Deputados questionam governo sobre hospital de campanha de Itajaí
A defasagem do número de leitos de UTI na região da Foz do Rio Itajaí definiu a localização de hospital de campanha para 100 leitos de UTI no Parque da Marejada, em Itajaí. A informação foi confirmada durante sessão especial da Assembleia Legislativa, proposta pelo deputado Milton Hobus (PSD), que aconteceu na tarde de quarta-feira (15), por meio de videoconferência.
Questionado pelos deputados sobre a real necessidade do hospital, o secretário de Estado da Saúde, Helton Zeferino, informou que a região do Foz do Itajaí tem 83 leitos de UTI, contra 199 da Grande Florianópolis, 129 do Sul, 161 no Planalto e Meio-Oeste, 91 no Oeste e 250 no Norte e Planalto Norte do estado.
“É a macro regional que tem o menor número de leitos e por questão de oferta é o que temos para a região”, justificou Zeferino, que projetou a necessidade de 2,6 mil leitos de UTIs para suprir a demanda que poderá ocorrer entre maio e junho.
Além disso, o secretário explicou que os cálculos que sustentam as projeções e, consequentemente, as decisões do Executivo para combater a Covid-19, estão baseados em estudo do Imperial College, de Londres.
“As projeções são trabalhadas com dados do Imperial College, estudo amplamente difundido no meio acadêmico, com análise a partir da quantidade de óbitos. Também estamos trabalhando com calculadora epidêmica, não estamos escondendo informações”, reforçou Zeferino, acrescentando que professores da UFSC e membros da Associação Catarinense de Medicina auxiliam nos cálculos.
Entretanto, o secretário ressalvou o cenário dinâmico da epidemia, que muda conforme a adesão maior ou menor ao isolamento social, além de outras variáveis, como a evolução dos pacientes na UTIs e nas enfermarias, como circunstâncias que influem nas projeções.
A questão do custo
Vários deputados questionaram o alto custo do hospital de campanha, estimado em R$ 76 milhões, sendo R$ 18 milhões pela infraestrutura física e mais R$ 9,8 milhões em seis vezes mensais, comparado a um hospital de campanha para 200 leitos montado em Goiás pelo Exercito, com custo de R$ 10 milhões.
“Fomos buscar no mercado um hospital de campanha, com referências de preços e valores. O hospital montado pelo Exército não leva em conta os equipamentos, que serão fornecidos pelo estado (de Goiás). Lá são leitos sem equipamentos (respiradores), sem os profissionais e sem insumos”, alertou João Batista Ribeiro Junior, secretário de Defesa Civil, assegurando que o custo da UTI no hospital campanha de Itajaí será R$ 3.006,00 por leito, enquanto o de Goiás poderá chegar R$ 4.250,00 diários.
Questionamentos do Tribunal de Contas
Ivan Naatz (PL) trouxe à discussão sugestão do Tribunal de Contas do Estado para que a Defesa Civil suspenda a licitação do hospital de campanha.
“Hoje, às 13 horas, o TCE recomendou a suspensão da licitação. O TCE fez diversas observações de que a empresa vencedora não atendeu parte do edital”, informou o deputado.
“A gente vai receber o documento do TCE e se tiver irregularidade insanável, o processo não vai à frente”, garantiu João Batista.
Informações complementares
O deputado Milton Hobus (PSD), presidente da Comissão de Proteção Civil, elencou pedidos de informações detalhados que deverão ser enviados aos deputados pelo Executivo, com destaque para detalhes pormenorizados da contratação do hospital de campanha; lista com a localização dos novos leitos de UTIs abertos nos hospitais públicos e da rede filantrópica; plano de contingência da crise; relação dos integrantes do grupo de inteligência do Executivo; bem como as atas de reuniões do grupo gestor da crise.
Participaram da sessão virtual os deputados Fernando Krelling (MDB), Ada de Luca (MDB), Luiz Fernando Vampiro (MDB), Sargento Lima (PSL), Jessé Lopes (PSL), Coronel Mocellin (PSL), Ismael dos Santos (PSD), Kennedy Nunes (PSD), Marlene Fengler (PSD), Paulo Eccel (PT), Fabiano da Luz (PT), Altair Silva (PP), José Milton Scheffer (PP), Doutor Vicente Caropreso (PSDB), Rodrigo Minotto (PDT), Paulinha (PDT), Nilso Berlanda (PL), Nazareno Martins (PSB), Marcius Machado (PL), Jair Miotto (PSC) e Sérgio Mota (Republicanos).