Eleições monopolizam discursos na primeira sessão pós-campanha
As eleições do último domingo (5) monopolizaram as atenções dos deputados na primeira sessão ordinária da Assembleia Legislativa de Santa Catarina após o fim da campanha eleitoral no estado. Entre agradecimentos e balanços sobre os votos recebidos, os parlamentares aproveitaram para cobrar a necessidade de reformas no sistema político e eleitoral do país.
O primeiro a defender as reformas foi o deputado Edison Andrino (PMDB), que não concorreu à reeleição. Para ele, as eleições são definidas com base no poder econômico dos partidos e candidatos. Ele defendeu a instituição do voto distrital e criticou a postura de algumas legendas, que se comportam como “partidos de aluguel”.
“Senão fizermos uma reforma política e eleitoral com urgência, não sei o que será das próximas eleições”, alertou. O parlamentar também criticou as emissoras de TV por realizarem os debates eleitorais sempre no fim da noite, o que impede boa parte da população – que precisa acordar cedo no dia seguinte – de acompanhá-los.
Sargento Amauri Soares (PSOL) também afirmou que as eleições são dominadas pelo poder econômico. “Mas as reformas não saem porque o Congresso Nacional tem como patrão as empreiteiras, os bancos e o agronegócio, que não querem mudar as coisas”.
Joares Ponticelli (PP) também cobrou as reformas. Ele defende a unificação das eleições, com mandatos de cinco anos e fim da reeleição. Mas a principal crítica feita por Ponticelli é com relação às pesquisas eleitorais. O parlamentar vai apresentar um projeto de lei disciplinando e proibindo a divulgação das pesquisas ao público em Santa Catarina. “Um fato que influenciou as eleições foram as pesquisas. Elas desequilibraram a disputa, com números em que se percebe que foram maquiados e manipulados”, criticou.
Agradecimentos
Entre os deputados reeleitos que ocuparam a tribuna, não faltaram agradecimentos pela conquista de mais um mandato. Antonio Aguiar (PMDB) reforçou o compromisso de trabalhar pelo desenvolvimento econômico do Planalto Norte e cobrou mais investimentos em saúde, educação e segurança pública. “Esperamos que o governo mande para esta Casa o projeto que cria o ICMS diferenciado para o Planalto Norte”, exemplificou.
Ismael do Santos (PSD) afirmou ter percorrido mais de 30 mil quilômetros dentro do estado durante a campanha. Além de agradecer pela reeleição, ele também reforçou o compromisso de trabalhar no combate às drogas e com a recuperação dos dependentes químicos. “Muitos dependentes são aliciados para fazer atos de terrorismo em troca de uma pedra de crack”, afirmou Ismael, referindo-se à recente onda de ataques registrada em Santa Catarina.
Já Neodi Saretta fez um balanço da participação do seu partido nas eleições estaduais. Segundo ele, o PT cumpriu seu papel, embora não tenha obtido o resultado esperado, com a perda de duas cadeiras na bancada da Assembleia. “Mas isso faz parte do processo eleitoral. Nós, os eleitos, vamos continuar representando o que defendemos, sempre com trabalho e seriedade”.
Silvio Dreveck (PP), reeleito para o terceiro mandato, afirmou que fez sua campanha baseada nas realizações como vereador, prefeito e secretário em São Bento do Sul e nos dois mandatos como deputado. “Um parlamentar não pode nem deve prometer obras. Cabe a ele ser o legislador, o fiscalizador, o representante”, disse o deputado, que também cobrou a realização das reformas política e eleitoral.
Deputado mais votado pelo PSDB, Serafim Venzon lamentou que a coligação da qual os tucanos participaram na eleição para governador não tenha sido repetida na disputa pela Assembleia. “Se estivessem todos os partidos unidos, ao invés de 10, teríamos feito 13 deputados. Sempre defendi uma grande coligação para assegurar um maior número de cadeiras”, assegurou. O parlamentar acredita que o governador Raimundo Colombo terá que procurar o PSDB e o PP para compor a base de apoio da situação na Assembleia para o próximo mandato. “A base ampla que o governador tem hoje garantiu a aprovação de projetos que destinaram mais de R$ 11 bilhões em recursos para o estado”.
Balanços
Mesmo sem ter sido reeleito, Nilson Gonçalves (PSDB) foi à tribuna para agradecer pela votação recebida. “Deixarei a Assembleia de cabeça erguida. Tenho muita gratidão pelos 22 anos de vida pública, pelas seis eleições consecutivas que venci, e me orgulho de poder representar Joinville por tanto tempo”.
Para o parlamentar, três motivos explicam a não reeleição: o número elevado de abstenções e votos nulos/brancos em Joinville, o número excessivo de candidatos e a quebra de um acordo estabelecido com outro candidato de Joinville. “Desejo um bom trabalho aos eleitos e que se lembrem sempre de quem os elegeu”, disse.
Já Sargento Amauri Soares, que disputou a eleição para o Senado, afirmou que seu partido, o PSOL, fez uma campanha simples, na qual foram gastos R$ 116 mil. O objetivo, segundo ele, era eleger pelo menos um deputado estadual. “Faltaram 16 mil votos. E avaliamos isso como um resultado bastante ruim”, considerou.
Despedida
Daniel Tozzo (PSD), que ocupou a vaga de Gelson Merisio (PSD), cuja licença termina nesta quarta-feira (8), despediu-se da Assembleia. “Essa passagem pelo Parlamento foi como uma outra faculdade na minha vida. Hoje, no momento em que me despeço, me vejo com mais experiência para exercer qualquer função na vida pública ou privada”, afirmou.
O suplente pediu aos deputados eleitos que se empenhem ao máximo para melhorias na região de Chapecó, da qual é representante. Entre os pedidos, a conclusão da adutora da Casan que atenderá principalmente Xaxim e Xanxerê e a recuperação de rodovias, como a SC-283.
Agência AL