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01/04/2014 - 12h27min

CRP-12 promove evento para “descomemorar” o golpe de 1964

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Seminário foi realizado na Asssembleia Legislativa. FOTO: Lucas Gabriel Diniz/Agência AL

A Comissão de Direitos Humanos do Conselho Regional de Psicologia de Santa Catarina - 12ª Região (CRP-12) realizou, na noite de segunda-feira (31), o seminário “Processos Ditatoriais e Subjetividades”, com o objetivo de marcar os 50 anos do golpe civil-militar de 31 de março de 1964. Durante o evento, a entidade lançou o livro “A Verdade é Revolucionária: Testemunhos e Memórias de Psicólogas e Psicólogos sobre a Ditatura Civil-Militar (1964-1985)”, que reúne relatos dos profissionais que vivenciaram ou conviveram com pessoas que passaram pelo período de repressão no país.

O seminário foi realizado no Plenarinho Deputado Paulo Stuart Wright, na Assembleia Legislativa, na presença de profissionais da psicologia, estudantes e pessoas envolvidas com a apuração das violações dos direitos humanos durante o regime militar. Além de refletir sobre o golpe de 64, o evento tratou da contribuição da psicologia no esclarecimento dos crimes ocorridos durante esse período.

“Nosso objetivo principal é fazer um evento em ‘descomemoração’ aos 50 anos do golpe civil-militar”, afirmou Jaira Rodrigues, presidente do CRP-12. “Nós também queremos refletir com a categoria sobre a questão da violência cometida pelo Estado e como ela ainda se repete nos dias de hoje, mesmo com o fim da ditatura”.

O papel da psicologia
Um dos destaques do seminário foi o lançamento do livro “A Verdade é Revolucionária”, editado pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP) com apoio dos conselhos regionais de todo o país. Segundo a conselheira Ana Luiza de Souza Castro, uma das responsáveis pela publicação, a obra, de 700 páginas, traz histórias reais de profissionais da psicologia e estudantes que foram vítimas diretas ou indiretas de tortura ou perseguição durante o regime militar, além dos relatos de familiares de desaparecidos políticos.

“Esse livro é uma colaboração da psicologia para que esse momento tão duro do país seja colocado à mostra, de forma definitiva. A psicologia tem essa obrigação, de ajudar no esclarecimento dessas verdades”, explica Ana Luiza. A obra completa pode ser consultada aqui.

O representante da Comissão Nacional da Verdade no evento, Roberto Meza Niella, também destacou o papel da psicologia no trabalho desenvolvido pela comissão criada pelo governo federal e replicada em vários estados para investigar os crimes cometidos durante a ditadura. “O trabalho do psicólogo é fundamental no acompanhamento na investigação dos casos de tortura, principalmente no caso das pessoas que ainda estão vivas e foram vítimas de violência”, disse.

Clínica do Testemunho
Outro assunto abordado durante o seminário foi o projeto Clínica do Testemunho, desenvolvido em quatro estados (São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Pernambuco). De acordo com Janne Calhau, o projeto consiste num conjunto de atividades voltadas para o atendimento de ex-militantes ou de familiares daqueles que morreram ou desapareceram durante a ditadura.

“Trata-se do acolhimento dessas pessoas, por parte do Estado, uma vez elas foram vítimas de crimes cometidos pelo Estado”, disse. Além da assistência psicológica e da pesquisa sobre o assunto, o projeto tem como objetivo elaborar políticas públicas para a prevenção e o combate da violência cometida pelo Estado.

Marcelo Espinoza
Agência AL

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