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01/02/2017 - 10h17min

Deputado Gelson Merisio apresenta balanço da gestão à frente da Alesc

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Gelson Merisio

Reconhecido como um dos deputados que por mais tempo esteve à frente da presidência do Legislativo estadual (2010-2011, 2011-2013 e 2015-2017) Gelson Merisio (PSD) despede-se do cargo com um balanço das principais ações tomadas durante o período. Durante a entrevista, dada ao jornalista Marcelo Espinoza para a TVAL, o parlamentar fala sobre as principais dificuldades enfrentadas, o legado que buscou deixar e revela o objetivo de tornar-se o próximo governador do Estado.

Deputado, a que o senhor atribui o fato de conseguir assumir três vezes a presidência da Casa, algo que não é comum, pelo menos na história recente do Parlamento.
Gelson Merisio - Primeiro à forma como administramos a Casa pela primeira vez, lá em 2010. Deixando muito claro e evidente que o que precisa ser ressaltado não é a questão administrativa, é o trabalho do parlamentar, é o exercício de um mandato popular, que é conquistado com muito esforço, com muita dificuldade e também com muita honra. Porque representar 70, 80, 100 mil pessoas é uma missão muito maior do que uma função administrativa. Dar a todos oportunidades iguais, criar as condições para um bom trabalho de todos os parlamentares é o que eles querem, de fato, no dia a dia da Casa, o que foi propiciado no primeiro mandato e, consequentemente, nos outros dois que deram sequência a esse trabalho.

Quando tomou posse no atual mandato, lá em 2015, em discurso o senhor disse que o seu mandato teria três cláusulas, que colocou como pétreas: independência, transparência e sintonia com as ruas. O senhor acredita que conseguiu atingir essas três cláusulas, que conseguiu desenvolvê-las nesses dois anos?
Nós cumprimos o compromisso de perseguir cada uma delas. É evidente que nada é perfeito, que nada é como gostaríamos que fosse de forma ideal. No entanto, o processo foi muito transparente, tanto é que enfrentamos muitos problemas que vieram à tona em função dessa transparência. Há um ditado que diz que o sol é o melhor dos detergentes, porque permite que todos enxerguem aquilo que precisa ser melhorado e nós fizemos desta forma. Também estivemos associados ao sentimento das ruas e tanto é verdade que, mesmo em anos tão difíceis no mundo político como o Brasil passou, nós os atravessamos sem termos nenhum envolvimento e de nenhum parlamentar da Casa, sem nenhum processo administrativo. Aliás, não fizemos mais do que a nossa obrigação. Mas, num ambiente tão hostil como foi entre 2015 e 2016, me parece que é também uma conquista.

A respeito desta colocação, sobre o período 2015-2017, em que houve um cenário político totalmente diferente daqueles três anos anteriores, quando o senhor esteve pela primeira vez na presidência, nós tínhamos um cenário econômico-político favorável entre 2010 e 2013 e agora, 2015-2017, um cenário bem desfavorável. Mudou muita a forma de gerir a Casa?
Olha, sempre mudam os problemas, mas as soluções, em tese, são as mesmas. É muita gestão, muita economia e muita transparência no processo público. Isso vale para 2015, para 2016, como vai valer para 2017 e 2018. Tenho convicção que a proliferação de veículos de comunicação convencionais, especialmente de redes sociais, faz com que o cidadão esteja muito informado, e, estando informado, ele cobra de forma muito contundente uma postura clara e transparente do seu representante. Nós compreendemos isso e praticamos isso na plenitude durante estes últimos dois anos. 

Falando destes cinco anos que esteve à frente da presidência, o que o senhor acredita ser o maior legado que deixa aqui na Casa?
Transparência nas ações administrativas, muita rigidez no controle de gastos, e o produto entregue à população, que é o serviço público.  Nós, nestes três anos finais, mais os dois do primeiro mandato, tivemos mais de R$ 300 milhões economizados e transformados em serviço público. Especialmente depois do Fundo de Apoio aos Hospitais Filantrópicos, transformado em cirurgias eletivas. Isso além do recurso e do efeito prático direto, também tem o efeito filantrópico porque deixa para o futuro o legado de economia, que vai ser cobrada pela população, e também de comparativo entre os demais poderes, os demais órgãos, que terão o exemplo da Assembleia, que transformou processo administrativo em cirurgia eletiva, que é algo possível de ser perseguido.

Tem algo que o senhor eventualmente não tenha conseguido desenvolver, ou não desenvolveu a contento, ou entende que ainda há muito a evoluir dentro das medidas administrativas que tomou nestes cinco anos?
Olha, há muito a evoluir. Nós ainda não temos a dimensão exata do processo administrativo, que é evolutivo. Funcionário efetivo, quando ele é empossado, ele tem uma relação com o Estado de 60 anos, 30 na ativa e mais 30 como aposentado, no mínimo. Nós conseguimos reduzir 408 em um total de 828 cargos, ou seja, uma diminuição de aproximadamente 50% no número de funcionários efetivos. Agora nós precisamos dimensionar qual é a necessidade efetiva, não apenas porque há a vaga aberta, mas o que é preciso para que se preste um serviço para a população. Isso é um processo evolutivo e tenho certeza que o Silvio [Dreveck], vai dar sequência a este processo de modernização e transparência no trato com o processo administrativo.     

De que forma a experiência adquirida nestes cinco anos no comando da Casa deve lhe ajudar na sequência da sua carreira política?
Eu gostaria de ser governador do Estado. Vou me preparar para isso, vou conhecer o estado, seus problemas, suas potencialidades e, sem obcessão nem tampouco açodamento, vamos buscar a condição, primeiro, de candidato. Depois, se possível, de governador. E, para isso, claro que a experiência adquirida aqui é uma escola que deve ser levada para a frente e para ser posta à avaliação das pessoas. Nós vivemos momentos difíceis na vida pública brasileira e há que se ter coragem para tomar as medidas que sejam necessárias. Nós demonstramos nesse período que não temos nenhuma dificuldade em fazer os movimentos que têm que ser feitos, sempre no intuito de, no final, na ponta, prestarmos um bom serviço às pessoas. Cada vez, de forma mais efetiva, os recursos serão mais escassos. Por isso mesmo, há que se reduzir os processos administrativos e permitir que estes recursos se transformem em serviços. Em policial na rua, em enfermeiro no hospital, junto com o seu médico, em professores bem remunerados e qualificados nas salas de aula.

O senhor, em 2015, levantou a bandeira da redução dos duodécimos dos poderes e dos demais órgãos ligados à administração pública, como o Tribunal de Contas do Estado e o Ministério Público de Santa Catarina. No ano passado foi aprovado um projeto aqui na Casa que reduziu um pouco o repasse do duodécimo da Assembleia pra atender a uma situação do poder Executivo, que tinha que acertar alguns débitos com os demais poderes. O senhor entende que esse assunto, que o senhor levantou lá em 2015, mas infelizmente não teve sequência, ainda tem espaço para ser debatido, ou seja, os poderes podem reduzir um pouco as suas parcelas para melhorar a arrecadação do Executivo e, consequentemente, a prestação dos serviços, que é o objetivo do governo?
Eu entendi e continuo entendendo que nós não podemos ter dois tipos de serviço público. O dos poderes, que têm uma remuneração quase próxima do ideal, que têm uma aplicação e uma jurisdição quase próxima do ideal, e o do Executivo, que é o serviço público que atende as pessoas de forma direta, como a saúde, a educação, a segurança pública, apenas como possível.  Nós temos que, com o tempo e de forma transparente, medir o tamanho possível do Estado, nos seus poderes e também no Executivo. E a Assembleia demonstrou claramente que dá para caminhar nesta direção, tanto é que neste ano reduzimos o repasse a que teríamos direito porque entendemos que era possível fazer esse movimento para atendermos a uma questão pontual do Executivo com o Judiciário e com o Ministério Público, mas também como demonstração de que há espaço para a evolução deste tema.

O senhor deixa a presidência mas tem mais dois anos de mandato como deputado. Como vai ser a atuação do Gelson Merisio deputado agora nesses próximos dois anos?
Nós construímos ao longo do ano passado, com a nossa equipe técnica, alguns projetos estruturantes, que entendemos importantes para o estado, especialmente na área da segurança pública e também na questão da gestão eficiente do Estado. Projetos estruturantes, que precisam de um amplo debate com a sociedade, pra ouvir, modificar e aprimorar, que é o que eu pretendo fazer com mais tempo agora nestes dois anos que antecedem 2018. Parece-me que vai ser uma contribuição com o debate, sem pretensão de aprová-lo como é proposto, mas sim de discutir e, se for o entendimento da maioria, poder implantá-lo. Com tempo se faz um debate mais qualificado. A parte administrativa sempre rouba um pouco deste tempo, que a partir de amanhã eu terei plenamente para fazer o processo legislativo para o qual eu fui eleito por mais de 120 mil pessoas. É um número extremamente expressivo que me escolheu como seu representante, não como presidente da Casa. Então, volto a este papel com muita honra, com muito prazer e com muito empenho. 

Tem algum destes projetos que o senhor gostaria de destacar, que o senhor entende que deve trabalhar com mais afinco?
Eu já protocolei na Casa todos aqueles [projetos] ligados à segurança pública e ao longo deste ano vamos debatê-los com profundidade. Se fosse falar agora seria superficial e acho que não é o caso. Mas vamos debatê-los com todos os envolvidos, com os policiais civis, militares, com o governo e com a sociedade.

Gostaria que o senhor deixasse uma mensagem para todos os telespectadores da TVAL no encerramento desta entrevista.
Mensagem de agradecimento. Primeiro àqueles que me escolheram como seu representante, depois aos 40 deputados que me escolheram também como seu representante junto ao processo administrativo e, finalmente, aos funcionários da Casa, que tiveram sempre muito espírito público, compreensão das dificuldades e, acredito, juntos prestamos um bom serviço nestes dois anos.

Alexandre Back
Agência AL

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