Dive alerta para importância de diagnóstico precoce da hanseníase
Em alusão ao Dia Mundial de Combate à Hanseníase, celebrado no último domingo do mês de janeiro (29), a Diretoria de Vigilância Epidemiológica de Santa Catarina (Dive/SC) faz um alerta à sociedade para a importância do diagnóstico precoce e do tratamento da hanseníase. Trata-se de uma doença infecciosa, crônica e contagiosa, que acomete principalmente a pele e os nervos periféricos, incluindo as orelhas, nariz, braços, mãos, perna e pés, e que também pode atingir outros órgãos. A hanseníase tem cura, mas, se não for diagnosticada e tratada, pode causar deformidades físicas.
Santa Catarina é um estado considerado como de baixa endemicidade pelo Ministério da Saúde (MS), apresentando taxa de detecção de 2,5 por 100 mil habitantes. Em 2015, foram diagnosticados 170 casos novos de hanseníase em território catarinense. No mesmo ano, o percentual de cura dos novos casos foi de 92%. E 83,1% dos contatos domiciliares dessas pessoas foram examinados. Dos 170 novos casos notificados, 10,9 % eram do grau 2 de incapacidade física - percentual considerado alto e que sugere diagnóstico tardio da doença e com sérias incapacidades físicas.
“No ano passado, as ações desenvolvidas para controlar a hanseníase no estado foram a busca ativa de portadores e dos contatos domiciliares dessas pessoas, tratamento oportuno e adequado, monitoramento, capacitação e a divulgação de informações sobre a doença à sociedade. Ressaltamos, também, a importância da intersetorialidade e a integração das ações da Vigilância Epidemiológica e da Atenção Básica”, disse Nadmari Céli Grimes, técnica responsável pela Divisão de Doenças Crônicas Transmissíveis da Dive/SC, na qual está inserido o setor de hanseníase.
A doença, os sintomas e o tratamento
A hanseníase é uma doença crônica, infectocontagiosa, causada pela bactéria Mycobacterium leaprae, que tem atração por pele e nervos, podendo causar atrofias e áreas de insensibilidade. Caso a bactéria atinja o nervo, pode causar incapacidades muitas vezes irreversíveis.
A transmissão se dá pelas vias aéreas, por meio do contato entre uma pessoa infectada com uma saudável suscetível. As manchas causadas não doem e não coçam e o período de incubação da doença é de cinco anos. No entanto, a doença pode gerar sérias incapacidades físicas se o diagnóstico for tardio ou o tratamento não for realizado adequadamente pelo período preconizado.
A doença se desenvolve dependendo das condições do sistema imunológico do indivíduo ao qual foi transmitido o bacilo. Entre os principais sintomas, que podem demorar de 2 a 7 anos para se manifestar, estão manchas na pele com alterações de cor e de sensibilidade (a pessoa pode se queimar ou cortar sem sentir dor), dormência, queda de pelos e o comprometimento de nervos periféricos, levando à perda da força dos músculos inervados por tais nervos.
Além do diagnóstico, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece tratamento gratuito para hanseníase, disponível em todas as unidades públicas de saúde. A poliquimioterapia (PQT), uma associação de medicamentos que evita a resistência do bacilo, deve ser administrada por seis meses ou um ano a depender do caso. Os pacientes deverão ser submetidos, além do exame dermatológico, a uma avaliação neurológica simplificada e sempre receber alta por cura.
O tratamento da hanseníase é feito por via oral, com a administração de um coquetel de antibióticos, cujas doses e tempo variam conforme a classificação da doença (Paucibacilar-PB ou Multibacilar-MB). O paciente deve tomar uma dose mensal na Unidade de Saúde (dose supervisionada) e as demais serão autoadministradas (pelo paciente em sua moradia), adotando, ao mesmo tempo, cuidados com olhos, mãos e pés para prevenção de incapacidades. A pessoa que convive com o doente também dever ser examinada.
Casos no Brasil e no mundo
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), foram registrados mais de 213 mil casos de hanseníase em 2014 em todo o mundo. Aproximadamente 94% desse total foram detectados em apenas 13 países e o Brasil é um deles. Os dados da agência da Organização das Nações Unidas (ONU) mostram ainda que Brasil, Índia e Indonésia juntos, são responsáveis por 81% dos casos da doença em todo o mundo.
Endêmica no Brasil, a hanseníase ainda é um problema de saúde pública e está no rol das doenças negligenciadas. Apesar disso, o último balanço sobre a doença – divulgado em 2015 – trouxe resultados positivos. A análise de 2003 a 2013 mostrou que o número de novos casos no país caiu 40%. As taxas de prevalência da doença em dez anos caíram em 68% e o percentual de cura aumentou para 80 %.
Em abril de 2016, a OMS lançou uma estratégia global para acabar com a hanseníase. Até 2020, o objetivo é reduzir a zero o número de crianças diagnosticadas com lepra e outras deformidades físicas associadas ao problema e diminuir o ritmo de novos diagnósticos para menos de um para cada um milhão de pessoas.
(Com informações do Ministério da Saúde e Dive/SC)