Dia Internacional da Mulher Negra é lembrado em evento na Assembleia Legislativa
Um colóquio com entidades do Movimento Negro, envolvendo os 40 estagiários do programa Antonieta de Barros (PAB) da Assembleia Legislativa, além de debates, palestras, exibição de filmes, vão compor o evento comemorativo ao Dia Internacional da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha, promovido pelo PAB, nesta sexta-feira (25), na Assembleia Legislativa.
De acordo com a coordenadora de Estágios Especiais da Assembleia Legislativa, Marilú de Oliveira, os desafios que a mulher negra tem a percorrer e o quanto já se avançou nos últimos anos são os pontos principais do debate. “Pensarmos em uma coordenadoria de estágios especiais dentro do Legislativo catarinense e tendo como coordenadora uma mulher negra, faz uma diferença”.
Na avaliação de Marilú, é interessante as pessoas perceberem que a capacidade da apropriação do conhecimento se dá através das oportunidades. “O PAB busca promover oportunidades para os jovens estagiários conhecerem uma realidade diferente da sua. Os jovens que vêm para o PAB têm entre 16 e 24 anos, são moradores da periferia com renda familiar de até dois salários mínimos e meio. Só por esse pressuposto já seria importante fazer essa discussão com eles e com suas famílias”.
Durante o evento, este tipo de discussão e a troca de experiências serão pensados de maneira a possibilitar que o negro se enxergue de forma digna e que tenha orgulho de suas origens, de sua cultura, e modificar o processo já existente, caso necessário.
A programação inicia às 9 horas, e está prevista para encerrar às 18 horas. As famílias dos estagiários vão participar contando suas histórias de vida. A intenção é buscar uma interação entre as famílias, as realidades de cada um e promover debates afirmando a importância social destas pessoas. Entidades do Movimento Negro que atuam com mulheres são convidadas a tratar de temas específicos relacionados à mulher, como saúde, cultura e estética. O apresentador de televisão Edsoul será o coordenador de uma mesa de debates sobre a realidade dos jovens nas comunidades periféricas e sobre mercado de trabalho.
Dia Internacional da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha, desafios e avanços
O Dia Internacional da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha, comemorado em 25 de julho, é mais do que uma data comemorativa; é um marco internacional da luta e resistência da mulher negra contra a opressão de gênero, o racismo e a exploração de classe. Foi instituído, em 1992, no I Encontro de Mulheres Afro-Latino-Americanas e Afro-caribenhas, realizado em Santo Domingo, na República Dominicana, para dar visibilidade e reconhecimento à presença e à luta das mulheres negras nesse continente.
Pesquisas realizadas nos últimos anos demonstram a gravidade da situação enfrentada pela mulher negra. Ela apresenta o menor nível de escolaridade, trabalha mais, porém com rendimento mínimo, em condições precárias e de informalidade; e as poucas que conseguem romper as barreiras do preconceito e da discriminação racial e ascender socialmente necessitam se empenhar mais e abdicar de outros aspectos de suas vidas, como lazer, relacionamento, maternidade.
“Se pensarmos na relação doméstico-familiar, ainda somos as que mais precisamos da Lei Maria da Penha. O acesso ao serviço público também é mais difícil às mulheres negras, por não termos tido as melhores oportunidades de escolaridades e formação. Como precisamos trabalhar mais cedo, deixamos de estudar e não nos qualificamos para o mercado de trabalho”, explica Marilú de Oliveira para ilustrar as dificuldades históricas por que, a maioria das mulheres negras, passa .
Esta realidade, que manifesta resquícios do período de escravidão, tem sido, também, transformada através da luta e da organização das mulheres negras na América Latina e no Caribe. Apesar de ainda em desvantagem, mais mulheres e, mais mulheres negras estão se inserindo na universidade e no mercado de trabalho, estão conquistando espaços importantes na economia, na sociedade, na política. Essas mulheres estão lutando para transformar a realidade, superar as desigualdades e construir uma nova cultura na sociedade, de combate à opressão de gênero e ao racismo.
É visível o avanço no processo de empoderamento da mulher na sociedade latinoamericana e caribenha. Demonstração disto é a ascensão das mulheres ao posto mais alto do país: o de presidentas da República. Essa conquista, contudo, demonstra a necessidade de, também, priorizar-se a questão racial no enfrentamento à opressão de gênero.
Agência AL