Críticas a secretário, crimes hediondos e ataques anônimos pautam sessão
Críticas às manifestações do secretário de Estado da Saúde, Aldo Baptista Neto, à violência contra a mulher, crianças e idosos, e ataques anônimos a deputados dominaram os pronunciamentos dos parlamentares na sessão desta quarta-feira (27) na Assembleia Legislativa.
O deputado Ivan Naatz (PL) disse que o governo, por meio do secretário, culpou a própria população pela morte de crianças. “A culpa seria por ausência de vacinas”. O parlamentar disse que não se admira do secretário culpar os pais e do fato de a mídia ter engolido a história, sem fazer nenhum contraditório.
Para o parlamentar, a imprensa tem o papel de divulgar com liberdade, mas tem que informar com inteligência. “As crianças não morreram por falta de vacinas, já que não teriam idade para serem vacinadas. Não há essa relação.” Naatz diz que se o avião-ambulância tivesse sido utilizado para transportar a criança talvez ela pudesse estar viva.
Disse ainda que desde março já havia alertas de que faltaria UTI devido à possibilidade de surto de gripe no estado e que o próprio Conselho Regional de Medicina tinha informado dessa possibilidade. “O governo cometeu um erro em desativar os leitos de UTI no estado.” Afirmou ainda que o Executivo teria R$ 3 bilhões para investimentos em saúde e reiterou que não é verdade que foram desativados leitos por falta de repasses do governo federal. “O governo estadual arrecadou R$ 14 bi, gastou R$ 11 bi e tem um saldo de R$ 3 bi que poderiam ser utilizados para manter os leitos de UTI. Sobra dinheiro.”
Licença por 60 dias
Ivan Naatz informou na tribuna que vai se licenciar do cargo por 60 dias, para tratar de assuntos particulares e, que em seu lugar, a partir de 1º de agosto estará assumindo a suplência o empresário de Quilombo, Jaksom Castelli (União), que é suplente dele via coligação que o elegeu em 2018 (DEM, PV, PRP e PPL). “Desejo sorte ao Jakson Castelli, que ele possa aproveitar o período como o fiz na gestão passada e possa representar o Extremo Oeste catarinense. Estamos terminando os quatro anos de mandato certos do dever cumprido, convicto que o trabalho foi feito com qualidade.”
Crime hediondo
O deputado Kennedy Nunes (PTB) apresentou notícias de crimes contra menores, mulheres e idosos no estado, que em sua opinião, devido a atual legislação, podem acarretar na prisão dos culpados, mas que logo em seguida estarão livres devido ao sistema progressivo das penas. “É necessário mudar a legislação, precisamos colocar este tipo de crime contra a mulher, crianças e idosos como crime hediondo, já que não há no país a pena de morte ou perpétua.”
O parlamentar disse que recebeu informação de que a polícia está investigando um pai que engravidou as duas filhas e agora estaria atacando as filhas-netas. “As imagens que vi no celular deste homem me revoltam, minha vontade era de pegar esse vagabundo e, pior, daqui a pouco ele estará preso e logo em seguida em liberdade. Não dá para aceitar. Precisamos mudar a legislação, é uma questão de honra, só assim podemos mudar o que está acontecendo.”
O deputado Felipe Estevão (União) manifestou apoio. “Há tempos venho observando a impunidade. É uma pauta importante. O médico anestesista Giovanni Quintella Bezerra é réu primário, médico, tem uma banca de advogado e daqui a pouco estará de volta.”
Imprensa e o anonimato
O deputado Bruno Souza (Novo) ocupou a tribuna para criticar o comportamento de boa parte da imprensa catarinense, que em sua opinião não teria agido corretamente ao não investigar as denúncias feitas por ele e pelo deputado Jessé Lopes (PL), na semana passada, do uso do avião- ambulância. “Estou de luto por essa boa parte da imprensa, que deixou morrer o jornalismo investigativo em Santa Catarina. Não verificaram os fatos, não entrevistaram a equipe médica, não verificaram a documentação e saíram correndo para adotar a versão do governo.” Ele parabenizou os jornalistas que não aceitaram a versão oficial.
Ele também manifestou repúdio aos ataques que estaria sofrendo pelas redes sociais, que de madrugada estariam enviando mensagens anônimas atacando seu gabinete e sua pessoa. “São covardes, que agem nas sombras, de madrugada e não conseguem me enfrentar. Tenho credibilidade e não são esses ataques que irão me prejudicar.”
Colegas manifestaram solidariedade ao parlamentar. “Deputado Bruno, fique tranquilo. Sei que é pesado, transmita a minha solidariedade ao seu gabinete, temos que ter couro grosso, este tipo de gente a natureza cuida”, destacou o deputado Sargento Lima (PL).
Sessão Azul
O deputado Pepê Collaço (PP) informou aos demais parlamentares que protocolou na Assembleia Legislativa um projeto de lei que obriga os cinemas em Santa Catarina, uma vez por mês, a apresentarem uma sessão especial voltada às pessoas com autismo. Disse que em vários estados a lei já existe e que em municípios, como em Capivari de Baixo, no Sul do estado, já foi adotada e é um sucesso. Relatou que não haverá custos para os proprietários dos cinemas e que é necessário somente algumas adaptações para atender esse público.
Rodovia dos Mineiros
O deputado Felipe Estevão cobrou do governo informações sobre o anúncio feito pela Secretaria de Infraestrutura de que seria pavimentada a rodovia dos Mineiros, que liga os municípios de Urussanga e Lauro Müller, que até agora não saiu do papel. Afirmou que no ano passado ocorreu uma reunião na comunidade Rio Carvão, em Urussanga, onde foi prometida a obra e informado de que ele não teria influência nenhuma em sua realização. “Há muito tempo venho lutando por essa obra, mas como prometeram a obra, disse que iria ficar em silêncio e acompanhar. Agora é hora de cobrar. Fizeram promessas e até agora nada. Não se brinca com a população.”