05/06/2012 - 19h00min
Entidades querem curso de medicina em Chapecó
Cerca de 400 pessoas participaram na noite desta segunda-feira (4), em Chapecó, da audiência pública organizada pela Comissão de Educação, Cultura e Desporto da Assembleia Legislativa para discutir a estruturação da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS). A iniciativa do evento partiu da deputada Luciane Carminatti (PT) e contou com a presença dos deputados Dirceu Dresch e Volnei Morastoni, ambos do PT.
O tema principal do encontro foi a instalação do curso de medicina no campus de Chapecó. Participaram da discussão representantes de movimentos sociais, como a Via Campesina e Fetraf, Prefeitura de Chapecó, Associação Comercial e Industrial de Chapecó (Acic), Fecomercio, OAB, Hospital Regional do Oeste, reitoria e alunos da UFFS e população em geral.
Na audiência, ficou definida a formação de um grupo de trabalho com representantes dessas entidades. O objetivo é levar ao governo federal o pedido para a instalação do curso. “Vamos marcar audiências em Brasília com os ministérios da Educação, Planejamento e Saúde, além da ministra Ideli Salvati, para mostrar o quão necessária é a criação de um curso de medicina, público e gratuito, para a população do Oeste e do Extremo Oeste catarinense”, explicou Luciane Carminatti.
A deputada também vai solicitar, por meio da Assembleia Legislativa, uma audiência com o governador Raimundo Colombo para pedir o apoio do estado na implantação desse curso. “Queremos também ver como parte dos R$ 3 bilhões que Santa Catarina vai receber do BNDES, como compensação pela unificação da alíquota do ICMS, pode ser usada para investimentos em infraestrutura”, afirmou.
Necessidade
Em todo o estado, há apenas um curso público gratuito de medicina, no campus da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em Florianópolis. “Todos os demais cursos são comunitários. Enquanto isso, Rio Grande do Sul tem cinco cursos públicos gratuitos em universidades federais espalhadas pelo estado”, compara Luciane.
Para o deputado Volnei Morastoni, há uma concentração excessiva de profissionais de saúde e centros médicos na Grande Florianópolis e no norte do estado. Em contrapartida, municípios do Oeste e do Extremo Oeste sofrem com a falta de profissionais, desde as especialidades até a atenção básica. “A instalação de um curso de medicina em Chapecó poderia melhorar essa distribuição, trazendo não só mais profissionais para o interior como transformando a região num polo de pesquisa e num centro de excelência”, afirma.
Dirceu Dresch acredita que o curso em Chapecó contribuiria para o desenvolvimento de todo o Oeste catarinense. “Essa é uma luta suprapartidária e da sociedade organizada. Do mesmo jeito que foi vitoriosa a luta para a instalação da UFFS, essa mesma estratégia tem que se repetir para trazer a medicina para Chapecó”.
O ex-deputado federal Claudio Vignatti, autor do projeto de lei que deu origem à UFFS, afirmou que o Hospital Regional de Chapecó tem interesse em colaborar com a instalação do curso na cidade. Para isso, a unidade precisaria de ampliações para a construção de um hospital-escola. A direção do hospital, presente à audiência, conformou o interesse em participar da mobilização em prol do curso.
Estrutura
A mobilização para a criação da UFFS teve início em 2006, mas só em setembro de 2009 o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou a lei que criou a universidade. O objetivo é oferecer ensino público e gratuito aos municípios dos três estados da região Sul que ficam próximos à fronteira com a Argentina.
De acordo com o reitor da UFFS, Jaime Giolo, atualmente são cinco campi: dois no Rio Grande do Sul (Erechim e Cerro Largo), dois no Paraná (Laranjeiras do Sul e Realeza) e a sede (Chapecó). Em pouco mais de dois anos de funcionamento, são quase 5 mil alunos, distribuídos em 39 cursos de graduação, oito de especialização e um mestrado, que foi autorizado recentemente. A instituição emprega ainda 430 professores e outros 400 técnicos.
No campus de Chapecó, são 11 cursos, voltados principalmente para a formação de professores e educadores e para a vocação agroindustrial do Oeste catarinense. A sede está em construção e enquanto não fica pronta as aulas e atividades universitárias são realizadas em seis locais diferentes.
Sobre o curso de medicina, Giolo explicou que o governo federal deve anunciar ainda este mês o plano de expansão dos cursos de medicina nas universidades federais. Para isso, serão criados 15 novos cursos em diferentes regiões do país. O campus de Passo Fundo também está na disputa, juntamente com Chapecó, pelo curso de medicina. (Marcelo Espinoza)