Ascari (PSD). O assunto foi tratado na tribuna da Assembleia Legislativa, após a suspensão da sessão ordinária desta quinta-feira (3), por representantes da Associação de Apoio aos Portadores de Esclerose Múltipla da Grande Florianópolis (Aflorem), Edevaldo Raupp e Luciano Nogueira.
A desinformação sobre a esclerose múltipla ainda é um empecilho, segundo Raupp. "Temos muito a avançar no tema, principalmente na divulgação da doença, que é imprescindível, e nos serviços oferecidos nas unidades de saúde. Convidamos a Secretaria de Estado da Saúde a ser protagonista em ações em prol da causa", ressaltou.
O neurologista Luciano Nogueira destacou a iniciativa da Rede Globo, que passou a divulgar a doença por meio de um personagem da novela "A Regra do Jogo". "A exposição da doença na mídia é importante. Esperamos que ajude a sensibilizar a comunidade e o poder público em prol da causa. Temos milhares de portadores da doença em Santa Catarina, sendo que mais de uma centena ainda está sem diagnóstico porque há dificuldades de acesso aos meios médicos adequados."
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A esclerose múltipla (EM) é uma doença crônica do sistema nervoso central que provoca dificuldades motoras e sensitivas. Afeta o cérebro e a medula espinhal, interferindo na capacidade para controlar funções, como caminhar, enxergar, falar e urinar. "A doença pode se apresentar com sintomas bastante sutis, como alterações visuais, formigamento de um dos lados do corpo, perda de força nas pernas e braços, visão dupla, descontrole urinário", comentou Nogueira. A característica mais importante é a imprevisibilidade dos surtos.
A Associação Brasileira de Esclerose Múltipla (Abem) estima que atualmente 35 mil brasileiros são portadores da doença neurológica. Em geral, a doença acomete pessoas jovens, entre 15 e 45 anos de idade, predominando entre as mulheres.
A esclerose múltipla é incurável. O tratamento consiste em atenuar os efeitos e desacelerar a progressão da doença. "Na teoria, o tratamento é feito pelo SUS [Sistema Único de Saúde], mas, na prática, temos extrema dificuldade de conseguir com que os pacientes tenham acesso a medicamentos de alto custo mais modernos, especialmente os de via oral, que apresentam eficácia maior para controle da doença", disse o neurologista e membro da Aflorem.
Os pacientes não tratados, de acordo com Nogueira, costumam apresentar a necessidade do uso de muletas num período de sete anos. Grande parte deles vai precisar de cadeira de rodas após 20 anos sem tratamento. "Os pacientes que não tiverem um diagnóstico precoce podem perder um tempo precioso necessário para que a medicação tenha uma resposta melhor, muitas vezes evitando um comprometimento significativo."
Sintomas e sinais
Fadiga (as pessoas estão sempre cansadas, com fraqueza nas pernas e nos braços)
Alterações na visão (embaçamento ou visão dupla em um dos olhos, movimentos rápidos)
Muscular (tremores involuntários, desequilíbrio ao andar, perda da coordenação motora, músculos dos braços e das pernas rígidos)
Sensitivo (formigamento nas mãos e nos pés, dores nos baços, pernas e tronco)
Tontura (sensação de objetos girando ou balançando, provocando desequilíbrio)
Alterações esfincterianas (dificuldade de controle da bexiga e do intestino)
Déficits (de memória, raciocínio mais lento, perda de audição e alteração da fala)
Cognitivos (vertigem, tontura, depressão, ansiedade, diminuição da capacidade de concentração, de tomar decisões e de fazer pequenas tarefas)
(Fonte: Aflorem)
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