Deputados alertam que violência faz país viver clima de guerra civil
O aumento da violência e a sensação de impunidade estão gerando no país um clima de guerra civil. “A preocupação é muito grande, algumas ações ocorridas no estado não são atividades normais de polícia, é quase uma guerra civil. Acha que policial quer trocar tiro? Ele gostaria de fazer policiamento comunitário, mas é obrigado a sair com colete à prova de bala para enfrentar situações que não quer enfrentar, estilo Síria, Iraque, não dá para esconder isso: os marginais reagem e atiram”, lamentou Maurício Eskudlark (PR) durante a sessão desta quarta-feira (10) da Assembleia Legislativa.
O deputado observou que na última grande operação realizada pela Polícia Civil a maioria dos mandados de prisão foram cumpridos nas cadeias. “Mandado de prisão de quem está preso”, ironizou Eskudlark, que cobrou dos deputados federais e senadores mais rigor na legislação penal. “O Senado, o governo federal e a Câmara dos Deputados têm de acordar para a guerra civil.”
Manoel Mota (PMDB) concordou com o colega. “É preciso mudar as leis, mas está faltando coragem”, disparou Mota. Nilson Gonçalves (sem partido) ponderou que o aumento da violência integra a conjuntura do país. “Tem a questão social, o desmonte da família, o desemprego, a desestabilização social, que somados ao sentimento de impunidade, estão levando a segurança pública ao verdadeiro caos”, declarou Gonçalves.
O representante de Joinville contou que alguns municípios estão pressionando para abocanhar parte relevante dos cerca dos 950 futuros policiais militares que recém iniciaram o curso de formação. “Blumenau quer boa parte dos 950 policiais; Joinville está na mesma tocada e faz pressão através dos seus deputados e da sociedade organizada, quer 300, pelo menos; Chapecó reivindica; Criciúma também quer; assim esses policiais vão ser pulverizados em número praticamente insignificante”, previu Gonçalves.
Além disso, o parlamentar questionou a efetividade do aumento de policiais no combate à violência. “Será que mais policiais vai resolver o problema? Prende-se gente todo santo dia, se ficassem presos com certeza não teríamos prisões suficientes. Mais policiais significam mais prisões, mais alvarás de soltura, presos eles não ficam”, advertiu o representante de Joinville.
Abrigo Divina Misericórdia
Kennedy Nunes (PSD) exibiu na tribuna uma pequena história do Abrigo Divina Misericórdia, de São Francisco do Sul. “Trabalham com pessoas com vulnerabilidade social e não dependem de um só centavo do governo, não cobram nada para atender as pessoas que estão lá, é um exemplo para todos nós de que é possível ajudar sem depender de ajuda nenhuma”, defendeu Kennedy, acrescentando que o abrigo atende cerca de 70 pessoas e processa mais de 100 toneladas de material reciclado todo mês.
44 anos da Chapecoense
Altair Silva (PP) destacou a passagem de 44 anos de fundação da Associação Chapecoense de Futebol, celebrados neste 10 de maio. “A Chapecoense no último domingo teve o privilégio de se sagrar bicampeã catarinense. Depois da maior tragédia que Chapecó viveu, tivemos que correr contra o tempo para formar uma nova equipe e dar assistências às famílias dos nossos heróis”, afirmou Altair.
Manoel Mota, que apesar de residir em Araranguá, no Sul do estado, é sócio da Chapecoense, recordou que nesta noite o Verdão do Oeste disputará a Recopa. “Hoje à noite vão construir mais uma história linda, são duas cidades irmãs”, informou Mota, referindo-se a Chapecó e Medelín, local do jogo entre a Chapecoense e o Atlético Nacional (Col).
Nilso Berlanda (PR) comparou a Chapecoense com os outros clubes do estado. “Mostrou como se monta um time, não é só recurso”. Cesar Valduga (PCdoB) reconheceu que o time da locomotiva do Oeste está superando as dificuldades. “Ressurgiu novamente e com espírito positivo”, avisou o deputado.
Conjuntura extremamente difícil
Padre Pedro Baldissera (PT) avaliou que a atual conjuntura brasileira está “extremamente difícil de ser suportada” e informou que muitos analistas apontam para o surgimento de uma visão simplista dos problemas do país. “Falam de soluções aparentemente fáceis de serem buscadas e construídas, mas que escondem uma violência gigantesca”, justificou o deputado.
Padre Pedro recusou a dicotomia a favor ou contra a Lava Jato. “Se alguém é culpado, que se puna, não há outra maneira, mas não podemos nos levar por uma interpretação simplista, porque podemos cair em uma situação em que tudo pode.”
Eskudlark, ao contrário, defendeu que o momento é de passar o Brasil a limpo. “Não podemos continuar com essa forma, o país ficou tolerante com o erro, com o dolo e a má fé, tantos os desvios, isso tem de mudar, tem de ter um fim”, advogou o deputado, que comparou o ex-presidente Lula ao policial que cobra propina. “Do pequeno queremos punir e do grande não, mas a situação é idêntica.”
Dois anos sem LHS
Valdir Cobalchini (PMDB) repercutiu na tribuna os dois anos de falecimento do ex-governador Luiz Henrique da Silveira, ocorrido em 10 de maio. “Ele contribuiu para transformar regiões inteiras, há um antes e um depois de LHS, lutou como pode contra a litoralização, incentivando a abertura de empresas em regiões deprimidas como o Oeste, a Serra e o Planalto Norte”, afirmou Cobalchini.
Eskudlark contou que foi LHS quem enviou à Assembleia o projeto de lei que concedeu direito à aposentadoria especial aos policiais. “Fui delegado-geral no seu governo, ele pedia ‘olha com carinho para Joinville’, foi o maior político que Santa Catarina teve”, avaliou o deputado.
Nilso Berlanda confrontou Luiz Henrique com os atuais políticos “envolvidos com a Odebrecht” e concluiu que o ex-governador era diferente. Manoel Mota lembrou que LHS foi três vezes prefeito de Joinville, cinco vezes deputado federal, duas vezes governador e senador. “Uma história marcada pelo trabalho”, argumentou Mota. Fernando Coruja (PMDB) também elogiou LHS. “Foi um governador fora da curva.”
Guia de turismo
Mário Marcondes (PSDB) revelou que recebeu em seu gabinete representantes dos guias de turismo. “É um profissional de ponta, o primeiro elo entre o turista e a cidade turística”, explicou Marcondes, que defendeu vetos a vários pontos da chamada lei dos agentes de viagem. “Vários artigos prejudicam a categoria”, concluiu Marcondes.
Agência AL