Diabetes é considerado maior causa de morte associado a outras doenças
Considerado uma endemia, o Diabetes já se configura como a principal causa de morte no mundo ligado a outras doenças, segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS). A entidade também estima um total de mais de 300 milhões de pessoas acometidas pela doença até 2025. Por este motivo, o dia 14 de novembro é oficialmente conhecido como o Dia Mundial do Diabetes. Nesta data, várias atividades informativas e serviços como medição de glicemia, aferição de pressão arterial, medição de circunferência abdominal, entre outros serão oferecidos em diversas cidades catarinenses. A programação, que se estende até o final do mês, pode ser conferida aqui.
A Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia alerta que se as pessoas com diabetes não forem diagnosticadas e tratadas adequadamente podem desenvolver sérias complicações. Segundo a endocrinologista Cristina Schreiber de Oliveira, secretária da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, é fundamental que exista um programa de educação em diabetes para permitir que os pacientes estejam preparados para tomar decisões baseadas em informação. “Por meio de mudança no estilo de vida, com hábitos alimentares saudáveis, atividade física e acompanhamento médico regular pode-se manter o diabetes controlado, evitando complicações”.
O que é o Diabetes
O Diabetes é uma doença do metabolismo da glicose causada pela falta ou má absorção de insulina, hormônio produzido pelo pâncreas, que tem como função quebrar as moléculas de glicose para transformá-las em energia. A ausência total ou parcial desse hormônio interfere não só na queima do açúcar como na sua transformação em outras substâncias (proteínas, músculos e gordura). A insulina promove a redução da glicemia ao permitir que o açúcar que está presente no sangue possa penetrar dentro das células, para ser utilizado como fonte de energia. Portanto, se houver falta desse hormônio, ou mesmo se ele não agir corretamente, haverá aumento de glicose no sangue e, consequentemente, o diabetes.
Cristina Schreiber de Oliveira explica que “o pâncreas começa a sofrer um estresse contínuo, seja por obesidade, por hipertensão, pela alta ingestão continua de açúcar ou por fatores genéticos. Então, as células do pâncreas que produzem insulina começam a morrer. Dessa forma, o paciente sempre vai ter um número elevado de glicemia, que é o índice de açúcar elevado no sangue”.
A prevenção, por meio de cuidados com a saúde, é fator fundamental. De acordo com a endocrinologista, além de hábitos saudáveis é preciso monitorar o funcionamento do organismo com exames, pelo menos, anuais. “Normalmente, quando as pessoas descobrem que tem Diabetes, a doença já está se desenvolvendo por cinco ou 10 anos”.
Os exames de rotina auxiliam, dessa forma, a detectar o pré-diabetes, termo usado para indicar que o paciente tem potencial para desenvolver a doença, como se fosse um estado intermediário entre o saudável e o diabetes tipo 2 (comum na idade adulta). No caso do tipo 1 (Diabetes infantil) não existe pré-diabetes, a pessoa nasce com uma predisposição genética ao problema e a impossibilidade de produzir insulina, podendo desenvolver o diabetes em qualquer idade.
Prevenção
Cristina ressalta que as pessoas devem pesquisar os fatores de risco na família (casos de diabetes), fazer atividade física com frequência (de três a cinco vezes por semana), manter uma alimentação saudável (com mais consumo de orgânicos), dormir bem, manter os níveis de pressão controlados.
Não basta diminuir o consumo de açúcar. A médica alerta, ainda, que não basta diminuir o consumo de açúcar, mas também de comidas hipercalóricas, seja em gordura, proteínas ou açúcar. “Independente do macronutriente utilizado, se for hipercalórico, acima do que deveria ser ingerido no dia, pode causar acúmulo de gordura, obesidade e Diabetes”.
Tipo de diabetes
Os especialistas indicam que o diabetes não se trata de uma doença única, mas de um conjunto de doenças com uma característica em comum: aumento da concentração de glicose no sangue provocado por duas diferentes situações, que são o diabetes tipo 1 e diabetes tipo 2.
No Diabetes tipo 1, o pâncreas produz pouca ou nenhuma insulina. A instalação da doença ocorre mais na infância e adolescência e é insulinodependente, isto é, exige a aplicação de injeções diárias de insulina. Já no Diabetes tipo 2, as células são resistentes à ação da insulina. A incidência da doença que pode não ser insulinodependente, em geral, acomete as pessoas depois dos 40 anos de idade.
Existe ainda os casos de Diabetes gestacional , que ocorre durante a gravidez. “Durante a gravidez ocorrem adaptações na produção hormonal materna para permitir o desenvolvimento do bebê. A placenta é uma fonte importante de hormônios que reduzem a ação da insulina, responsável pela captação e utilização da glicose pelo corpo. O pâncreas materno, consequentemente, aumenta a produção de insulina para compensar este quadro de resistência á sua ação”, explica Cristina.
Em algumas mulheres, este processo não ocorre e elas desenvolvem quadro de diabetes gestacional, caracterizado pelo aumento do nível de glicose no sangue. Quando o bebê é exposto a grandes quantidades de glicose ainda no ambiente intra-uterino, há maior risco de crescimento fetal excessivo(macrossomia fetal) e, consequentemente, partos traumáticos, hipoglicemia neonatal e até de obesidade e diabetes na vida adulta.
O Diabetes também pode estar associado a outras patologias como as pancreatites alcoólicas, uso de certos medicamentos, etc.
Sintomas
Aproximadamente metade dos portadores de diabetes tipo 2 desconhecem sua condição, uma vez que a doença é pouco sintomática. O diagnostico precoce do diabetes é importante pois o tratamento evita sua complicações.
Quando presentes, os sintomas mais comuns são:
- Urinar excessivamente, inclusive acordar várias vezes à noite para urinar.
- Sede excessiva.
- Aumento do apetite.
- Perda de peso – Em pessoas obesas a perda de peso ocorre mesmo estando comendo de maneira excessiva.
- Cansaço.
- Vista embaçada ou turvação visual
- Infecções frequentes, sendo as mais comuns, as infecções de pele.
No diabetes tipo 2 estes sintomas quando presentes se instalam de maneira gradativa e muitas vezes podem não ser percebidos pelas pessoas. Ao contrário no diabetes tipo 1 os sintomas se instalam rápidamente, especialmente, urinar de maneira excessiva, sede excessiva e emagrecimento. Quando o diagnóstico não é feito aos primeiros sintomas, os portadores de diabetes tipo 1 podem até entrar em coma, ou seja, perder a consciência, uma situação de emergência e grave.
Quaisquer que sejam os sintomas, um médico deve ser procurado imediatamente para realização de exames que esclarecerão o diagnóstico.
Fatores de risco
* Obesidade (inclusive a obesidade infantil);
* Hereditariedade;
* Falta de atividade física regular;
* Hipertensão;
* Níveis altos de colesterol e triglicérides;
* Medicamentos, como os à base de cortisona;
* Idade acima dos 40 anos (para o diabetes tipo 2);
* Estresse emocional.
Agência AL