TRT-SC desafia empresas a expandir programa Jovem Aprendiz
O presidente do Tribunal Regional do Trabalho da 12ª Região (TRT-SC), desembargador Gracio Barboza Petroni, desafiou o setor produtivo barriga-verde a expandir o programa Jovem Aprendiz. “Queremos conscientizar as empresas e a população sobre a importância da contratação de jovens com estímulo à aprendizagem”, declarou Petroni durante audiência pública realizada pelo Ministério Público do Trabalho na tarde desta quinta-feira (5), no Auditório Antonieta de Barros da Assembleia Legislativa.
Segundo Maria de Lourdes Leiria, corregedora do TRT-SC, a aprendizagem laboral é a melhor alternativa para tirar trabalhadores infantis da ilegalidade. “A empresa está contribuindo com o desenvolvimento do jovem, cumprindo sua função social, e ainda verá o quanto ele vai contribuir tendo sido resgatado de um trabalho degradante”, argumentou Maria de Lourdes, que estimou em 32 mil as vagas de jovem aprendiz a serem preenchidas no estado.
Marcelo Huller, da empresa Vonpar, de Antônio Carlos, elogiou o programa. “O resultado é espetacular, eles trazem muita coisa para nós, fazem a gente sair da zona de conforto, são muito questionadores, ‘por que tem de ser assim?’, e a gente também acaba questionando se aquele realmente é o melhor formato”, descreveu o representante da Vonpar. Atualmente a empresa tem 39 jovens aprendizes. “Da primeira turma, um já está conosco no setor comercial e tem mais um em processo de seleção”, informou Huller.
Anibal Dib Mussi, do Centro de Integração Empresa Escola (CIEE-SC), contou que o CIEE intermediou, através do programa Aprendiz, cerca de 7 mil contratações em 2015. “Tirando o entra e sai, há cerca 3,5 mil jovens aprendizes em atividade constante”, explicou Mussi, acrescentando que hoje o CIEE tem mais de 12 mil jovens inscritos no programa. “Um crescimento absurdo ano passado”, declarou.
O diretor do CIEE pediu aos empresários para aderirem ao programa. “Conclamo as empresas para que participem, para que absorvam essa mão de obra, não somente como projeto social, mas para ela própria, que vai ter oportunidade de em dois anos preparar seu futuro empregado definitivo, é um grande investimento”, avaliou.
A experiência dos aprendizes
Brenda Gonçalves Castro, jovem aprendiz do CIEE, emocionou a plateia. “Sou de Pelotas, Rio Grande do Sul, e não tenho um relacionamento forte com a família. O CIEE me ajudou bastante. Quando fui chamada para trabalhar na Caixa Econômica Federal (CEF) e assinaram a minha carteira foi maravilhoso, minha família sentiu orgulho, isso não tem preço. Hoje eu consigo pensar no futuro, não quero ficar só na aprendizagem, quero fazer Engenharia Química”, revelou Brenda.
Leonardo Ferreira é aprendiz da JPF Empreiteira de Mão de Obra, de Florianópolis. “Escolhi a aprendizagem de assistente administrativo, trabalho no setor de compras. Também faço o curso de Edificações no Instituto Federal de Educação (Ifes)”, afirmou Leonardo, que enfatizou que foi por meio do programa que teve “uma visão do mercado de trabalho”.
Alerta no meio rural
A desembargadora Maria de Lourdes Leiria fez um alerta sobre a situação do trabalho infantil na zona rural catarinense. “Cerca de 60% dos trabalhadores infantis estão na área rural, lá não há oportunidade de trabalho, não tem curso profissionalizante, por isso os adolescentes vão trabalhar com agrotóxicos, expostos a acidentes, arriscando a vida, quando poderiam estar estudando, tendo uma oportunidade para se profissionalizar em atividades da sua região”, ponderou a corregedora do TRT-SC.
De acordo com a magistrada, mais de 80% dos trabalhadores infantis poderiam ser integrados em programas de aprendizagem. “Poderiam ter um contrato formal de trabalho e continuar estudando, se qualificando, mudando do trabalho degradante e ilegal para um trabalho legal, protegido pela legislação trabalhista”, defendeu Leiria.
Agência AL