Deputados cobram solução para crise provocada pela greve dos caminhoneiros
Parlamentares defenderam na tribuna da Assembleia Legislativa, na sessão ordinária desta quinta-feira (24), que Santa Catarina tome um posicionamento político e exija do presidente da República uma solução para a crise provocada pela paralisação dos caminhoneiros, que protestam contra o aumento dos combustíveis. A paralisação da agroindústria, a falta de insumos nos hospitais e o desabastecimento geral foram razões citadas pelos deputados para que se exijam respostas imediatas do governo federal.
O deputado Natalino Lázare (PODE) frisou que o aumento dos combustíveis afeta não somente os caminhoneiros, mas penaliza toda a população. “Santa Catarina está passando ao largo da crise, sem nenhum posicionamento político. Não temos poder de resolução, mas temos, sim, a responsabilidade política de, juntamente com o Fórum Parlamentar e lideranças políticas em Brasília, sensibilizar o governo de que ele tem que tomar uma posição.”
Mauricio Eskudlark (PR) afirmou que os aumentos cotidianos dos combustíveis são incompatíveis com a inflação de 1,75% anunciada pelo governo. “A solução é acabar com o monopólio da Petrobras e abrir o mercado”, defendeu. Eskudlark recomendou, ainda, a prisão em flagrante dos donos de postos de combustíveis que estão aplicando preços abusivos. “Nem tudo neste país é culpa dos políticos. Essas pessoas estão se aproveitando da dificuldade do momento, isso é um absurdo. Não adianta multar, tem que colocar na cadeia.”
Romildo Titon (MDB) opinou que o movimento dos caminhoneiros é justo, pois “ninguém mais aguenta a falência do transporte. Mas não basta dizer que apoiamos, precisamos fazer alguma coisa”. Ele sugeriu uma manifestação da Assembleia Legislativa ao presidente da República. “Essa crise está parando o Brasil, já começou a faltar alimentos; a agroindústria não tem comida para os animais; não estão chegando medicamentos e oxigênio aos hospitais”, relatou. Titon apelou à Mesa da Alesc para que seja feito ainda hoje um manifesto ao presidente da República pela solução da crise.
Jean Kuhlmann (PSD) afirmou que os caminhoneiros deram uma demonstração de força, tanto que a Petrobras anunciou na quarta-feira (23) uma redução de 10% no custo do óleo diesel por 15 dias. E a Câmara aprovou projeto que retira os impostos PIS e Cofins dos combustíveis. “A manifestação está dando resultados, mas agora estamos vivendo um momento delicado.”
O deputado apelou aos caminhoneiros que tenham bom senso e retomem as atividades, concedendo ao governo o prazo de 15 dias para que sejam tomadas ações concretas. “A população não pode sofrer por causa do movimento. O presidente Temer tem que criar vergonha na cara e fazer uma política decente para permitir que a normalidade seja retomada.” Em relação à Petrobras, Kuhlmann opinou que não basta acabar com o monopólio, é importante reduzir a carga tributária dos combustíveis.
CIEE presta contas
O presidente do conselho do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE/SC), Mércio Felsky, fez uma manifestação na tribuna para apresentar os resultados do trabalho da entidade no ano de 2017. Ele compareceu à Assembleia Legislativa acompanhado de conselheiros, funcionários, aprendizes e estagiários vinculados à instituição.
Felsky explicou que o CIEE tem como metas a inclusão do jovem no mercado de trabalho, combater a evasão escolar e inclusão social por meio da autoestima e do aumento da renda familiar. O centro foi fundado há 30 anos no estado e há 17 anos atua com autonomia econômico-financeira.
Conforme o Relatório de Atividades, 67 mil jovens foram cadastrados pelo CIEE em 2017, sendo que 63 mil foram acolhidos nos programas e 32 mil conseguiram contratação como adolescentes aprendizes ou estagiários. O centro conta com 4,5 mil empresas e entidades públicas parceiras e está presente em todos os municípios do estado. “Mais de 91 mil jovens catarinenses esperam uma oportunidade no estado, é um desafio enorme”, avaliou Felsky. O índice de desemprego entre a juventude no Brasil é de 28%. Na faixa até 18 anos, a desocupação é três vezes maior, de acordo com o conselheiro.
Cada jovem incluído em um programa do CIEE custa R$ 101 em renúncia fiscal aos governos. “Isso é infinitamente menos do que custa um jovem recluso”, comparou o dirigente. Atualmente, 18,7 mil jovens do estado estão vinculados a um dos programas do CIEE.
O aprendiz Kleyton Karlos da Silva deu um depoimento na tribuna, relatando as oportunidades que recebeu por intermédio do Programa de Iniciação ao Trabalho (PIT) do CIEE. “A partir do momento que eu comecei a trabalhar, conquistei independência da minha mãe”, comemora. Kleyton está empregado há um ano e planeja cursar Pedagogia, projeto no qual conta com o apoio dos educadores do CIEE.
Agência AL