Pessoas ostomizadas cobram do Estado repasse de materiais
O atraso no repasse de bolsas de colostomia a pacientes ostomizados e a demora na realização de cirurgias de reversão motivaram a realização de audiência pública, promovida pela Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa, na manhã desta terça-feira (1º), no Plenarinho Deputado Paulo Stuart Wright. Considerados pessoas com deficiência, os pacientes que passaram por um procedimento de ostomia fazem uso diário de bolsas para coleta das fezes. Há cerca de 4 mil pacientes nessa condição no estado.
Cerca de 40% dos pacientes cadastrados na Secretaria de Estado da Saúde não estão recebendo as bolsas e demais insumos descartáveis, de acordo com a presidente da Associação Catarinense da Pessoa Ostomizada (ACO), Candinha Jorge. A falta de materiais decorre do atraso no pagamento da empresas que fornecem os produtos ao Estado.
O presidente da Comissão de Saúde, deputado Neodi Saretta (PT), espera que a partir das tratativas feitas durante a audiência seja possível dar os encaminhamentos necessários para normalizar a entrega dos equipamentos aos pacientes. “Infelizmente, apesar das cobranças, a situação ainda não está perfeitamente regularizada”, lamentou. Saretta frisou que, por serem considerados pessoas com deficiência, os ostomizados devem ter prioridade de atendimento pelos órgãos de saúde.
A superintendente de Serviços Especializados e Regulação da Secretaria da Saúde, Karin Cristine Geller Leopoldo, reconheceu que há desabastecimento dos equipamentos e insumos por causa de atrasos nos pagamentos a fornecedores, que estão bloqueando o repasse dos materiais. “Estamos em negociação constante com os fornecedores. Esperamos conseguir regularizar esta situação até setembro ou outubro”, previu.
Quanto à fila para realização da cirurgia de reversão da ostomia, a gestora informou que um mutirão de cirurgias foi firmado com o Hospital Oase, de Timbó, com capacidade para atendimento de até 300 pessoas por mês, mas os pacientes não estão chegando até a unidade hospitalar, por falhas no sistema e falta de informações atualizadas. Há cerca de 1,5 mil pessoas aguardando a cirurgia, conforme estimativa da ACO. Durante a audiência, os dirigentes da associação comprometeram-se a auxiliar a secretaria na identificação dos pacientes que estão na fila.
Descaso
O presidente da Associação Mafrense da Pessoa Ostomizada (AMO), Marcial José Przybyela, reclamou durante a audiência das diversas tratativas e movimentos feitos nos últimos anos para melhorar a qualidade do serviço. “Pouca coisa mudou, os pacientes ficam sem bolsas por até dois meses. E muitos ostomizados já perderam a chance de fazer a cirurgia de reversão por causa da fila de espera”, relatou. O dirigente da associação informou que os ostomizados não vivem uma vida normal e enfrentam medo, angústia, baixa estima, insegurança, desconforto e ansiedade. Ele reivindicou treinamento dos profissionais de enfermagem e a criação de uma câmara técnica, na Secretaria de Saúde, para monitorar e qualificar a atenção à pessoa ostomizada.
Agência AL