Diretoria de hospital de Itajaí esclarece dúvidas em audiência pública
FOTO: Rodolfo Espínola/Agência AL
A diretoria do Hospital e Maternidade Marieta Konder Bornhausen, de Itajaí, referência em termos de saúde para região da Foz do Rio Itajaí e para o estado, participou na noite desta quarta-feira (16), na Câmara de Vereadores de Itajaí, de uma audiência pública promovida pela Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa de Santa Catarina. A instituição vem recebendo recursos federais, estaduais e municipais em suas obras de ampliação. O debate foi para esclarecer dúvidas sobre os recursos financeiros destinados para seu funcionamento e investimentos.
A diretora-geral do Hospital, Irmã Simone Santana, apresentou os principais números da instituição, que foi inaugurada em janeiro de 1956 e, desde 1985, é administrada pelo Instituto das Pequenas Missionárias de Maria Imaculada (IPMMI). A unidade conta atualmente com 357 leitos, 1.325 colaboradores, 300 médicos e 42 residentes de medicina.
De janeiro a outubro deste ano foram realizados 233.334 atendimentos médicos. Destes, 203.578 (87,24%) pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e 29.756 atendimentos por convênios ou particular. Dos 357 leitos, 310 são do SUS e 47 convênios leitos. Ela disse ainda que o hospital recebe R$ 111 milhões anuais da Prefeitura de Itajaí via governo federal para os atendimento pelo SUS.
“O número de atendimentos nestes dez meses foi 102,96% superior à população de Itajaí, estimada em 226.617 (IBGE 2021), e 34,16% da população da Associação dos Municípios da Foz do Rio Itajaí, estimada em 683.033. Nestes dez meses, foram realizados 45.386 atendimentos no Pronto-Socorro, 9672 cirurgias, 3.521 partos, 2.899 pacientes atendidos na UTI adulto, 906 UTI Neonatal e 454.228 exames realizados, 33.918 atendimentos ambulatoriais”, enumerou a diretora.
Ela também informou que as obras do Complexo Madre Teresa, que está ampliando as atividades do Hospital, iniciou em 2012 e o valor total investido foi de R$ 134.404.365,26 para 241 novos leitos de internação, dez leitos de UTI Neonatal, 20 leitos de UTI adulto em 15 pavimentos, além de ampliação de setores que já existem.
“Faltam alguns equipamentos, são poucos, estamos em conversa com governo do Estado, mas a parte mais importante é a negociação do custeio da nova instituição. Precisamos contratar pessoas, não temos reservas para essa contração, temos que pensar como vamos sustentar essa nova unidade. Precisamos de vontade política para concluir a obra. O sonho é de inaugurar essa nova unidade no primeiro semestre de 2023”, explicou a Irmã Simone.
A diretora ressaltou que há um déficit operacional do hospital. “A nossa receita bruta operacional mês é de mais de R$ 14 milhões e a despesa gira em torno de R$ 16 milhões mensais. A grande despesa é referente a compra de medicamentos, que em 2020 era de R$ 2,6 milhões mensais e depois da pandemia esse custo aumentou chegando atualmente a R$ 3,5 milhões.” Ela relatou ainda que ocorreu um aumento no custo para manter o corpo clínico e o pessoal que atende a população. “Só para se ter ideia, o SUS paga R$ 10 por consulta médica e o hospital tem que fazer esforço para complementar esse pagamento aos médicos.”
Sobre as denúncias de desvios de recursos, em torno de R$ 1 milhão, do hospital apresentadas na mídia da região, a irmã afirmou que foi contratada uma auditoria externa e que todas as contas do Hospital foram analisadas. Disse ainda que foi feita toda uma reestruturação administrativa, mesmo que não tenham sido apresentadas provas. “Neste momento, o Hospital deve ao IPMMI em torno de R$ 2,5 milhões por ter emprestado em tempos passados esses recursos para cobrar a folha de pagamento do Hospital, como forma dele não parar o atendimento à população”, disse.
Transparência
A proponente da audiência, deputada Ana Campagnolo (PL), destacou a importância do evento e o papel dos legisladores, tanto estadual como municipal, em buscar informações e esclarecimentos sobre investimentos públicos realizados no Hospital. “Essa é a função do parlamentar, ouvir suas bases e, principalmente como é o meu caso, sou natural de Itajaí, tive mais de 15 mil votos nas eleições deste ano aqui, estamos trazendo uma resposta de extrema importância não só para o município, mas para toda região. É um hospital de referência que foi alvo de denúncias, para que sejam resolvidos esses problemas com a maior urgência, realizamos essa audiência pública”.
O deputado Coronel Mocellin (Republicanos) parabenizou a deputada Ana Campagnolo e os vereadores pela realização do evento. “Moro há mais de 26 anos no município e tenho acompanhado a história do Hospital neste período e sei de sua importância para toda população da região. É bom esclarecer as dúvidas e é papel dos deputados de buscar transparência dos investimentos públicos. É salutar essa prestação de contas”.
Participaram da audiência pública vereadores, secretários municipais e prefeitos de vários municípios da Foz do Rio Itajaí. O vereador Rubens Angioletti (sem partido), vice-presidente da Câmara de Itajaí, que fez o pedido da audiência a deputada Ana Campagnolo, enfatizou que o Hospital é uma instituição seríssima e importante para toda região, mas que sempre houve dúvidas de quanto entra de recursos públicos, quais municípios contribuem, quanto o governo do Estado e o federal repassam e no que é utilizado esses recursos.
“É neste sentido que propomos a audiência, buscar informações, de trazer transparência, para nós sabermos a real situação financeira do Hospital, que tem enfrentado dificuldades ao longo dos anos e principalmente pós-pandemia. Mas, além de tudo, é o nosso papel de fiscalizar. Como vereador, fui contratado pelo povo e tenho o dever de fiscalizar como é utilizado o recurso público. Entra dinheiro da Prefeitura de Itajaí, do governo estadual e federal”, salientou Angioletti.