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29/07/2016 - 12h42min

Em seminário, pacientes com câncer cobram acesso à fosfoetanolamina

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“Quem tem câncer tem pressa! Pela liberação da fosfoetanolamina já!” Essas frases, estampadas em faixas no Auditório Antonieta de Barros, indicam o tom do 2º Seminário Catarinense Fosfoetanolamina – Uma esperança para a vida, realizado na manhã desta sexta-feira (29). O evento foi promovido pelas comissões de Saúde da Assembleia Legislativa e da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Escola do Legislativo e Associação Brasileira de Portadores de Câncer (Amucc) e contou com a participação dos pesquisadores da fosfoetanolamina do Instituto de Química da Universidade de São Paulo (USP), Campus de São Carlos, Dr. Gilberto Chierice e Dr. Salvador Claro Neto.

Conforme explicou a deputada Ana Paula Lima (PT), presidente da Comissão de Saúde, na abertura do evento, muitos pacientes com câncer que utilizam a fosfoetanolamina relatam que estão bem, isso justifica o debate do assunto. “O paciente de câncer convive com o medo, é uma doença que carrega uma carga emocional muito grande. Se há uma esperança de cura, se há pesquisa nesse sentido, precisamos falar desse assunto”, justificou.

Desde o dia 19 de maio, a lei federal que liberou porte, uso, distribuição e fabricação da fosfoetanolamina sintética está suspensa por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que atendeu liminar da Associação Médica Brasileira (AMB). Os pacientes só estão conseguindo acesso à substância por meio de liminares judiciais em instâncias inferiores, uma vez que falta a análise do mérito pelo plenário do STF. A ação da AMB causa indignação à presidente da Associação Brasileira dos Portadores de Câncer (Amucc), Leoni Margarida Simm. “A Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) foi julgada com base na segurança dos pacientes. No entanto, todos os resultados obtidos até agora apontam que a fosfo não causa riscos à saúde. Não podemos aceitar que a AMB vá ao Supremo dizer que quer nos preservar e está tutelando a nossa segurança. A AMB não pode nos tutelar, ela não tem esse direito”, frisou Leoni.

Usuário da substância, o protético Hilário Segala, membro do Instituto Viva Fosfo, tem conseguido as cápsulas por meio de ações judiciais. Segala teve um carcinoma e perdeu parte do intestino e o pulmão direito. Com metástase no pulmão esquerdo, tinha uma expectativa de vida de até dois anos quando teve acesso à fosfoetanolamina, em novembro do ano passado. Desde então, os exames comprovam que o tumor não evoluiu mais. “Eu sou a favor dos testes em humanos, mas se eles demoram de dois a cinco anos, eu não tenho tempo para esperar. Por que não dar uma oportunidade para as pessoas que não têm muita expectativa de vida, já que foi comprovado que a substância é atóxica?”, questionou. 

Os testes com humanos começaram na última segunda-feira (25), com pacientes do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp). O Dr. Gilberto Chierice afirmou que o Hospital Amaral de Carvalho, parceiro da pesquisa, fez testes clínicos com pacientes durante cinco anos. “Me incomoda ouvir os órgãos dizerem que estão protegendo a vida das pessoas. Quando falam que precisa de ciência, eu digo que sou cientista, publiquei 450 trabalhos científicos e orientei 80 teses. Nessas 80 teses surgiu a fosfoetanolamina. Não é uma ideia que surgiu em um botequim. É uma explicação que a ciência procura há muitos anos. Não sou charlatão nem pajé. Eu conheço ciência, trabalhei 50 anos em uma das melhores universidades do país. Nunca me neguei a discutir ciência, mas nenhum médico oncologista quer discutir comigo”, disse.

Como funciona a fosfo
Chierice explicou que a fosfoetanolamina desperta o sistema imunológico e provoca o organismo a eliminar as células do câncer. “Não se trata câncer sem conhecer o sistema imunológico.” Para ele, o que ‘incomoda’ é o contrato que o hospital fez com a Universidade de São Paulo para produzir a substância de forma gratuita, “porque isso não rende lucro e não tem sigla”.

O pesquisador Dr. Salvador Claro Neto, membro da equipe pioneira de Gilberto Chierice, acompanha a produção da substância no município de Cravinhos, no laboratório PDT Pharma, para a pesquisa clínica no estado de São Paulo, assim como a liberação do produto para as pessoas que estão ganhando liminares judiciais. Durante o seminário, ele explicou como a substância age no organismo. Quando sintetizada pelo fígado, a fosfoetanolamina (que é composta basicamente de ácidos graxos) faz a mitocôndria da célula com disfunção (células de câncer) voltar a fosforilar até levar à morte da célula. Com isso, o sistema imunológico percebe a anormalidade e faz a limpeza dessas células mortas, iniciando um processo de eliminação do tumor.

A pesquisa em SC
O governador Raimundo Colombo demonstrou interesse em inserir o estado na pesquisa e até fez contato com o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, durante reunião sobre o assunto com diversas lideranças, há cerca de 30 dias. A adesão do estado ainda não teria se concretizado por conta da resistência da direção do Cepon, conforme relatou a presidente da Amucc. “Estão sendo feitas tratativas com a Secretaria de Saúde, mas acho que vamos precisar de firmeza do governador para que Santa Catarina inicie a pesquisa”, cobrou a deputada Ana Paula. Da mesma forma, Gilberto Chierice acredita que Santa Catarina vai aderir ao protocolo químico de São Paulo e, depois, comprovar ou não a sustância chamada fosfoetanolamina como medicamento.

Lisandrea Costa
Agência AL

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