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Currículo funcional para pessoas com deficiência é tema de seminário
A Aplicação do Currículo Funcional Natural no atendimento às pessoas com deficiência intelectual e múltipla foi tema do seminário que iniciou no dia 31 de julho e foi encerrado na terça-feira (1º), em Santo Amaro da Imperatriz. O evento reuniu aproximadamente 400 profissionais da Grande Florianópolis que atuam nas Instituições Especializadas de Educação Especial (Apaes), nos Atendimentos Educacional Especializado (AEE), e autoridades envolvidas com os direitos da pessoa com deficiência na esfera municipal e estadual.
Promovido pela Assembleia Legislativa, por intermédio da Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência, que é presidida pelo deputado José Nei Ascari (PSD), o seminário contou com apoio da Escola do Legislativo e Conselho das Apaes da Grande Florianópolis.
Ascari destacou as parcerias que são realizadas pela Comissão da Pessoa com Deficiência da Assembleia para realização de eventos, onde são discutidas políticas públicas para melhorar a qualidade de vida das pessoas com deficiência. Segundo o deputado, outra importante conquista para o movimento apaeano foi a aprovação da Lei 17.172/2017, que trouxe um reajuste de quase 44% nos valores recebidos pelas Apaes e proporcionou estabilidade e eficiência no atendimento aos alunos com deficiência.
Presente na abertura do seminário, o prefeito de Santo Amaro da Imperatriz, Edésio Justen, destacou que “eventos como este abordam políticas públicas e levam o conhecimento para os diversos níveis da nossa sociedade”.
O Currículo Funcional Natural é uma proposta de ensino que visa à melhoria da qualidade de vida diária dos educandos e importante para torná-los mais independentes, produtivos, felizes e competentes, em diversos contextos da vida em comunidade, destacou o presidente da Federação das Apaes de Santa Catarina (Feapaes), Júlio César de Aguiar, que concluiu agradecendo a parceria da Alesc, por meio da comissão e da Escola do Legislativo.
O deputado José Nei Ascari (PSD) foi homenageado pelo Conselho das Apaes da Grande Florianópolis com uma placa entregue pela conselheira Rita de Cássia Muller Rosa, que afirmou que todos os profissionais estão abertos para mudanças significativas que venham valorizar as aptidões das pessoas com deficiência.
Durante os dois dias do seminário foram abordados temas como os conceitos que fundamentam a aplicação de Currículo Funcional e Natural; o ensino e a avaliação como eixos centrais para o êxito na aplicação do Currículo Funcional Natural; a importância de um trabalho sistematizado com as famílias na aplicação do Currículo Funcional Natural; plano individual de trabalho; planejamento de atividades fundamentadas na abordagem do Currículo Funcional Natural a serem desenvolvidas durante o segundo semestre de 2017.
O Currículo Funcional Natural é uma proposta metodológica que começou no final da década de 1960, quando diferentes pesquisadores estavam interessados, na Europa e EUA, em pensar uma forma de ensino para pessoas com deficiência que desse a elas maior autonomia. Um dos componentes mais importantes dessa abordagem é a sua filosofia: tratar a pessoa com deficiência como qualquer outra pessoa. Essa é prerrogativa primordial dessa proposta de trabalho: focar na pessoa e não na deficiência. Os objetivos desse currículo é preparar para a vida: promover a autonomia; dar as pessoas com deficiência condições de serem produtivas e estarem incluídas em sociedade.
Para que a inclusão ocorra, portanto, é preciso mais do que a aprovação de leis. Deve-se rever as políticas públicas atuais de modo a garantir aos educadores os conhecimentos, o tempo e a formação necessária para que os alunos não só sejam matriculados, mas também tenham garantido seu direito de aprender. “Uma escola para todos e para cada um” é um grande desafio da inclusão.
Patrícia Osika, coordenadora pedagógica da Feapaes e diretora técnica da Apae de Blumenau, destacou que o papel do professor é estabelecer as metas funcionais, buscar situações naturais e reais para ensinar. Assim, é fundamental o professor ouvir e trabalhar em parceria com as famílias. "Temos que ter metas e objetivos definidos e o mais importante ter compromisso em atingir essas metas. Neste sentido, o professor passa a ser peça fundamental nos avanços dos alunos", ressaltou Osika.
Saiba mais
O currículo escolar, muitas vezes, não atende as necessidades dos alunos que apresentam necessidades educativas especiais pois não são currículos funcionais. Um currículo funcional, muitas vezes chamado de currículo funcional ecológico, pode ser definido como um meio que favorece a cada aluno o desenvolvimento de oportunidades para uma vida independente, com dignidade e baseado no ambiente natural do aluno.
Ele visa identificar e desenvolver habilidades visando aumentar as possibilidades da pessoa para participar na vida cotidiana seja na escola, no trabalho, nas atividades recreativas e na sociedade como um todo.
Ele deve ser apropriado a idade cronológica do aluno e ter como referência a sua realidade social e um futuro orientado. Sua filosofia está em proporcionar a todos os alunos, e não somente aos que apresentam necessidades educativas especiais, o desenvolvimento de habilidades que podem beneficiá-los agora e no futuro e a interação, deste aluno, com colegas da mesma idade cronológica.
Desta forma, ele é centrado nas necessidades atuais e futuras do aluno e, as suas potencialidades e necessidades são avaliadas em termos de uma “análise discrepante”, ou seja, a comparação é feita entre as habilidades listadas no processo de execução das tarefas e a performance do indivíduo nestas habilidades.
As adaptações são realizadas a fim de promover e aumentar a participação das pessoas om deficiência em todas as atividades. As instruções, tarefas e materiais são escolhidos de acordo com a idade cronológica e considerando o ambiente escolar, familiar e social em que este indivíduo está inserido.
Um currículo funcional engloba atividades de vida diária, trabalho/vocacional, recreação/lazer, atividades da comunidade e educação escolar regular. Sua criação usa informações obtidas do estudante e da família. O objetivo é criar um currículo altamente individualizado onde a pessoa seja capaz de transferir e generalizar o aprendizado de uma situação para outra em uma sequência natural.
O conteúdo do currículo não é pré-determinado pois ele preza uma instrução individualizada que leva em conta as diferentes performances, do indivíduo, em várias atividades diferenciadas. As atividades são desenvolvidas em sequências integradas respeitando os níveis de dificuldades e dá ênfase a um ensino relevante e funcional. Ele visa desenvolver atividade funcionais, que neste caso, são definidas como aquelas que envolvem habilidades utilizadas imediatamente pelos alunos após a aprendizagem e são uteis para o dia a dia do indivíduo.
Pelas suas características, este tipo de currículo leva mais tempo para ser elaborado, requer uma programação complexa, disponibilidade do envolvidos e escolha de habilidades que frequentemente aconteçam no ambiente natural, ou seja, que aconteçam em casa, na escola, no lazer e no trabalho.
Fonte: http://atividadeparaeducacaoespecial.com/inclusao-curriculo-funcional-para-alunos-que-apresentam-necessidades-educativas-especiais/
