Em três anos e meio FCEE inseriu 11 autistas no mercado de trabalho
De janeiro de 2013 a agosto de 2016 o Centro de Educação e Trabalho (Cenet), vinculado à Fundação Catarinense de Educação Especial (FCEE), localizada em São José, inseriu 11 pessoas com transtornos no espectro autista no mercado de trabalho. “Não temos uma grande quantidade encaminhada, mas na grande maioria dos encaminhados tivemos êxito, executam trabalho de muita qualidade nas empresas”, informou a psicóloga do Cenet, Giovanna Marques Flores, em palestra proferida na tarde desta quarta-feira (21), durante a I Semana Inclusiva da Grande Florianópolis, que acontece no Senac da Prainha, na capital.
A servidora da FCEE citou dois exemplos bem sucedidos. O primeiro de uma jovem de 20 anos, ensino médio completo e que há três anos trabalha como estoquista em uma rede de lojas de calçados. “Poucas vezes foi orientada, entendeu, aprendeu e desempenha muito bem a função”, afirmou Giovanna. O segundo é um rapaz de 22 anos, ensino médio completo, que atua como auxiliar de armazenagem. “A empresa elogiou muito. O chefe disse ‘quero mais, pelo comprometimento e atenção’”.
Desafios e habilidades do autista
Segundo Giovanna Flores, os autistas podem apresentar baixa ou alta funcionalidade. “O transtorno pode variar de intensidade de pessoa para pessoa”, observou a psicóloga, informando em seguida que os autistas inseridos no mercado de trabalho têm perfil de alta funcionalidade, isto é, têm condições de trabalhar.
Para a psicóloga, os maiores desafios são as mudanças de rotina, trocas de chefia e de colegas, barulhos e movimentos no ambiente de trabalho. Por outro lado, as pessoas com transtornos no espectro autista têm facilidade com planejamento, fluência verbal, flexibilidade cognitiva e memória de trabalho. “Quem contrata percebe que que têm dificuldades, mas conseguem desempenhar as suas funções”, garantiu a servidora da FCEE.
Mercado de trabalho para deficiente intelectual
De acordo com dados da FCEE, em 2015 foram encaminhadas para o mercado de trabalho na Grande Florianópolis 29 pessoas com deficiência intelectual. “Cerca de 10% tinham ensino médio completo, 3% ensino médio incompleto, 10% ensino fundamental completo e 76% tinham ensino fundamental incompleto ou em andamento”, descreveu Kátia Regina Ladewig, servidora da FCEE.
Uma das pessoas com deficiência intelectual encaminhada ao mercado pela FCEE em 2015 trabalha no Continente Park Shopping, em São José. “É um rapaz e ele faz a limpeza dos óculos usados nas sessões de cinema 3D”, informou Kátia. Outro é auxiliar de serviços gerais na Baia Norte Distribuidora, em Biguaçu. “Ele manuseia equipamentos de limpeza e transita junto às carregadeiras”, contou a professora.
Kátia Ladewig alertou os responsáveis pela área de recursos humanos das empresas que a escolaridade não é um requisito essencial. “Muitas vezes eles não têm a escolaridade de nível médio exigida, mas o nível de execução é muito bom, têm competências e habilidades”, ponderou a especialista da FCEE.
Agência AL