Despejo de 180 famílias de acampamento em Faxinal dos Guedes repercute na Alesc
O despejo de cerca de 180 famílias que estavam há um ano e meio acampadas na linha Vargem Bonita, em Faxinal dos Guedes, no Oeste, repercutiu fortemente na sessão desta quarta-feira (29) da Assembleia Legislativa.
“Quero manifestar minha profunda indignação por aquilo que marcou esta madrugada em Faxinal dos Guedes. De forma brusca e violenta, o aparato estatal desocupou uma área que pertence à União, temos a escritura”, denunciou Padre Pedro Baldissera (PT).
O representante de Guaraciaba criticou duramente a direção do Incra. “Temos uma audiência amanhã em Brasília, no entanto, o presidente do Incra estava ontem aqui, reunido com os seus, não entendemos o por quê, tanto o Estado quanto o governo federal lavaram as mãos e cometeram um grande crime”, acusou o parlamentar.
Cesar Valduga (PCdoB) lamentou o uso do aparato estatal para desalojar as famílias.“Policiais, bombeiros, representantes de órgãos estaduais e federais, polícia federal, Samu, conselho tutelar, até helicóptero. Mas é uma área pública, do Incra, da qual uma empresa de sementes tomou posse. Uma audiência para tratar do assunto estava agendada para 6 de dezembro em Brasília”, descreveu o deputado.
Luciane Carminatti (PT) criticou o Judiciário e lembrou que as famílias estão sendo obrigadas a negociar a retirada dos pertences. “Passei a manhã inteira tentando fazer um contato com Comando-Geral da Polícia Militar e o juiz agrário para as famílias poderem retirar os seus pertences e animais e poderem colher os frutos da sua produção. É isso que estamos tentando negociar, porque nessa hora nenhuma autoridade aparece e o Estado executa a decisão com mão de ferro”, afirmou Carminatti.
Padre Pedro alertou o Judiciário sobre as consequências da destruição das áreas cultivadas pelas famílias. “Elas estão com o produto para ser colhido, e lá estão eles com o maquinário para fazer dessecação! Este Parlamento tem de tomar uma atitude, não me responsabilizo por aquilo que poderá vir com a dessecação da área, as manifestações de indignação são profundas”, avisou.
Dirceu Dresch (PT) responsabilizou o Judiciário pela decisão precipitada. “Lamentável o que aconteceu nesta madrugada. A decisão da juíza para desocupar a área de terras foi totalmente precipitada, mais um fato do Judiciário. É uma área que está em nome da União, já deveria ter acontecido a avaliação das benfeitorias para o processo de reforma agrária”, disparou.
Tragédia da Lamia: um ano depois
Altair Silva (PP) lembrou a passagem de um ano do acidente com o avião da Lamia que vitimou jogadores, dirigentes e equipe técnica da Chapecoense, bem como convidados do clube e jornalistas.
“Recebemos a notícia triste lá pelas quatro e pouco da manhã, eram ligações de parentes e amigos preocupados com o avião da Chape. Choveu muito e foi um dia de muitas lágrimas no mundo todo pela partida dos nossos heróis, dirigentes e jornalistas”, recordou Altair.
O representante de Chapecó elogiou a reconstrução do time. “Começaram a reconstrução do zero, como um filho que perde o pai e honra o nome, a tradição e a família, e segue adiante para construir uma trajetória”, discursou Altair.
Luciane Carminatti também destacou a tragédia ocorrida com a Chapecoense. “Nasci em Chapecó, sou torcedora e conselheira da Chapecoense, fui acordada de madrugada com a notícia, um dos dias mais marcantes da minha vida, vi o sentimento de dor da cidade, do estado e do país com a perda de 71 pessoas”, confessou.
Manoel Mota (PMDB) elogiou a direção da Chapecoense e contou por que se tornou sócio do clube. “Conheci duas pessoas da diretoria no velório e eles me disseram ‘vamos fazer uma campanha para entrarem de sócio, para continuar a luta’. Eu disse que faria isso, que ia fazer muitos pronunciamentos, que ia pedir para que ajudassem a Chapecoense, para que entrassem de sócios, para manter a história viva”, revelou Mota, acrescentando que à época havia 9 mil e hoje são 75 mil sócios.
César Valduga ponderou que o acidente suscitou a solidariedade entre os brasileiros e o povo colombiano. E Natalino Lázare (PODE) ressaltou a popularidade da Chapecoense. “É o nosso segundo time”.
Lei da transparência
Antônio Aguiar (PMDB) noticiou que a lei de sua autoria que determina a transparência nas filas para procedimentos médicos no estado saiu do papel. “Tem um decreto regulamentando nossa lei, ela já está em vigência, não tem mais o jeitinho para fazer cirurgias eletivas, não tem mais jeito de passar na frente no exame ambulatorial”, previu Aguiar.
Reformas no tempo certo
Gabriel Ribeiro (PSD) argumentou que o governador Raimundo Colombo fez as reformas no tempo certo e agora o Estado goza de situação econômica diferenciada. “Nosso estado vive um momento singular, enquanto outros estados estão atrasando salários, parcelando, atrasando fornecedores, com problemas graves na economia e sociais. O governador Colombo fez as reformas no tempo certo, enfrentou o desafio de fazer o ajuste da previdência que hoje faz com que o estado consiga atravessar as turbulências”, analisou Ribeiro.
Ana Paula Lima (PT) discordou do colega e ironizou o discurso de que a saúde financeira do estado é boa. “Não é isso que acontece. Na saúde, vemos os grandes problemas, não pagamento para hospitais filantrópicos e para os municípios; na segurança várias viaturas não puderam trabalhar por falta de combustível. Ora! Parar as rondas por falta de combustível é o ápice da ignorância se o estado está bem!”, comparou Ana Paula.
Direitos humanos
Dirceu Dresch agradeceu o apoio da Casa para a realização do seminário de direitos humanos. “Quero a gradecer o apoio da Casa e da Escola do Legislativo no seminário de direitos humanos realizado no auditório Antonieta de Barros. Foram discussões e palestras, com o encerramento do Nilmário Miranda, que fez um apanhado histórico do papel da sociedade e das organizações na luta pelos direitos humanos”, informou Dresch.
Marcelino Chiarello
Dresch aproveitou para recordar a morte do ex-vereador Marcelino Chiarello, de Chapecó. “Dia 28 completaram seis anos da morte do nosso grande líder Marcelino Chiarello, uma marca na luta pelos direitos humanos e na defesa intransigente da boa aplicação do dinheiro público.”
Lagoa de Ibiraquera
Roberto Salum (PRB) cobrou da Polícia Ambiental uma parceria com os pescadores artesanais da Lagoa de Ibiraquera, em Imbituba. “Estão acabando com a lagoa, e a polícia ambiental não serve para nada. Ô comandante da Ambiental, se tu não serve para atender a comunidade, então vou começar a bater até você sair do cargo”, prometeu Salum.
Reforma da Previdência
Ana Paula afirmou na tribuna que se a reforma da Previdência atingisse apenas quem ganha muito, teria o seu apoio. “Enquanto os grandes bancos têm do governo federal bonificações e perdão de dívidas, querem tirar de quem ganha pouco, do trabalhador, porque a reforma da Previdência vai penalizar o trabalhador, se fosse para quem ganha muito até concordo (com a reforma)”, anunciou a deputada.
Agência AL