Epagri projeta queda de 12% na produção de arroz em SC
Baixas temperaturas no período reprodutivo no Alto Vale do Itajaí, seca e excesso de chuva na região de Araranguá, granizo em Forquilhinha e Nova Veneza, aplicação de fungicida falsificado na região de Araranguá, além de doenças como o Brusone e Mancha Parda em todas as áreas de cultivo, provocaram uma queda projetada de 12% na safra do arroz em 2013.
A estimativa foi anunciada na tarde desta segunda-feira (29) pelo pesquisador da Epagri de Itajaí, Domingos Savio Eberhardt, durante reunião da Câmara Setorial do Arroz, realizada no Plenarinho Paulo Stuart Wright, da Assembleia Legislativa. “Todas as nove cultivares da Epagri tiveram a produtividade reduzida”, informou Domingos.
Segundo a projeção, no Litoral Norte a queda está estimada em 7%, no Médio Vale em 10%, Alto Vale 15%, Araranguá 15%, Criciúma 15%, Tubarão 5% e Grande Florianópolis 5%. A previsão é de colher 955 mil toneladas, cerca de 100 mil toneladas abaixo da safra de 2012. “É uma projeção conservadora”, ponderou Domingos, indicando que a perda real poder ser maior.
Expansão dos preços
De acordo com o analista de mercados da Conab, Sérgio Roberto Gomes dos Santos Junior, entre 2011 e 2013 houve expansão dos preços. “Um ano atrás operava abaixo do preço mínimo de R$ 25,80. Hoje a saca é negociada a R$ 32,00. E não há fatores de pressão para queda de preço, a perspectiva é boa”, declarou o analista.
Segundo Sérgio Gomes, a soja representa papel relevante na substituição da cultura do arroz. Tomando como base o município de Sorriso, no Mato Grosso, a saca de arroz precisaria ser vendida a R$ 62,00 para competir com a soja. “É inviável garantir esse preço ao produtor”, justificou o analista, que defendeu a política da Conab de “promoção inteligente do cultivo de arroz”, de estimular o plantio nas áreas mais produtivas, como em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul.
Simultaneamente, a Conab adota a política de diversificação de áreas de plantio. “A produção está muito concentrada na região Sul, além do Uruguai, Argentina e Paraguai. É o mesmo ecossistema, qualquer problema tem reflexo direto no mercado”, avaliou Sérgio Gomes, que ainda explicou que a Conab busca um “equilíbrio entre a oferta e demanda” e que a empresa trabalha com a hipótese de vender o excedente da produção para o mercado internacional. “Mas em 2013 o país não vai exportar muito”, ressalvou.
Licenciamento ambiental
Conforme informou o representante da Fatma, Carlos Alberto Volpato, o plantio de arroz, diferentemente de outras culturas como o fumo, milho, exige licenciamento ambiental por causa do uso da água. Volpato explicou que no caso de propriedade com mais de 50 hectares de área plantada o procedimento padrão é a concessão de uma licença ambiental de operação (LAO).
Todavia, segundo informou Dionísio Bressan, da Câmara Setorial do Arroz, “na regional da Fatma de Tubarão nenhuma área acima de 50 hectares foi até agora licenciada”. No caso de propriedade com área plantada inferior a 50 hectares, a Fatma adota procedimento simplificado e expede uma certidão de conformidade ambiental.
Renegociações de dividas
O gerente de negócios do BB, Marcelo do Canto, destacou o alto índice de adesão dos agricultores à Resolução 461. “Cerca de 27% dos financiamentos já contam com pedido de adesão, esperávamos algo em torno de 12%. Isso nos preocupa, porque a adesão veda ao inadimplente acesso ao crédito nos anos subsequentes”, afirmou.
Para Canto, muitos produtores burlavam a lei e trocavam de agente financeiro para acessar novo crédito. “Hoje o BC tem controle sobre isso. Antes da formalização do financiamento o agente financeiro encaminha os dados ao Banco Central e o BC dá a resposta on line”, declarou.
De acordo com Canto, em 2013 o BB realizou 5.350 operações no estado, totalizando cerca de R$ 150 milhões. “Para aquelas pessoas que estão com problema, a adesão é a solução. Mas a nossa expectativa é de que parte das pessoas que aderiram, a partir do esclarecimento, não vão formalizar a adesão”, afirmou o representante do BB.
Câmara setorial do arroz
O deputado José Milton Scheffer (PP), presidente da Câmara Setorial do Arroz, agradeceu a presença de técnicos da Conab, da Epagri e do BB. Para o parlamentar, a partir das informações trazidas “é possível ao produtor ter uma noção do cenário futuro do arroz”.
Prestigiaram a reunião o presidente da Câmara Setorial Nacional do Arroz, Francisco Schardong, rizicultores, dirigentes de cooperativas do setor, técnicos da Epagri, além de membros da Câmara Setorial do Arroz. (Vitor Santos)
Agência AL