Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina Agência AL

Facebook Flickr Twitter Youtube Instagram

Pesquisar

+ Filtros de busca

 

Cadastro

Mantenha-se informado. Faça aqui o seu cadastro.

Whatsapp

Cadastre-se para receber notícias da Assembleia Legislativa no seu celular.

Aumentar Fonte / Diminuir Fonte
11/12/2023 - 18h22min

De 175 municípios pesquisados, 50 não poderiam fornecer água na União Europeia

Imprimir Enviar

FOTO: Bruno Collaço / AGÊNCIA AL

Dos 175 municípios pesquisados, em 60 foram constatados resíduos de agrotóxicos na água e cinquenta deles sequer poderiam fornecer água à população se estivessem localizados na União Europeia.

A informação foi repassada pela doutora em Química, Sônia Corina Hess, durante reunião do Fórum Catarinense de Combate aos Impactos dos Agrotóxicos e Transgênicos, realizada nesta segunda-feira (11), na Assembleia Legislativa, com o apoio da Comissão de Turismo e Meio Ambiente.

“No Brasil a lei permite cinco mil vezes mais glifosato que na União Europeia. A gente viu amostra de água com 13 diferentes agrotóxicos e está tudo bem. Por que? Porque está dentro do normal (previsto na legislação) e não existe limite para a soma dos resultados”, criticou Sônia.

O engenheiro agrônomo Matheus Fraga, da Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc), concordou com Sônia Hess.

“Já peguei amostra de água com 29 produtos diferentes”, registrou Matheus.

Segundo Sônia Hess, 79% dos agrotóxicos são aplicados em somente quatro culturas: 52% na soja; 10% no milho; 10% na cana-de-açúcar; e 7% no algodão. Mas os maiores problemas, de acordo com o representante da Cidasc, estão relacionados com o uso do acefato, carbendazim e clorpirifós.

“Velhos, cheios de problemas no país e continuamos usando. O tomate usa agrotóxico banido, mas usam porque não sabem que é proibido, porque é o agrotóxico que têm acesso. O nosso desafio dos próximos anos tem de ser a orientação e a tecnologia da aplicação, se utilizar corretamente já diminui a quantidade aplicada”, avaliou Matheus, acrescentando que o morango, alface, pêssego e rúcula estão entre as culturas que utilizam esses agrotóxicos proibidos na União Europeia.

A lixeira do mundo
De acordo com levantamento feito pela doutora Sônia Hess, em 2013 foram comercializadas 495 mil toneladas de agrotóxicos no Brasil, enquanto em 2021 a quantidade foi de 719 mil toneladas.

“Foram cerca de 3,4 kg por habitante em 2021”, pontuou Hess, que comparou o crescimento no uso dos agrotóxicos com o aumento da área cultivada.

“O uso entre 2013 e 2021 aumentou 45%, enquanto a área cultivada aumentou somente 19%. Conclusão? A quantidade de veneno utilizada aumentou muito por hectare”, sustentou a pesquisadora.

Conforme dados levantados pela doutora Hess, em 2021 foram comercializadas 219 mil toneladas de glifosato; 62 mil toneladas de 2,4D; 50 mil toneladas de mancozeb; e 35 mil toneladas de acefato.

“Aparecem em nossa comida, na água. Todos banidos na União Europeia, isso nos dá a condição de lixeira, somos a maior lixeira química do mundo”, garantiu Sônia Hess.

Os campeões do agrotóxico
De acordo com o representante da Cidasc, as regiões que mais consomem agrotóxicos são o Planalto Norte, o Oeste e a região de São Joaquim.

“O glifosato é o mais utilizado”, apontou Matheus Fraga, completando que na cultura da soja são utilizados 10 kg de agrotóxicos por hectare; cebola, 50 kg por hectare; maçã, 94 kg por hectare; fumo, 4 kg por hectare; milho, 17 kg por hectare; tomate, 97 kg por hectare; banana, 11 kg por hectare.

“Este levantamento ajuda a Cidasc a focar no que realmente tem risco, como a fruticultura, que por usar uma tecnologia de aplicação defasada, tem mais riscos. O uso correto é bem complexo e custa caro, mas temos de fazer, temos de ensinar o agricultor a utilizar de forma correta, não é difícil o desafio, dá para evoluir e trabalhar de forma diferente”, opinou Matheus Fraga.

Sugestões aos legisladores
Doutora Sônia sugeriu a revisão dos limites de resíduos de agrotóxicos permitidos na água e nos alimentos; a proibição da pulverização aérea; cobrança de impostos relativos à comercialização dos agrotóxicos, muitas vezes isentos; incentivo à produção de alimentos orgânicos para humanos; e a proteção dos mananciais.

“Principalmente banir os banidos, para a gente deixar de ser a lixeira do mundo, porque se a gente tivesse dignidade, quando um produto for proibido em algum lugar, deveríamos proibir também”, opinou Sônia Hess.

Deliberações
O deputado Marquito (Psol), presidente da Comissão de Turismo e Meio Ambiente da Alesc, participou da abertura e destacou a importância do tema. A presidente da Cidasc, Celles Regina de Matos, também esteve presente. Ela destacou o trabalho da companhia no controle de resíduos nos alimentos e na orientação dos produtores rurais. “Consideramos essa pauta muito importante”, afirmou.

Durante a plenária, os membros do fórum deliberaram sobre a realização de um encontro ampliado, a ser realizado em março do ano que vem, na Alesc, além reforçarem o posicionamento do fórum contra o projeto de lei aprovado no Senado Federal, conhecido como PL dos Agrotóxicos, que modifica as regras de aprovação e comercialização desses produtos, seguindo orientação do fórum nacional. A preocupação com o uso de drones para a pulverização de lavouras também foi abordado durante a plenária.

Vitor Santos
AGÊNCIA AL

Voltar