Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina Agência AL

Facebook Flickr Twitter Youtube Instagram

Pesquisar

+ Filtros de busca

 

Cadastro

Mantenha-se informado. Faça aqui o seu cadastro.

Whatsapp

Cadastre-se para receber notícias da Assembleia Legislativa no seu celular.

Aumentar Fonte / Diminuir Fonte
21/11/2016 - 11h31min

Deputado elabora projeto visando potencializar a fruticultura no estado

Imprimir Enviar

Criar alternativas de renda para os pequenos produtores de suínos e aves afetados pela crise provocada pelo aumento do preço do milho. Este é o objetivo de um projeto que vem sendo elaborado pelo deputado Natalino Lázare (PR), com o apoio de pesquisadores e produtores rurais, e que deve ser apresentado para o governador do Estado ainda neste ano.

A proposta, de acordo com o parlamentar, é que os produtores que possuem áreas ociosas em suas propriedades passem a empregá-las para a produção de frutas.

Para tanto, será disponibilizado ao agricultor um “pacote tecnológico” contendo informações como as variedades mais propícias ao clima e solo de cada região, formas de plantio e manejo, equipamentos para irrigação e proteção contra granizo e geada, já com os custos para implementação, e como acessar as linhas de crédito existentes.

Entre os principais partidários do projeto está o gerente de pesquisa da Estação Experimental de Viticultura, Enologia e Frutas de Clima Temperado do município de Videira, Vinícius Caliari, que inclusive vem fornecendo suporte técnico para a sua elaboração. “A fruticultura é um grande investimento para o pequeno produtor, pois pode ser implementada até mesmo em pequenas áreas e de relevo inclinado. Se implementado, este projeto deve trazer mais famílias para o segmento e aumentar o retorno financeiro para as famílias que já atuam nele." Outra possibilidade levantada é que parte das frutas cultivadas seja destinada a fabricação de sucos, cuja rentabilidade é assegurada a partir de pomares a partir de um hectare.

A criação de uma política específica para o fomento da fruticultura, afirma Natalino, também deve contribuir para tornar Santa Catarina autossuficiente em produtos que hoje são trazidos de outros estados. “Somente em 2015, importamos 12 milhões de toneladas de uvas do Rio Grande do Sul, algo que poderia ser feito aqui, pois temos solo e clima propícios, além da tecnologia necessária e pessoas vocacionadas para isso.”

De acordo com o mais recente relatório elaborado pela Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri), entre 2014 e 2015 as principais lavouras frutícolas permanentes no estado somaram algo próximo a 55 mil hectares. Esse cultivo envolveu cerca de 14 mil produtores e resultou em uma safra de mais de 1,5 milhão de toneladas, que foram comercializadas pelo valor bruto de R$ 1 bilhão.

De posse das informações, o deputado espera agora obter a concordância do governo do Estado para a medida. “Ainda neste mês devemos apresentar a ideia ao secretário da Agricultura, Moacir Sopelsa, e depois conversar com governador sobre a possibilidade de obter apoio para a formulação de um projeto de lei”, disse Lázare.

Safra segura
Caso venha a se concretizar, o pacote tecnológico idealizado por Lázare deve tornar possível que outros agricultores sigam o exemplo de José Miozzo, dono de uma área de 12,5 hectares, localizada na divisa dos municípios de Rio das Antas e Fraiburgo, voltada ao cultivo de pêssego e ameixa.

Visando proteger a produção do granizo e da geada, comuns na região do Vale do Rio do Peixe, a família Miozzo buscou assessoramento técnico e, por meio do Pronaf Agricultura Familiar, promoveu a instalação em sua lavoura de equipamentos como telas de cobertura e irrigação por micro aspersão. Além disso, a propriedade também sedia um dos queimadores de iodeto de prata e acetona fornecidos pela Associação Brasileira de Produtores de Maçã (ABPM) e mantidos pela prefeitura local e Secretaria de Estado da Defesa Civil, que impedem a formação de partículas de granizo em um raio de até 5 quilômetros.

“Instalamos esses equipamentos para termos mais tranquilidade e segurança, pois todo ano perdíamos parte da safra devido ao clima. Se não fizéssemos isso nossa plantação ficaria inviável como negócio. O investimento foi alto, mas valeu a pena. Este ano já tivemos granizo e não houve perdas”, destacou o agricultor.

Já Júlio César Miozzo, que auxilia o pai na condução da propriedade, avalia que os investimentos devem fidelizar os compradores da produção. ”Essas melhorias vão ajudar a agregar valor às nossas frutas e o mercado sempre vai preferir os melhores produtos, sem manchas ou batidas por granizo, o que é uma garantia para os próximos anos.” Antes de promover as mudanças, o jovem de 28 anos e formado em Administração chegou a pensar em deixar o campo em busca novas oportunidades nos grandes centros urbanos, opção agora descartada. “Conseguimos aumentar a qualidade de vida da nossa família. Hoje tenho uma remuneração que não teria se estivesse em um emprego na cidade.”

Maçã como exemplo
Além da produção de uvas e de frutas de caroço, tais como pêssego, ameixa e nectarina, típicas de climas temperados, os municípios localizados entre as regiões do Vale do Rio do Peixe e Planalto Serrano destacam-se pelo cultivo de maçã, da qual participam cerca de 2,2 mil pequenos produtores, e também grandes empresas. 

Entre os grandes no setor está o Grupo Fischer, que atua na produção de sucos, madeira de reflorestamento e cereais (milho e soja), mas que tem como principal atividade o comércio de frutas in natura, como kiwis e maçãs, com destaque para esta última. 

A empresa, que possui cinco plantas industriais (em Fraiburgo, Monte Carlo e São Joaquim) e emprega em torno de 1,5 mil pessoas, produz anualmente 125 mil toneladas da fruta, nas variedades Gala e Fuji, sendo 70% de plantios próprios e o restante vindo de outros produtores. Grande parte da produção da Fischer é voltada para o mercado interno, entre grandes redes de supermercados e centros atacadistas, mas cerca de 10% já são direcionados para o atendimento de clientes no exterior, afirmou o diretor do grupo, Arival Pioli. “Até a década de 1970 o Brasil era basicamente importador da fruta, gastando neste processo algo próximo de 100 milhões de dólares por ano. Hoje somos exportadores, tendo a primeira remessa para o exterior sendo feita justamente por nós, ainda no ano de 1986.”

Já o diretor executivo da ABPM, Moisés Lopes de Albuquerque, apontou os benefícios sociais proporcionados pela atividade. “Cada hectare dedicado à fruticultura demanda o emprego de aproximadamente R$ 15 mil em mão de obra, enquanto o cultivo de cereais ou florestas chega somente a R$ 200, R$ 300, sem falar nos benefícios alcançados pela geração de impostos.”

Inovação no mercado de ameixas
Outro passo para o fortalecimento da fruticultura em Santa Catarina deve ser dado no próximo mês, com o lançamento pela Epagri de Videira de uma nova variedade de ameixa, chamada Zafira, em comemoração aos 80 anos de existência da unidade, a segunda mais antiga do estado.

Entre as particularidades da Zafira está a resistência à Escaldadura, doença causada pela bactéria Xylela Fastidiosa e que se caracteriza pela obstrução gradual dos vasos que conduzem seiva, o que leva a diminuição dos frutos e a eventual perda de toda a planta.

Além de ser totalmente desenvolvida no país, a Zafira também deve possibilitar a produção de frutos com a estrutura, cor e sabor buscados pelo mercado. "Tínhamos resistência, mas não tínhamos qualidade. Se a Zafira der certo como esperamos, ela vai promover uma verdadeira revolução no plantio da ameixa no estado”, frisa o pesquisador da Epagri André Luiz Kulkamp de Souza.

 

 

Alexandre Back
Agência AL

Voltar