Dia Estadual da Preservação do Boto Pescador é celebrado com exposição
O hall do Palácio Barriga Verde recebe, nesta quarta-feira (24), uma exposição alusiva ao Dia Estadual da Preservação do Boto Pescador, comemorado em 25 de maio. Os visitantes podem conferir uma coletânea de fotos e um documentário produzidos para o projeto “Educar, Documentar e Valorizar para Preservar: Pesca artesanal com auxílio dos botos em Laguna”, inscrito em programa do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
A cidade do litoral catarinense detém o título de “Capital Nacional dos Botos Pescadores” (Lei 13.818/2016) por desenvolver a pesca cooperativa da tainha com o golfinho da espécie Tursiops truncatus. Os botos, em um movimento sincronizado, cercam o cardume e emitem um sinal para que o pescador lance a tarrafa ao mar. Apesar de ser avistado em todo o litoral brasileiro, só na região do Canal da Barra, nos Molhes, o boto apresenta esse comportamento.
A data comemorativa estadual foi instituída pela Lei 17.084, de 12 de janeiro de 2017, a partir de um projeto de autoria do deputado José Milton Scheffer (PP). O objetivo é promover ações de conscientização sobre a importância da preservação da espécie para o desenvolvimento cultural e econômico da região. O projeto de lei foi sugerido por alunos da Escola de Educação Básica Ana Gondin, de Laguna, participantes de 21ª edição do Parlamento Jovem catarinense.
De acordo com o parlamentar, a intenção do Dia Estadual é divulgar essa forma peculiar de cooperação entre botos e pescadores e destacar a necessidade de conservação dos ecossistemas da região. “A ideia é chamar a atenção da sociedade para a importância do boto pescador, único no mundo, um patrimônio cultural da cidade de Laguna. É um símbolo da sustentabilidade, da convivência do homem com a natureza e da preservação ambiental”, disse Scheffer.
Projeto de reconhecimento
A exposição aberta à visitação na Alesc é resultado de um projeto idealizado a partir do Programa Nacional de Patrimônio Imaterial (PNPI) do Iphan. Esse projeto sobre a pesca artesanal com auxílio dos botos em Laguna teve início em 2012 e resultou em um documentário de 17 minutos e um livro de pesquisa antropológica e histórica. As imagens expostas da mostra fazem parte da publicação. Elas foram feitas por jovens de comunidades pesqueiras da região que participaram de oficinas de fotografia com o lagunense Ronaldo Amboni.
A proposta é que a pesca artesanal com auxílio dos botos em Laguna seja reconhecida pelo Iphan como patrimônio cultural e imaterial brasileiro. “Isso parte de uma solicitação dos pescadores artesanais. Temos feito uma série de ações com eles e entidades de preservação ambiental. Fizemos um trabalho de base de entrevistas com pescadores artesanais, montamos uma equipe de jovens de comunidades locais, ensinando técnicas de fotografia e audiovisual, e realizamos a pesquisa antropológica. É praticamente um dossiê, uma fundamentação para o pedido”, ressaltou o idealizador e coordenador executivo do projeto, Wellington Linhares Martins.
Para o pesquisador de cultura açoriana, trata-se de uma manifestação cultural ímpar. “Nosso princípio é destacar essa interação única do pescador artesanal com os botos na cidade. Isso tem um significado especial para município. E essa transmissão de conhecimento tem que ser mantida, passada para próximas gerações”, frisou.
O livro está disponível no site do Iphan:
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