Destaque no Enem, Escola Bom Pastor preocupa comunidade de Chapecó
Nem mesmo o segundo lugar entre todas as escolas públicas do estado no Enem 2012 foi capaz de diminuir a preocupação dos pais dos alunos da Escola de Educação Básica Bom Pastor, em Chapecó. Construído há menos de três anos, o prédio que abriga a unidade escolar apresenta problemas que dificultam a aprendizagem dos estudantes. Entre as queixas, falta de acessibilidade e de acústica nas salas de aula.
A questão foi debatida na noite desta segunda-feira (25, em audiência pública solicitada pela deputada Luciane Carminatti (PT), vice-presidente da Comissão de Educação, Cultura e Desporto da Assembleia Legislativa. Um grupo de trabalho formado por gestores escolares, professores e representantes de pais e alunos foi constituído tratar dos problemas com o secretário estadual da Educação.
Construído com investimentos de R$ 10,4 milhões provenientes do governo do Estado, o imóvel de três andares começou a apresentar problemas logo após a inauguração, em setembro de 2010, afirmou o professor Cleber Ceccon. Segundo ele, o fato foi levado à Gerência Regional de Educação (Gered), que não tomou providências.
"Quando inaugurou, foi uma alegria ter este espaço novo, mas não tínhamos idéia do que viria. De início foram os problema na acústica e a falta de elevadores, o que limitava a mobilidade de professores e alunos. Mas logo vieram também as infiltrações, o descolamento de revestimentos cerâmicos e as fissuras nas paredes".
A informação foi confirmada pela diretora da instituição, Sandra Galera, que teme pela saúde dos estudantes, em razão da péssima acústica das salas de aula. "Muitos alunos voltam para casa não só sem terem absorvido tudo o que é repassado pelos professores, mas até mesmo com dor de cabeça", disse.
Ceccon, que também é vereador em Chapecó, avalia que seriam necessários cerca de R$ 400 mil para corrigir os problemas e realizar outras melhorias, como a colocação dos elevadores, de abrigos contra a chuva e a construção de uma área verde para os estudantes. As obras, no entanto, não constam do programa Pacto pela Educação recentemente lançado pelo Estado. "Esperamos que o governo olhe com carinho para esta escola, uma das maiores do estado, com 2,5 mil alunos".
Fora das prioridades
À frente da Gered de Chapecó, Ana Vedana afirmou que o município possui outras unidades escolares à espera de reformas, que foram incluídas no Pacto pela Educação por serem de caráter emergencial. "Entendemos as necessidades desta escola. Mas temos outras instituições deficitárias, como a Cel. Lara Ribas, a Valesca Parizotto e a Zélia Scharf. Para incluir as demandas da Bom Pastor precisaríamos retirar uma destas escolas, o que seria irresponsável", disse.
Ela anunciou, entretanto, que o problema da acústica nas salas de aula deve ser resolvida brevemente. Já os elevadores podem demorar mais a chegar. "Temos o espaço disponível para a instalação. Mas podem ser necessários R$ 750 mil reais para colocar essa questão da acessibilidade em dia".
A gerente regional de Educação informou que possíveis falhas na edificação podem fazer com que a empresa responsável pela obra seja notificada. "Precisamos saber alguns dos problemas relatados foram decorrentes de falhas na construção ou da falta de manutenção no prédio".
Luciane Carminatti, que vistoriou pessoalmente a estrutura, afirmou que uma das primeiras ações do grupo de trabalho será obter o projeto arquitetônico da edificação. "Queremos verificar se alguns itens constavam do projeto executivo, caso em que a empresa construtora ou os gestores da época podem ser responsabilizados. Não podemos pagar novamente por esta obra".
Vistorias em todo o estado
A deputada informou que os problemas encontrados na Escola Bom Pastor farão parte de um relatório que será entregue ao secretário da Educação e ao promotor da Vara da Infância e Adolescência do Ministério Público Estadual.
Desde 2011, a Comissão de Educação já vistoriou 65 unidades educacionais pelo estado, seis delas somente em Chapecó. "Descobrimos de tudo, desde unidades com falhas na fiação elétrica, telhados e forros caindo, até quadras e ginásios sem condições de uso. É um trabalho permanente que estamos fazendo, do qual esperamos que o Ministério Público se associe, intensificando a cobrança e a fiscalização em todas as escolas catarinenses", disse.
Agência AL