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30/03/2021 - 13h06min

Debate aponta sensibilização como maior arma contra pandemia

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Debate envolveu autoridades, parlamentares e lideranças políticas da área da saúde

A Comissão de Saúde reuniu virtualmente diversos setores ligados ao enfrentamento da pandemia na manhã desta terça-feira (30). A pauta do debate tratou do desabastecimento de medicamentos e insumos utilizados no tratamento dos pacientes com Covid-19, bem como o planejamento e cronograma para compra de vacinas e o esgotamento de vagas de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs). O consenso entre os participantes é que a mobilização e a sensibilização da sociedade sobre a urgência de obediência às regras de prevenção precisam ser intensificadas.

Giovani Nascimento, presidente da Federação dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde do Estado de Santa Catarina (Fehoesc), foi enfático ao tocar no assunto. Segundo ele, é inegável que o poder público, os hospitais e todas as demais entidades ligadas à saúde estão atuando. “Mas o que se percebe é que a população insiste em não entender este período de exceção que vivemos há mais de um ano. Todos os esforços de buscar a vacinação, de comprar equipamentos, abertura de novos leitos de UTI, são insuficientes”, lamentou. Na sua avaliação, a sociedade parece não entender que é preciso tomar medidas de cuidado para evitar a contaminação.

“Temos que agir rapidamente na vacinação, que é a saída. Mas enquanto isso não se acelera, devemos ter ação do governo e entidades para divulgar isso”, desabafou. Presidente do colegiado, o deputado Neodi Saretta (PT) concordou. “É difícil combater a pandemia quando o governador do Rio de Janeiro diz que não pode fazer festa, mas aparece na mídia dois dias depois fazendo festa particular para comemorar o aniversário. Isso é que leva ao que estamos vivendo.”

Alexandre Cunha, que representou o presidente do Conselho Estadual de Saúde de Santa Catarina (COES), Jorge dos Passos Corrêa Cobra, destacou que continua sendo pertinente “falar da necessidade de diminuir o volume de internações”, com mais imunizações, mas também com medidas mais restritivas. “A falta de medicamentos era uma preocupação pré-anunciada. Temos que tomar as medias possíveis para evitar o caos futuro e a Alesc tem que estar à frente no trabalho para maior compra de bens e direcionamento da imunização”, afirmou. Sobre a atuação do Parlamento, Saretta lembrou que apresentou um projeto de lei que autoriza o Estado a adquirir as vacinas e a matéria foi sancionada pelo governador Carlos Moisés da Silva (PSL).

O vice-presidente da Comissão de Saúde, deputado Doutor Vicente Caropreso (PSDB), lamentou a impressão clara de que o governo federal pouco fez para evitar a situação atual da pandemia. “No ano passado o governo não apresentou intenção [de comprar vacinas] da Pfizer, perdendo uma oportunidade extraordinária para iniciar 2021 com qualidade.” Por outro lado, o parlamentar frisou que vê uma aparente mudança no rumo administrativo federal com o novo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga. “Finalmente vejo um ministro que veio a público pedir para usar máscara. É o quarto ministro, mas o primeiro a mudar a postura.”

Relatora da Comissão Externa da Câmara de Enfrentamento à Pandemia de Covid-19, a deputada federal Carmem Zanotto (Cidadania) destacou que a preocupação com a pandemia tem sido permanente tanto na Câmara Federal quanto na comissão que integra. Principalmente, afirmou, por causa da situação de falta de insumos. “É uma situação nacional e complexa, que envolve a soma de esforços do Itamaraty, organizações de saúde, indústria e classe produtiva. Todos estão demandando pelos mesmos produtos e a indústria não consegue atender.”

Primeiro vice-presidente do Conselho Regional de Medicina (CRM), Eduardo Porto Ribeiro contou que, para a entidade, o momento é de esforço na distribuição de vacina e nas imunizações. “Todos os esforços que a Alesc e demais entidades puderem fazer é o que tende a resolver em médio prazo esse problema dramático." A falta de conscientização geral acaba refletindo no sistema hospitalar.

“Hoje estamos vivendo a crise [de falta de UTIs] e o atendimento começa a perder qualidade. Quando não tem local próprio e equipe treinada – com médico, enfermagem, fisioterapia e todos os demais profissionais qualificados – diminuir essa necessidade é complicado. Equipes treinadas não temos em estoque”, contou.

Integrante do Ministério Público Federal, o procurador regional dos Direitos do Cidadão, Cláudio Valentin Cristani, destacou que o menos se precisa “é de extremismos e voluntarismos”. Apesar de reconhecer os esforços de quem está no combate à pandemia, ele demonstrou seu inconformismo com a existência de uma fila de pacientes esperando por UTI e a única resposta ser aguardar acabar essa espera. “Precisamos de cuidado muito grande no tocante a eventuais modificações de prioridades, sem definição técnica que justifique. Todos temos direito à vacina, que é a grande esperança.”

Sobre a vacinação, o secretário de Estado da Saúde, André Mota Ribeiro, informou que Santa Cataria está contemplando a fase dois da vacinação. “Precisamos chegar a 35 mil, 40 mil doses por dia e temos as cartas de intenção de compra para vacinas como a da Jansen, Sputnik e Pfizer.”

Consultor em Saúde da Federação Catarinense de Municípios  (Fecam), Jaílson Lima trouxe ao debate a informação sobre a mobilização da entidade para fazer com que as prefeituras possam comprar vacinas diretamente. Segundo ele, já há adesão de 262 cidades. “Toda essa movimentação está sendo feita pelo departamento jurídico e com técnicos do Tribunal de Contas do Estado.” De acordo com ele, a entidade recebeu nesta segunda-feira (29) da empresa Europa a confirmação de que a compra pode ser feita. “Eles têm prazo de entrega em 10 dias, mas nenhum pagamento será feito sem ter passado pela aduana brasileira e com liberação da vigilância sanitária.”

 

 

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