Empresário afirma à CPI que queria apenas ajudar Santa Catarina
Além do secretário de Estado da Saúde, a CPI dos Respiradores ouviu, na reunião desta quinta-feira (4), o empresário Onofre Joaquim Rodrigues Neto, CEO da Exxomed, empresa de São Carlos (SP) que detém no Brasil a licença para a importação do modelo de respiradores comprados pela Secretaria de Estado da Saúde (SES) junto à Veigamed. O depoimento foi prestado por meio de videoconferência.
A testemunha garantiu que não conhece nenhum deputado e que nunca teve relação com o governo estadual. “Nunca fui procurado pelo Estado para aquisição dos produtos que comercializamos”, disse.
Onofre Neto disse que se ofereceu para ajudar gratuitamente Santa Catarina, pelo know-how que possui na importação de equipamentos médicos e hospitalares da China. O empresário é nascido no estado e tem familiares aqui.
Ele afirmou que foi convidado pela empresa Ortomedical, de São José (SC), que é fornecedora do Estado, para ajudar o governo na locação de equipamentos para enfrentamento da pandemia. O objetivo era ir para China tratar da entrega desses produtos. Para isso, solicitou apoio do governo para obter um passaporte especial, que facilitaria sua entrada na China, em função do fechamento das fronteiras, por ocasião da pandemia.
Para tratar do assunto, Onofre veio a Florianópolis no dia 2 de abril. Ele afirmou que participou de uma reunião com a servidora Marcia Pauli para tratar da questão e que, em determinado momento, o então secretário-adjunto de Estado da Saúde, André Motta Ribeiro, inseriu o assunto do apoio do governo para a obtenção do passaporte especial.
Foi nessa reunião que Onofre Neto ficou sabendo da compra dos respiradores cuja importação era exclusiva de sua empresa. “Eu estava na hora errada, no lugar errado”, disse. “Meu objetivo era ter uma carta do Estado para eu apresentar ao Ministério das Relações Exteriores para emitir esse passaporte”, informou.
O empresário disse que encaminhou e-mail a André Ribeiro para comunicar que não havia nenhum pedido de compra dos respiradores. Segundo ele, até hoje, não obteve resposta sobre o pedido da carta especial para o passaporte.
Onofre Neto negou que tenha feito algum tipo de pressão para que sua empresa fornecesse equipamentos para Santa Catarina. Também negou ser algum tipo de atravessador, como foi informado pela servidora Marcia Pauli à CPI.
A testemunha ainda colocou sob suspeita a compra dos 200 respiradores. Para ele, o Estado conseguiria comprar os mesmos produtos por um preço mais em conta, sem pagamento de imposto. “O Estado tem pessoas competentes para adquirir diretamente da indústria”, afirmou.
Ele também acusou a Veigamed de utilizar de forma indevida material da Exxomed sobre os respiradores e considerou que os prazos dados pela Veigamed para entrega dos produtos ao Estado eram fictícios. “Esse processo está errado do início ao fim. Difícil que não tenha alguém interessado nisso tudo”, comentou.
Agência AL